quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Mensagem ao Papa ainda desconhecido

Brasão da Santa Sé que vigora no período em que a Sé de Pedro está Vacante [Imagem do site do Vaticano].
Neste período em que a Sé de Pedro encontra-se vacante, devido à renuncia de Bento XVI, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira esta promovendo uma campanha de divulgação de uma "Reverente e Filial Mensagem" dirigida ao próximo Papa. 

Em tal mensagem se manifesta o que um católico fiel espera do novo Pontificado para enfrentar a terrível crise pela qual atravessa a Igreja e o Mundo em nossos dias. 

Como consta no referido site, a mensagem: "Será sua participação efetiva na luta da Igreja em defesa dos 'valores não negociáveis' atacados por pessoas e movimentos que propagam o aborto, a eutanásia e a união de pessoas do mesmo sexo". 

Logo no início, ela explica a razão de ser: “Antes mesmo que se saiba quem será escolhido como novo Sucessor de São Pedro, queremos dirigir a ele uma súplica”. 

Para ler e assinar a "Reverente e Filial Mensagem", recomendo aos leitores acessarem o site do Instituto, basta um click no seguinte link ou na imagem abaixo: 


Sou Católico Apostólico Romano

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O Espírito Santo e o Conclave

O Conclave se realiza na Capela Sistina. Situada no Palácio Apostólico, residência oficial do Papa na Cidade do Vaticano, ela tem seu nome em homenagem ao Papa Sisto IV, que restaurou a antiga Capela Magna, entre 1477 e 1480.
 ·        Hélio Dias Viana (*)

Em face da inusitada abdicação de Bento XVI, estamos na iminência de um conclave para eleger o novo Papa.

É corrente e inteiramente conforme com a verdade admitir a ação do Divino Espírito Santo nessa ocasião.

Mas cumpre esclarecer que, contrariamente ao que muitos pensam, o Espírito Santo não age sozinho.

A escolha será feita por homens — no caso, por cardeais, livres para corresponder ou não às inspirações do Paráclito —, de tal forma que, ao sair o novo Papa, não se pode pura e simplesmente dizer que foi o Espírito Santo que o escolheu.

Quantas vezes o Espírito Santo se tem deixado “derrotar” por injunções políticas dos homens, para castigo destes!

Aliás, o vaticanista norte-americano John Allen reproduz as seguintes palavras de Bento XVI, quando perguntado sobre o papel do Espírito Santo na eleição dos Papas:

“Eu não diria, no sentido de que o Espírito Santo escolhe o Papa. [...] Eu diria que o Espírito Santo não assume propriamente controle da questão, mas que, como bom educador que é, nos deixa muito espaço, muita liberdade, sem nos abandonar inteiramente. Portanto, o papel do Espírito Santo deveria ser entendido num sentido muito mais elástico, não de que Ele dite o candidato no qual devemos votar...”.
*     *     * 
Foi pensando em tudo isso que me veio à mente a enorme expectativa criada pelo lulo-petismo em torno do anterior conclave que elegeu Papa o então Cardeal Ratzinger, em 2005.

O PT esperava ver alçado à direção suprema da Igreja um cardeal brasileiro que simpatizasse com sua causa, pois, diziam seus líderes, para a vitória definitiva do socialismo no Brasil e na América Latina, só precisavam de um Papa que os apoiasse. E Dom Cláudio Hummes, Arcebispo de São Paulo, estava então no centro da preferência dos petistas.

Essa expectativa, como se vê, não se realizou. E, apesar de aparelhado nestes últimos dez anos, o governo petista continua desnorteado, pois não conta com o apoio da opinião pública majoritariamente católica. E seu malogro nas últimas eleições municipais só não foi maior, porque obteve nos meios eclesiásticos de São Paulo, alguém que foi decisivo para a vitória do marxista Fernando Haddad.

