terça-feira, 29 de abril de 2008

“Espelho meu, espelho meu...”

Hélio Dias Viana


Lula dispõe a seu talante, como todo governante populista, de pesquisas encomendadas, acionadas em determinados momentos para tirá-lo de situações embaraçosas.

Ainda agora elas foram convocadas e, como na fábula do espelho, ele lhes indagou: “Pesquisas minhas, pesquisas minhas, digam-me se porventura presidente há mais popular do que eu?”. E elas, submissas e pressurosas, lhe responderam: “Só Uribe na Colômbia”. O espelho trincou.

Com efeito, as últimas pesquisas o colocaram em situação com a qual Lula certamente sonha, ficando atrás, em âmbito latino-americano, só da popularidade real de que goza Álvaro Uribe na Colômbia: 70% x 84%.

Essas pesquisas são os fundamentos, por assim dizer, do “trono de fumaça” a partir do qual Lula governa o Brasil. Porque, com exceção da economia, que nada tem a ver com o governo e a ideologia do PT, o resto... é obra do PT.

A última situação delicada da qual as pesquisas o resgataram esteve relacionada com a reserva indígena Raposa Serra do Sol e dos oportunos pronunciamentos que a propósito dela emitiu o lúcido e destemido general Heleno Augusto Ribeiro Pereira, comandante militar da Amazônia. E também com a fala não menos oportuna do novo presidente do STF, o ministro Gilmar Mendes, na qual demonstrou preocupação por certos aspectos da conjuntura nacional.

As falas do general, primeiramente em São Paulo, em ato organizado pela FIESP e pela USP, e depois no Rio de Janeiro, no Clube Militar, foram amplamente divulgadas e tiveram grande repercussão nacional. Profundo conhecedor da área, ele acusou o governo federal de estar pondo em grave risco a nossa soberania, ao pretender homologar de modo contínuo aquelas terras, retirando os rizicultores e destinando-as a 18 mil índios. O general Mário Madureira, chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Leste, hipotecou solidariedade ao seu colega, a exemplo de muitos outros militares e civis preocupados com o curso dos acontecimentos no Brasil.

A posse do novo presidente do STF também coincidiu com o “abril vermelho” do MST. Uma
verdadeira burla: enquanto na mais alta corte de Justiça do País três ex-presidentes da República e o Presidente em exercício abrilhantavam a solene cerimônia de investidura, ao lado de 3.600 convidados, pelo Brasil afora as hordas invasores do MST atropelavam, mais uma vez impunemente, as leis das quais aquele Tribunal é o guardião supremo. Foi para essa situação, entre outras, que chamou a atenção o ministro Gilmar Mendes.
“Espelho meu, espelho meu...”

Perto das olimpíadas, cresce repressão na China comunista

Na iminência dos Jogos Olímpicos, o regime de Pequim recrudesceu a repressão aos dissidentes. Para o governo chinês, o evento é uma imensa oportunidade de propaganda comunista. Quem critica a ditadura é enquadrado no crime de “incitação à subversão do poder do Estado” com atos que “violam o espírito olímpico”. Para o diário parisiense “La Croix”, o “ano novo chinês começou mal”, pois ferve a cólera, o descontentamento e a frustração. Segundo o insuspeito diário “Le Monde”, o “enrijecimento repressivo” é executado através de prisões, expropriações e corrupção. A respeito dessas injustiças socialistas, grandes órgãos da imprensa brasileira silenciam, abafam, distraem as atenções, parecendo ter uma inexplicável cumplicidade com o comunismo chinês. (Agência Boa Imprensa)

Valência recupera imagem de Maria Santíssima

A imagem de Nossa Senhora da Seo era levada pelo rei Jaime I, de Aragão, em suas batalhas. Com ela, em 1238, libertou a grande cidade de Valência do jugo muçulmano. Porém, a imagem foi destruída pelos comunistas em 1936. O que os muçulmanos não conseguiram, fizeram-no os marxistas. Mas agora será produzida uma réplica da imagem na própria Valência. A original era uma pintura bizantina “elegante e sóbria da Virgem Maria, carregando o Menino Jesus no braço esquerdo e apontando para Ele com o direito, simbolizando que Ele é o caminho”. Há um crescente retorno de interesse no mundo por tudo o que diz respeito à tradição católica. É uma espécie de revide contra o que foi feito historicamente contra o catolicismo. (Agência Boa Imprensa)