Mas pode-se perguntar: se a expectativa petista para o conclave de 2005 tivesse se verificado, a escolha teria sido inspirada pelo Espírito Santo?
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(*) Hélio Dias Viana é colaborador da Agência Boa Imprensa (ABIM)

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Considerações sobre o ato de renúncia de Bento XVI

Raio atinge a cúpula da Basílica de São Pedro poucas horas após a renúncia de Bento XVI.  Foto Alessandro di Meo/AFP
Roberto de Mattei (*)

Em 11 de fevereiro, dia da Festa de Nossa Senhora de Lourdes, o Santo Padre Bento XVI comunicou ao Consistório de cardeais e a todo o mundo sua decisão de renunciar ao Pontificado.

O anúncio foi acolhido pelos cardeais, “quase inteiramente incrédulos”, “com a sensação de perda”, “como um raio em céu sereno”, segundo as palavras dirigidas em seguida ao Papa pelo cardeal decano Angelo Sodano.

Se foi tão grande a perda dos cardeais, pode-se imaginar quão forte tem sido nesses dias a desorientação dos fieis, sobretudo daqueles que sempre viram em Bento XVI um ponto de referência e agora se sentem de algum modo "órfãos", senão mesmo abandonados, em face das graves dificuldades que enfrenta a Igreja no momento presente.

No entanto, a possibilidade da renúncia de um Papa ao sólio pontifício não é de todo inesperada. O presidente da Conferência Episcopal da Alemanha, Karl Lehmann, e o primaz da Bélgica, Godfried Danneels, haviam apresentado a ideia da “renúncia” de João Paulo II, quando a sua saúde havia se deteriorado.

O cardeal Ratzinger, no seu livro-entrevista Luz do Mundo, de 2010, disse ao jornalista alemão Peter Seewald que se um Papa se dá conta de que não é mais capaz, “fisicamente, psicologicamente e espiritualmente, de cumprir os deveres de seu ofício, então ele tem o direito e, em certas circunstâncias, também a obrigação, de renunciar”.

Ainda em 2010, cinquenta teólogos espanhóis haviam manifestado sua adesão à Carta Aberta do teólogo suíço Hans Küng aos bispos de todo o mundo, com estas palavras: “Acreditamos que o pontificado de Bento XVI pode ter-se exaurido. O Papa não tem a idade nem a mentalidade para responder adequadamente aos graves e urgentes problemas com os quais a Igreja Católica se defronta. Pensamos, portanto, com o devido respeito por sua pessoa, que deve apresentar sua demissão do cargo.”

E quando, entre 2011 e 2012, alguns jornalistas como Giuliano Ferrara e Antonio Socci escreveram sobre a possível renúncia do Papa, esta hipótese havia suscitado entre os leitores mais desaprovação que assentimento.

Não existe dúvida sobre o direito de um Papa de renunciar. O novo Código de Direito Canônico prevê a possibilidade de renúncia do Papa no cânon 332, parágrafo segundo, com estas palavras: “Se acontecer que o Romano Pontífice renuncie a seu múnus, para a validade se requer que a renúncia seja livremente feita e devidamente manifestada, mas não que seja aceita por alguém”.

Nos artigos 1 º e 3 º da Constituição Apostólica Universi Dominicis Gregis, de 1996, sobre a vacância da Santa Sé, é prevista ademais a possibilidade de que a vacância da Sé Apostólica seja determinada não só pela morte do Papa, mas também por sua renúncia válida.

Na História não são muitos os episódios documentados de abdicação. O caso mais conhecido continua sendo o de São Celestino V, o monge Pietro da Morrone, que foi eleito na Perugia em 5 de julho de 1294 e coroado em L'Aquila em 29 de agosto seguinte.

Após um reinado de apenas cinco meses, ele julgou oportuno renunciar, por não se sentir à altura do cargo que assumira. Em seguida, preparou a sua abdicação, consultando primeiramente os cardeais e promulgando uma Constituição com a qual confirmava a validade das regras já estabelecidas pelo Papa Gregório X para a realização do próximo Conclave.

Em 13 de dezembro, em Nápoles, pronunciou sua abdicação diante do Colégio dos Cardeais, despojou-se da insígnia papal e das roupas, e tomou o hábito de eremita. Em 24 de dezembro de 1294, por sua vez, foi eleito Papa Benedetto Caetani com o nome de Bonifácio VIII.

Outro caso de renúncia papal – o último registrado até hoje – ocorreu no decurso do Concílio de Constança (1414-1418). Gregório XII (1406-1415), Papa legítimo, a fim de recompor o Grande Cisma do Ocidente (1378-1417), enviou a Constança o seu plenipotenciário Carlo Malatesta, para dar a conhecer sua intenção de retirar-se do ofício papal; as demissões foram oficialmente acolhidas pela assembleia sinodal em 4 de julho de 1415, que ao mesmo tempo depôs o antipapa Bento XIII.

Gregório XII foi reintegrado ao Sacro Colégio com o título de cardeal-bispo do Porto (diocese suburbicária de Roma) e com o primeiro posto após o Papa. Abandonando o nome e o hábito pontifício e retomando o nome de cardeal Angelo Correr, ele se retirou como legado papal na província italiana Le Marche e morreu em Recanati em 18 de outubro 1417.

Portanto, o caso de renúncia em si não escandaliza: está contemplado no Direito Canônico e verificou-se historicamente ao longo dos séculos. Note-se, no entanto, que o Papa pode renunciar, e por vezes tem historicamente renunciado ao Pontificado, enquanto este é considerado um “cargo jurisdicional da Igreja”, não indelevelmente ligado à pessoa que o ocupa.

A hierarquia apostólica exerce de fato dois poderes misteriosamente unidos na mesma pessoa: o poder da ordem e o poder de jurisdição (ver, por exemplo, São Tomás de Aquino, Summa Theologica, II-IIae, q 39, a 3, resp., III, q 6-2).

Ambos poderes são direcionados a realizar os objetivos peculiares da Igreja, mas cada qual com características próprias, que o distinguem profundamente do outro: a potestas ordinis é o poder de distribuir os meios da graça divina e refere-se à administração dos sacramentos e ao exercício do culto oficial; a potestas iurisdictionis é o poder de governar a instituição eclesiástica e os simples fiéis.

O poder de ordem distingue-se do poder de jurisdição não só pela diversidade de natureza e de objeto, mas também pelo modo como o poder de ordem é conferido, uma vez que tem como propriedade ser dado com a consagração, isto é, por meio de um sacramento e com a impressão de um caráter sagrado. A posse da potestas ordinis é absolutamente indelével, porquanto seus graus não são ofícios temporários, mas imprimem caráter a quem é concedido.

De acordo com o Código de Direito Canônico, uma vez que um batizado se torna diácono, sacerdote ou bispo, é para sempre e nenhuma autoridade humana pode excluir essa condição ontológica. Pelo contrário, o poder de jurisdição não é indelével, mas temporário e revogável; suas atribuições, exercidas por pessoas físicas, cessam com o término do mandato.

Outra característica importante do poder da ordem é a não territorialidade, pois os graus da hierarquia da ordem são absolutamente independentes de qualquer circunscrição territorial, pelo menos no que respeita à validade do exercício. 

As atribuições do poder de jurisdição, ao contrário, são sempre limitadas no espaço e têm no território um de seus elementos constitutivos, exceto o do Sumo Pontífice, que não está sujeito a qualquer limitação de espaço.

Na Igreja, o poder de jurisdição pertence, jure divino, ao Papa e aos Bispos. A plenitude deste poder, no entanto, reside apenas no Papa que, como fundamento, sustenta todo o edifício eclesiástico. Nele se encontra todo o poder pastoral, e na Igreja não se pode conceber outro independente.