EUA: No ensino público, tende-se a abolir classes mistas

Segundo a National Association for Single Sex Public Education, 366 escolas públicas, em 38 estados americanos, já oferecem ensino separado para meninos e meninas. O Rosemount and Lakeville Institute abrirá aulas só para moças, apoiado pela Sociedade de Mulheres Engenheiras. Em Michigan, o legislativo estadual aprovou escolas públicas diferenciadas por sexo, e a Detroit International Academy educa somente moças. A Carolina do Sul tem 70 escolas com essa opção, e pretende disponibilizá-la em todas. Florida, West Virginia, Colorado e Washington engajaram-se nessa linha. Os estudantes de classes separadas mostram melhor aproveitamento que os das classes mistas e têm menos problemas de comportamento. Esta tendência nacional encoleriza os teóricos da “igualdade de gênero”. (Agência Boa Imprensa)

Nossa fé não é vã! (I)

Pe. David Francisquini (*)

No sábado de Páscoa – a maior festa dos judeus – Jesus repousa no túmulo. No Antigo Testamento, o tempo pascal era celebrado em memória da liberdade do povo judeu da escravidão do Egito, tarefa levada a cabo por Moisés. Nosso Divino Salvador fora crucificado na Sexta-feira, expirando às três horas da tarde. Segundo a tradição, ele morreu voltado para o Ocidente, onde se daria a grande expansão do cristianismo.

Ao abençoar as casas no tempo pascal a Igreja recorda, através de seus ministros, a saída dos hebreus do Egito, quando Deus poupou do Anjo exterminador as casas dos hebreus que haviam sido marcadas com o sangue do cordeiro. Este prefigura o verdadeiro Cordeiro de Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo, cuja imolação obteve nossa salvação, livrando-nos da morte eterna e se oferecendo a nós na Eucaristia.

No terceiro dia depois de sua morte, na manhã de domingo, 20 de março do ano 782 da fundação de Roma, e 34 da era cristã, Jesus Cristo, por um ato de seu próprio poder, reuniu ao corpo sua alma e, ressurecto, saiu glorioso do sepulcro. Houve grande abalo na Terra, e quando os guardas amedrontados voltaram a si do seu espanto e desmaio, a laje que fechava a entrada do sepulcro estava afastada. Sobre ela estava sentado um anjo, e o túmulo estava vazio.

As santas mulheres, vindas para os cuidados de sepultura, foram as primeiras a averiguar o acontecimento, seguidas dos apóstolos Pedro e João, que acorreram pressurosos ao túmulo ao saberem da ressurreição de Cristo. Até os guardas romanos que selavam o sepulcro correram para relatar aos sacerdotes o acontecido, tendo recebido deles oferta de dinheiro para propagar a mentira de que o corpo havia sido roubado.

Todos os anos, no domingo de Páscoa, celebra-se o aniversário desse memorável acontecimento que culminou a missão do Divino Salvador na Terra e, ao mesmo tempo, provou a divindade de sua pessoa e de sua obra. São Paulo nos adverte que se Cristo não tivesse ressuscitado, a nossa fé seria vã. Chamo a atenção dos leitores para o fato de o domingo de Páscoa ser uma festa móvel que ocorre entre os dias 22 de março a 25 de abril.

Assim como a morte de Cristo é coisa certíssima, também o é a sua Ressurreição, pois Ele foi visto não só uma vez, mas durante os 40 dias que passou na Terra – os Evangelhos mencionam dez diferentes aparições d’Ele, antes de subir triunfante ao Céu.
Voltarei ao tema.
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(*) Sacerdote da Igreja do Imaculado Coração de Maria (Cardoso Moreira – RJ)

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Fátima e a perseguição anticatólica da atualidade

José Antonio Ureta
Como estão confusos e trágicos os primeiros anos deste novo milênio! Um sintoma? — A possibilidade efetiva de se colocar no banco dos réus todos aqueles que persistirem em defender a fé e a moral católicas.