A teologia progressista, pelo contrário, sustenta, em nome do Vaticano II, uma reforma da Igreja num sentido sacramental e carismático que opõe o poder da ordem ao poder de jurisdição, a igreja da caridade à do direito, a estrutura episcopal à monárquica.

O Papa, reduzido a primus inter pares no interior do colégio dos bispos, exerceria apenas uma função ético-profética, um primado de “honra” ou de “amor”, mas não de governo e jurisdição.

Nesta perspectiva, Hans Küng e outros invocaram a hipótese de um Pontificado “temporário”, e não vitalício, como uma forma de governo exigida pela celeridade das mudanças do mundo moderno e da novidade contínua de seus problemas. “Não podemos ter um Pontífice de 80 anos que já não está totalmente presente do ponto de vista físico e mental”, disse à emissora Südwestundfunk Küng, que vê na limitação do mandato do Papa um passo necessário para a reforma radical da Igreja.

O Papa seria reduzido a presidente de um Conselho de administração, a uma figura meramente de arbitragem, ao lado de uma estrutura eclesiástica "aberta", qual sínodo permanente, com poder de decisão.

No entanto, caso se acredite que a essência do Papado está no poder sacramental da ordem e não no poder supremo de jurisdição, o Pontífice jamais poderia renunciar; se o fizesse perderia com a renúncia apenas o exercício do poder supremo, mas não o poder em si, que é indelével como a ordenação sacramental da qual deflui.

Quem admite a hipótese da renúncia deve admitir com isso que a summa potestas do Papa deriva da jurisdição que exerce, e não do sacramento que recebe. A teologia progressista está, portanto, em contradição consigo mesma quando procura fundamentar o Papado sobre sua natureza sacramental e depois reivindica a renúncia de um papa, a qual por sua vez só pode ser admitida se sua posição se seu múnus se basear sobre o poder de jurisdição.

Pela mesma razão não pode haver, após a renúncia de Bento XVI, “dois papas”, um no cargo e outro “aposentado”, como tem sido impropriamente dito. Bento XVI voltará a ser Sua Eminência o Cardeal Ratzinger e não poderá exercer prerrogativas, como a da infalibilidade, que são intimamente ligadas ao poder de jurisdição pontifício.

O Papa, portanto, pode renunciar. Mas é oportuno que o faça? Um autor, por certo não "tradicionalista", Enzo Bianchi, escreveu em “La Stampa” de 1º de julho de 2002:

"Segundo a grande tradição da Igreja do Oriente e do Ocidente, nenhum papa, nenhum patriarca, nenhum bispo deveria renunciar apenas por ter atingido o limite de idade. É verdade que há cerca de trinta anos na Igreja Católica existe uma disposição que convida os bispos a oferecer as próprias renúncias ao Papa ao atingirem 75 anos, e é verdade que todos os bispos recebem com obediência esse convite e apresentam a renúncia, como também é verdade que normalmente elas são aceitas e as renúncias acolhidas. Mas esta é uma regra e uma prática recente, fixada por Paulo VI e confirmada por João Paulo II: nada exclui que no futuro possa ser revista, depois de pesados as vantagens e os problemas que ela tem produzido nas últimas décadas de aplicação.” 

A norma pela qual os bispos renunciam a sua diocese a partir dos 75 anos é uma fase recente na história da Igreja que parece contradizer as palavras de São Paulo, para quem o Pastor é nomeado ad convivendum et commoriendum (2 Cor 7, 3), para viver e morrer junto a seu rebanho. A vocação de um Pastor, como a de todos os batizados, vincula de fato não somente até uma certa idade e a uma boa saúde, mas até a morte.

Sob este aspecto, a renúncia de Bento XVI ao Pontificado aparece como um ato legítimo do ponto de vista teológico e canônico, mas, no plano histórico, em absoluta descontinuidade com a tradição e a prática da Igreja. 

Do ponto de vista do que poderiam ser as suas consequências, trata-se de um ato não simplesmente “inovador”, mas radicalmente “revolucionário”, como o definiu Eugenio Scalfari em “La Repubblica” de 12 de fevereiro.

A imagem da instituição pontifícia, aos olhos da opinião pública de todo o mundo, fica de fato despojada de sua sacralidade para ser entregue aos critérios de julgamento da modernidade.

Não por acaso, no “Corriere della Sera” do mesmo dia, Massimo Franco fala do "sintoma extremo, final, irrevogável, da crise de um sistema de governo e de uma forma de papado”. 

Não se pode fazer uma comparação, nem com Celestino V, que renunciou após ter sido arrancado à força de sua cela eremítica, nem com Gregório XII, quem por sua vez foi forçado a renunciar para resolver a gravíssima questão do Grande Cisma do Ocidente. 

Tratava-se de casos excepcionais. Mas qual é a exceção no gesto de Bento XVI? A razão, oficial, esculpida nas suas palavras pronunciadas em 11 de fevereiro, mais do que a exceção exprime a normalidade:

“No mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande importância para a vida da fé, para governar o barco de Pedro e anunciar o Evangelho, é também necessário o vigor, seja do corpo, seja da alma, vigor que, nos últimos meses, diminuiu em mim de modo tal, que devo reconhecer a minha incapacidade".

Não nos defrontamos com uma deficiência grave, como foi o caso de João Paulo II no final de seu pontificado.

As faculdades intelectuais de Bento XVI estão plenamente íntegras, como ele demonstrou numa de suas últimas últimos e mais significativas meditações para o Seminário Romano, e sua saúde é “geralmente boa”, como afirmou o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, segundo o qual, entretanto, o Papa alertou nos últimos tempos para “o desequilíbrio entre as tarefas, entre os problemas a serem resolvidos e as forças das quais sente não dispor”.

No entanto, desde o momento da eleição, cada pontífice experimenta um compreensível sentimento de inadequação, percebendo a desproporção entre suas capacidades pessoais e o peso da tarefa para a qual ele é chamado.

Quem pode afirmar-se capaz de suportar com suas próprias forças o munus de Vigário de Cristo? 

Mas o Espírito Santo assiste o Papa não somente no momento da eleição, senão também até a sua morte, em cada momento, mesmo nos mais difíceis, de seu pontificado. Hoje, o Espírito Santo é frequentemente invocado de forma inadequada, como quando se pretende que Ele inspira cada ato e cada palavra de um Papa ou de um Concílio.

Nestes dias, no entanto, Ele é o grande ausente dos comentários da mídia, que avaliam o gesto de Bento XVI de acordo com um critério puramente humano, como se a Igreja fosse uma multinacional guiada em termos de pura eficiência, prescindindo de qualquer influxo sobrenatural.

Mas a questão é: em dois mil anos de história, quanto foram os Papas que reinaram com boa saúde, que não experimentaram o declínio da força nem sofreram com doenças e provas morais de todo gênero? O bem-estar físico nunca foi um critério de governo da Igreja. Sê-lo-á a partir de Bento XVI?

Um católico não pode deixar de se colocar estas perguntas, e se não o fizer elas serão colocadas pelos fatos, como no próximo conclave, quando a escolha do sucessor de Bento será inevitavelmente orientada para um cardeal jovem, na plenitude de suas forças, para que possa ser considerado adequado para a grave missão que o espera.

A menos que o cerne do problema não esteja naquelas “questões de grande relevância para a vida da fé” às quais se referiu ao Pontífice, e que poderiam aludir à situação de ingovernabilidade em que parece encontrar-se hoje a Igreja.

Seria pouco prudente, sob este aspecto, considerar já “fechado” o pontificado de Bento XVI, dedicando-se a balanços prematuros antes de aguardar o prazo fatal anunciado por ele: a noite de 28 de fevereiro de 2013, uma data que ficará gravada na história da Igreja.