De fato, quando se analisam em profundidade algumas novas leis estabelecidas ou projetos, na maioria dos países do Ocidente, pode-se concluir que há um plano universal com o objetivo de mover uma grande perseguição à Igreja Católica Apostólica Romana e a todos aqueles que lhe forem inteiramente fiéis.

Tal perseguição religiosa fora prevista há 90 anos, conforme as revelações feitas pela Santíssima Virgem aos três pastorinhos de Fátima, por exemplo, quando Ela afirmou: “Os bons serão martirizados”.

O modo pelo qual essa perseguição vai se delineando com precisão cada vez maior, recrudescendo ano após ano e dirigida contra os católicos fica claro com a crescente sanha persecutória contra eles em nações de maioria muçulmana, ou de outras religiões, e em países comunistas.

Depois de 90 anos das aparições de Fátima, outra perseguição, em certo sentido ainda mais pérfida, cresce nos próprios países ocidentais e cristãos. Um exemplo entre vários: a perseguição contra aqueles que repetirem o ensinamento da Igreja — como encontra-se nas Sagradas Escrituras e no Catecismo — de que a prática da homossexualidade é um pecado contra a natureza, que “brada aos Céus e clama a Deus por vingança”.

Em nosso País, um projeto de lei (PLC 122/2006 — a “lei da homofobia” — de autoria da deputada Iara Bernardi, PT-SP), em tramitação no Senado, pretende transformar em delito o que a autora chama de “discriminação” ou “preconceito” em matéria de “gênero, sexo e orientação sexual”, incluindo aí condenações de dois a cinco anos de reclusão. Ou seja, punir-se-á com prisão aquele que exercer sua liberdade de expressão para se manifestar contra qualquer conduta homossexual.

Sob o pretexto de se garantirem “direitos humanos de minorias”, aprovam-se leis que repugnam à maioria católica no Brasil e condenam o que a doutrina católica ensina. E, em certos casos, aquele que desrespeite esses novos “dogmas”, ditos “antidiscriminatórios”, poderá ser levado à barra dos tribunais, condenado por “preconceito” e preso por ter preferido obedecer às Leis de Deus antes que às leis dos homens.

Caro leitor, tenhamos confiança firme na proteção divina, pois Deus nunca abandona aqueles que Lhe são fiéis. Em Fátima, a Santíssima Virgem não apenas profetizou a perseguição aos bons, mas também o terrível castigo que virá para os maus, bem como a vitória final da Santa Igreja com o triunfo do Imaculado Coração de Maria.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Deus e a matança dos inocentes

Pe. David Francisquini (*)

Com zelo de pastor, venho acompanhando os debates de vários projetos de deputados e senadores visando a introdução de leis atentatórias à moral católica em nosso Pais. Agora mesmo, o Projeto de Lei 1135/91, de descriminalização do aborto, de autoria do deputado Jorge Tadeu Mudalen (DEM/SP), está para ser posto em votação.

Sob o pretexto de livrar do vexame a mulher vítima de estupro, ou de afirmar que evitar mortes por abortos clandestinos é questão de saúde pública, o Poder Executivo, através do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, alia-se ao Legislativo nessa manobra viperina. Ao fugir do debate moral e religioso, querem eles encurtar o caminho e instituir draconianamente a pena de morte contra crianças indefesas ainda no ventre materno.

Se a tais projetos somarmos a pseudo-liberdade sexual (leia-se amor livre) promovida por muitos órgãos da mídia falada, escrita e televisiva, além de uma pressão insolente e agressiva de lobbies internacionais pró-aborto, não fica difícil perceber a existência de uma verdadeira trama maquiavélica com o objetivo definido de erradicar o que ainda existe de cristão na Terra de Santa Cruz.

Ademais, já existem sintomas claros. Mónica Roa, colombiana, advogada e ativista pró-aborto, expôs uma estratégia utilizada com êxito para introduzir o aborto em seu país:
“Constatamos que o debate em torno do tema sempre era de ordem moral e religiosa. Decidimos mudar radicalmente o rumo do debate. Começamos a tratar do aborto sempre como um problema de saúde pública, de direitos humanos e de eqüidade de gênero.”