Depois dessa data, Bento XVI ainda poderá ser protagonista de cenários novos e inesperados. De fato, o Papa anunciou sua demissão, mas não seu silêncio; e sua escolha restitui-lhe uma liberdade da qual talvez se sentisse privado.

O que dirá e fará Bento XVI, ou o cardeal Ratzinger, nos próximos dias, semanas e meses? E, sobretudo, quem guiará, e de que maneira, a barca de Pedro nas novas tempestades que inevitavelmente o esperam?

[Fonte: Corrispondenza Romana, 12-02-13]
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(*) Historiador e jornalista italiano Roberto de Mattei, nascido em 1948, é um dos mais destacados líderes católicos contemporâneos. É professor de História da Igreja e do Cristianismo na Universidade Europeia de Roma, na qual é o coordenador da Escola de Ciências Históricas. Entre 2004 e 2011 foi por duas vezes vice-presidente do principal organismo estatal italiano de apoio às ciências, o Conselho Nacional de Pesquisa. Membro do Conselho de Administração do Instituto Histórico para a Idade Moderna e Contemporânea e da Sociedade Geográfica Italiana, ele colabora com o Comitê Pontifício de Ciências Históricas. Foi agraciado com a insígnia da Ordem da Santa Sé de São Gregório, o Grande, em reconhecimento pelos seus serviços prestados à Igreja.
Em 2010, Roberto de Mattei publicou o livro O Concílio Vaticano II - Uma história nunca escrita, o qual lhe valeu o mais prestigioso prêmio italiano para livros históricos: o Acqui Storia/2011. Recentemente traduzido para o português, e difundido no Brasil pela Petrus Livraria, pode ser adquirido por meio de seu site.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Cigarro seguro?

Pe. David Francisquini (*)

Imagem do vírus da AIDS
Por ocasião do carnaval, mais uma vez o governo brasileiro agiu de modo irresponsável ao fazer grande estardalhaço com a difusão milhões de preservativos, sob pretexto de “sexo seguro”, portanto, sem risco das chamadas DST, entre as quais a famigerada AIDS. A propósito, vi recentemente uma comparação que me pareceu bastante esclarecedora.

Trata-se de uma análise entre a campanha que vem sendo feita em âmbito mundial contra o tabagismo e, de outro lado, a campanha igualmente mundial contra a AIDS. A partir do momento em que autoridades mundiais concluíram que o uso do cigarro é perigoso para a saúde, os governos começaram a adotar todo tipo de medidas, inclusive recorrendo a leis proibitivas.

Para quê? — Para desencorajar aqueles que fumam, é claro! Daí a proibição de se fumar em ambientes fechados e, hoje, até em certos lugares públicos. Nada mais eficaz. Ninguém ouviu falar de uma campanha nacional ou internacional para promover o “cigarro seguro” encorajando o uso de filtros capazes de reduzir o risco de câncer, insuficiência cardíaca e outras enfermidades decorrentes do fumo.

Com efeito, ninguém promove distribuição maciça de filtros para cigarros em escolas, em prisões como vem ocorrendo com os preservativos. Qual seria a razão? — Parece óbvia. Os promotores das campanhas contra o tabagismo são convictos que a abstinência do fumo constitui a maneira mais eficiente e eficaz para evitar as doenças decorrentes do fumo.

Por que então não se procede da mesma maneira em relação a AIDS? — Não. As mesmas autoridades que combatem as doenças provenientes do hábito de fumar insistem paradoxalmente em promover e patrocinar o dito “sexo seguro”. Quantas vezes ouvi o refrão nascido da sabedoria popular “para os mesmos males, os mesmos remédios”... Incoerência e contradição do século XXI?!

O que nossas autoridades deveriam fazer era, no caso da AIDS, advogar a abstinência, incentivar a fidelidade conjugal, desencorajando assim a promiscuidade. Por que não o fazem? — Infelizmente, essas mesmas autoridades rejeitam a castidade a priori, pois defendem uma cultura erótica, sustentam que o prazer sexual é um “direito humano”...

A Igreja Católica ensina que a castidade dentro e fora do casamento está de acordo com a Lei natural e a Revelação cristã e contribui para elevar o padrão moral da sociedade. Além de trazer benefícios para a saúde, ela é o meio mais eficaz para combater a AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis. Mas por preconceito ideológico, a prática da castidade é simplesmente rejeitada.

A propósito, afirma a Congregação para a Doutrina da Fé: “A união carnal, por conseguinte, não é legítima se entre o homem e a mulher não se tiver instaurado, primeiro e de maneira definitiva, uma comunidade de vida [...]. Para que a união sexual possa corresponder verdadeiramente às exigências de sua finalidade própria e da dignidade humana, o amor tem de contar com uma salvaguarda na estabilidade do matrimônio. Tais exigências demandam um contrato conjugal sancionado e garantido pela sociedade”. (Declaração sobre alguns pontos de ética sexual, 1976, Vozes, Petrópolis) Portanto, comete grave pecado todo relacionamento sexual que não seja entre pessoas legitimamente casadas.

A distribuição em massa de preservativos abre as portas para o amor livre, para a licenciosidade dos costumes, desencadeando chagas e desordens sociais em cascatas, verdadeiros tsunamis da moralidade pública e individual bem como da estabilidade social. Com isso se esvaece a ordem e sem ordem não há paz.

Nosso Senhor — e Ele é Deus — asseverou que as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja, que é o seu corpo místico. Nesse sentido, nosso Redentor se encontra junto a nós, enquanto pai amoroso, predisposto a nos compreender, perdoar e até usar de clemência para conosco. Enquanto pastor de almas, tenho alertado a inutilidade de um vigia cego.

Ao escrever essas linhas o faço com o espírito da caridade ensinada pelo próprio Cristo, que se encarnou, padeceu e morreu na Cruz pela salvação de cada um de nós. Pelos méritos dEle temos sede de almas, razão que me leva a estar sempre alerta perante o favorecimento da corrupção, que difundi ou incentiva o pecado que cedo ou tarde conduzirá a ruína da sociedade.

Quem viver, verá!

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(*) Sacerdote da igreja do Imaculado Coração de Maria, Cardoso Moreira - RJ 

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

40ª MARCHA CONTRA O ABORTO — em Washington mais de 500 mil participantes!


Paulo Roberto Campos 
Nem o intenso frio, nem o vento gelado, nem a neve foram flagelos suficientes para impedir que mais de 500 mil norte-americanos participassem, no dia 25 de janeiro, da colossal March for Life em Washington. O entusiasmo dos participantes não se arrefeceu com as baixas temperaturas e eles esperam reverter em pouco tempo a lei assassina, conhecida como “Roe vs. Wade”, que em 1973 — por uma perversa decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos — legalizou o aborto no País.

O leitmotiv do evento neste ano foi “40 Anos = 55 milhões de bebês executados com a prática do aborto”. Entre os vários locutores, causou comoção um menino que afirmou com toda convicção: “Somos a geração que vai abolir a lei do aborto. Este é o nosso dever. E com a ajuda de Deus tudo é possível”. Essa criança quis dar um claro recado ao presidente Obama, que insiste no programa herodiano de promover a matança de inocentes por meio do aborto.
Segundo a “ACIprensa” (26-1-13) o número dos manifestantes, na sua maioria jovens, foi de 650 mil pessoas — bem acima do cálculo oficial de 500 mil. Em qualquer caso, bateu novamente o recorde, superando a impressionante cifra do ano passado, calculada em 350 mil pessoas. Entretanto — como já é habitual — a mídia brasileira abortista fez de conta que não aconteceu nada de grandioso no dia 25 último nas avenidas da capital americana. Não viu nada... Não ouviu nada... Portanto, não falou nada...