Relembro aos leitores a doutrina do pecado coletivo de uma nação. Este é tipificado no momento em que se aprova uma lei que fere o Decálogo. E Santo Agostinho ensina que nem no Céu nem no inferno há prêmios e castigos para nações, visto serem elas premiadas ou castigadas neste mundo. O que nos leva a concluir que os protagonistas do aborto estejam a atrair a ira de Deus sobre o Brasil.

Para a moral católica, o aborto “brada aos céus e clama a Deus por vingança”, e quem o provoca incorre em excomunhão latae sententiae, isto é, automática, a qual atinge os que o praticam, quer por efeito de estupro, quer por deformidade do feto ou risco de morte da mãe. Sua Santidade Bento XVI afirmou: “A vida é obra de Deus” e “não pode ser negada a ninguém, nem ao pequeno e indefeso feto nem a quem apresenta graves incapacidades”.

No México, ainda há pouco, o Cardeal Rivera formulou a “mais firme condenação” do aborto, qualificando-o de “ato abominável” e de “execrável assassinato”. Ademais, admoestou os legisladores, que votaram favoravelmente ao aborto, pelo grave pecado cometido, proibindo-lhes a comunhão, pena extensiva aos médicos e enfermeiros que participarem de ato abortivo.

Uma responsabilidade moral difusa, mas não menos grave, pesa sobre todos os que favorecem a difusão da permissividade sexual e o menosprezo pela maternidade. Ela pesa também sobre os que deveriam assegurar políticas familiares e sociais de apoio às famílias, especialmente as mais numerosas, ou aquelas com particular dificuldade financeira para propiciar o desenvolvimento físico e educacional dos filhos.

O aborto e a violência sexual – a qual já é prerrogativa da rua, mas infelizmente se verifica no recinto dos próprios lares, onde crianças são agredidas por pessoas da própria família – são os frutos perniciosos da decadência moral em que está imersa nossa sociedade. Decadência largamente fomentada pela difusão sistemática da imoralidade refletida nas modas, nos programas de TV, na publicidade, nas músicas, etc.

Como guardião da ordem, o Estado tem o dever de zelar pela moralidade pública, não permitindo que em nome de uma falsa liberdade se faça em nosso País uma “revolução cultural”, que tripudia e aniquila os princípios perenes consubstanciados no Evangelho; e não – como vem infelizmente acontecendo – se tornar um possante propulsor da mesma revolução pela disseminação da imoralidade, da desordem e do caos.
(*) Padre da igreja Imaculado Coração de Maria –– Cardoso Moreira (RJ)



Onda anti-China cresce nos Estados Unidos
Após os remédios envenenados, rações danosas para animais, produtos de higiene peçonhentos, alimentos estragados, pneus avariados, baterias para celulares explosivas, brinquedos malfeitos e perigosos para as crianças, chegaram os “berços assassinos” chineses, que desmontam e prendem o bebê, levando-o a morrer sufocado. Devido a tal defeito, três bebês faleceram nos EUA. As autoridades americanas mandaram recolher 1 milhão desses berços, comercializados pela empresa Simplicity for Children. A indignação contra os produtos chineses está tão grande naquele país, que nos supermercados proliferam as etiquetas China Free (produto livre de componentes chineses). (ABIM)


Marcas ligadas à nobreza são as preferidas pelos paulistas
Nas melhores listas de presentes de casamento, em São Paulo, escolhem-se em geral as marcas ligadas às cortes européias. Em matéria de prataria, a preferida é a francesa Christofle, que desde 1830 fornece para os mais prestigiosos castelos europeus. Em matéria de cristais, sobressai a Baccarat, que desde 1764 fabrica na França “o cristal da realeza”. Também são muito procurados os cristais checos da Moser, casa “preferida da rainha Vitória” durante o auge do poder imperial inglês. Esses tronos, cortes e a requintada vida de castelo — salvo honrosas exceções — não existem no século XXI. Entretanto, o seu modelo de vida, profundamente embebido de tradições católicas, impressiona até nossos dias. (ABIM)

Religião e ciência: quem tem razão?

Nelson Fragelli

Frankfurt – ma descoberta da vacina contra o Aids? Não há perspectiva nesse sentido; não se fala disso. A Décima Sétima Conferência Mundial de Combate ao Aids está marcada para o próximo mês de agosto, na Cidade do México. O desânimo dos participantes é imenso.

Quando no início dos anos 80 os primeiros casos de Aids apareceram, não faltaram cientistas proclamando ser questão de tempo a descoberta de uma vacina. A almejada fórmula era: desbragamento sexual, sem risco de infecção.

Qual nada! Um quarto de século mais tarde não há esperança de cura dessa terrível infecção. É o que pensam os mais famosos médicos, como David Baltimore, detentor de prêmio Nobel, hoje cansado de procurar a vacina. Ele não mais crê na sua obtenção, nem mesmo em futuro remoto.

Na Conferência de Toronto, há dois anos, alardeava-se as hipotéticas virtudes do “Microbiocid”, cuja pesquisa vinha sendo feita. Conjeturava-se sobre o “Carraguard”, que deveria livrar as mulheres de toda contaminação. Tanto um quanto outro projeto foi abandonado. Os patrocinadores se perguntam se vale a pena gastar milhões em empreendimentos que encalham.
E o mal continua fazendo devastações. Na Alemanha, entre 2001 e 2006 os casos diagnosticados aumentaram de 81%. Na Rússia o “câncer dos homossexuais” assola a juventude. No mundo, os aidéticos são hoje 1 milhão e 500 mil.

Abatidos, cientistas parecem criar juízo e hoje recomendam, como melhor meio de evitar o Aids, a fidelidade conjugal e a castidade. Recomendação que reafirma o perene ensinamento da Igreja sobre a Moral.

Para os que ainda alegam surrados argumentos de conflito entra Ciência e a Religião, já é tempo de admitir que, mais uma vez, a Religião está com a Razão.
(Baseado em artigo do Frankfurter Allgemeine Zeitung, 1.4.08)

Isabellas

Paulo Roberto Campos

A opinião pública encontra-se estarrecida com o monstruoso fato ocorrido no dia 29 de março último: uma menininha, de apenas cinco anos, jogada do 6º andar de um prédio; seu corpo ficou espatifado no solo.

Nestes últimos dias, jornais, revistas, rádios, TVs e sites estiveram abarrotados de reportagens sobre esse sinistro acontecimento na capital paulista. Realmente, todos qualificam tal crime como monstruoso, e todos se perguntam: Quem matou Isabella Nardoni? Quem praticou tamanha crueldade? Por que?

Tremenda insensatez – inexplicável incoerência
Nesse caso, seria clamoroso não denunciar uma atitude de flagrante incoerência da mídia e de incontáveis pessoas. Refiro-me àquelas que, com toda razão, estão chocadíssimas com o assassinato da menina, mas que não ficam chocadas com o não menos brutal assassinato de crianças ainda no ventre materno. É incompreensível que muitas pessoas, horrorizadas com a morte de Isabella, sejam favoráveis ao aborto, portanto à eliminação de pequenas e inocentes “Isabellas”, que nem sequer viram a luz do dia.

Quantas “Isabellas” são diariamente assassinadas do modo mais desumano que se possa imaginar! Extirpar uma vida humana será sempre gravíssimo crime, não importando a idade da vítima: aos 80, 50 ou cinco anos; ou alguns meses ou dias, até mesmo algumas horas.


Ah! se um dia jornais, revistas, rádios, TVs e sites estiverem repletos de comentários contra assassinatos de bebês indefesos no útero materno, seria um acontecimento memorável! Seria um evento importante para a restauração da civilização, neste mundo neobárbaro e neopagão em que vivemos.

Oxalá, proximamente, o Brasil inteiro — que se encontra horrorizado com o caso Isabella — viesse a se comover profundamente também com as incontáveis vítimas do aborto. Assim como se deseja a condenação dos responsáveis pela morte dessa criança, também se exija a condenação dos responsáveis pela matança de crianças ainda no ventre de suas mães. A condenação não só da genitora que se submete a um aborto, mas igualmente daqueles que colaboram na execução do ato, como médicos, enfermeiras, parentes, etc.