A seguir, um vídeo da manifestação e algumas fotos feitas pelo colega Antonio Fragelli, da revista “Cruzade”, que participou da Marcha. “Cruzade” é uma publicação da TFP norte-americana, entidade que continua nos Estados Unidos a obra e a gesta de Plinio Corrêa de Oliveira, fundador da TFP brasileira. Todos os anos essa valorosa entidade atua na March for Life de Washington. Neste ano, além de participar com sua fanfarra, ela conduziu em um andor a imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, que milagrosamente verteu lágrimas em Nova Orleans (EUA) no dia 18 de julho de 1972.
Para os que desejarem mais informações, inclusive para assistir um vídeo da Marcha, click aqui.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Mais um milagre de Lourdes reconhecido oficialmente

O bispo de Casale-Monferrato, na Itália, proclamou o 68º milagre de Lourdes aprovado de modo oficial pela Igreja, dentre os inúmeros que ali ocorrem: “Eu julgo e declaro que a cura de Soror Luigina Traverso, ocorrida em Lourdes no dia 23 de julho de 1965, é milagrosa e deve atribuir-se à intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria, Imaculada Mãe de Deus e nossa Mãe”, afirma o documento. Em 1965, a irmã Luigina (foto dela em Lourdes) não conseguia mais caminhar. Foi então levada a Lourdes e na Bênção dos Doentes, conforme explicou o Dr. de Franciscis, chefe do Bureau médico do santuário, “ela sentiu um intenso calor e bem-estar. Voltando ao quarto, pediu uma bênção ao capelão. O padre intuiu e disse sorrindo que só a abençoaria se ela saísse da cama. Soror Luigina então se pôs de joelhos diante do sacerdote”. Hoje, 47 anos depois, a religiosa ajuda os doentes em Lourdes, conduzindo-os nos carrinhos.
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Agência Boa Imprensa (ABIM)

“Teólogo da Libertação” desvenda segredos da “religião” verde

O sexto da esq. p/a dir.: Leonardo Boff. À esq., agachado como jogador de futebol: Frei Beto
O ex-frei franciscano Leonardo Boff forneceu novos dados sobre a fusão da anacrônica “Teologia da Libertação” com o ambientalismo radical para a formação de uma nova “religião”. No Congresso Continental de Teologia (foto), realizado de 7 a 11 de outubro em São Leopoldo (RS), o ex-frade relembrou a “marca registrada” da “Teologia da Libertação”: “a opção pelos pobres, contra a miséria e a opressão”, no contexto da luta de classes. E acrescentou que “nessa opção é preciso inserir o grande pobre — a Mãe Terra, Pachamama, Gaia, que é o grande pobre oprimido”. Para o ecoteólogo marxista, “a Terra da qual fazemos parte” pode a qualquer hora “nos expulsar como se fôssemos células cancerígenas”. Seria o fim da humanidade. A “Mãe Terra” estaria preparando outro ser para “receber o espírito”, por exemplo, uma lula gigante. Tal ser evoca ídolos pagãos, semelhantes a representações costumeiras do demônio...
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Agência Boa Imprensa (ABIM)

Eslováquia: Parlamento rechaça ‘casamento’ homossexual

O Parlamento da Eslováquia rechaçou, por 129 votos contra 14, um projeto de lei apresentado por partidos de oposição para legalizar as uniões homossexuais. Durante dois dias de intenso debate, os defensores do matrimônio segundo o Direito natural e a Lei de Deus advertiram que dar às uniões do mesmo sexo um status jurídico equivalente ao casamento tradicional significava pôr em risco a sociedade. O projeto de lei afetaria todo o sistema jurídico do país e mudaria a face de uma nação, na qual 62% se professam católicos.
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Agência Boa Imprensa (ABIM)