Ambos são crimes hediondos. Ambos devem ser lamentados profundamente, e não podem ficar impunes.

“Estão se queixando do cheiro de carne humana queimada”
Recente artigo de Carlos Heitor Cony (“Folha de S. Paulo”, 11-4-08), muito apropriadamente intitulado Uma história repugnante, relata a pesquisa realizada por dois jornalistas ingleses, Michel Litchfield e Susan Kentish, sobre a “indústria do aborto” em Londres. Eles investigaram o que se passava nas clínicas abortivas, após a legalização do aborto na Inglaterra (com o “Abortion Act”, de 1967), e gravavam as conversas com os médicos. Com base na pesquisa, escreveram a clássica obra “Babies for Burning” (Bebês para queimar), editado pela Serpentine Press, de Londres.

Aqueles que desejarem adquirir tal obra em português, a encontrarão publicada pelas Edições Paulinas (São Paulo, 1985), com o título: Bebês para queimar: a indústria do aborto na Inglaterra.

O referido artigo pode ser lido na íntegra em:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1104200842.htm. Aqui transcrevo apenas alguns trechos:

“Os autores souberam, por meio de informações esparsas, que a indústria do aborto, como qualquer indústria moderna, tinha uma linha de subprodutos: a venda de fetos humanos para as fábricas de cosméticos. [...]

Contam os jornalistas: Quando nos encontramos em seu consultório, o ginecologista pediu à sua secretária que saísse da sala. Sentou-se ao lado de Litchfield, o que melhorou a gravação, pois o microfone estava dentro da sua maleta. O médico mostrou uma carta:

— Este é um aviso do Ministério da Saúde – disse, com cara de enfado. As autoridades obrigam a incineração dos fetos... não devemos vendê-los para nada... nem mesmo para a pesquisa científica... Este é o problema....

— Mas eu sei que o senhor vende fetos para uma fábrica de cosméticos e... e estou interessado em fazer uma oferta... também quero comprá-los para a minha indústria...

— Eu quero colaborar com o senhor, mas há problemas... Temos de observar a lei... As pessoas que moram nas vizinhanças estão se queixando do cheiro de carne humana queimada que sai do nosso incinerador. Dizem que cheira como um campo de extermínio nazista durante a guerra.
E continuou: Oficialmente, não sei o que se passa com os fetos. Eles são preparados para serem incinerados, e depois desaparecem. Não sei o que acontece com eles. Desaparecem. É tudo.

— Por quanto o senhor está vendendo?

— Bem, tenho bebês muito grandes. É uma pena jogá-los no incinerador. Há uso melhor para eles. Fazemos muitos abortos tardios, somos especialistas nisso. Faço abortos que outros médicos não fazem. Fetos de sete meses. A lei estipula que o aborto pode ser feito quando o feto tem até 28 semanas. É o limite legal. Se a mãe está pronta para correr o risco, eu estou pronto para fazer a curetagem [método utilizado para desmembrar um nascituro]. Muitos dos bebês que tiro já estão totalmente formados, e vivem um pouco antes de serem mortos. Houve uma manhã em que havia quatro deles, um ao lado do outro, chorando como desesperados. Era uma pena jogá-los no incinerador, porque tinham muita gordura que poderia ser comercializada. Se tivessem sido colocados numa incubadeira, poderiam sobreviver, mas isso aqui não é berçário. Não sou uma pessoa cruel, mas realista. Sou pago para livrar uma mulher de um bebê indesejado, e não estaria desempenhando meu ofício se deixasse um bebê viver. E eles vivem, apesar disso. Tenho tido problemas com as enfermeiras, algumas desmaiam nos primeiros dias”.

“Quem derrama o sangue humano será castigado”
Realmente repugnante! Mas é a realidade de inúmeras clínicas abortivas: nascituros são espatifados, extirpados do ventre materno, incinerados, ou “comercializados”, ou jogados na lata de lixo.

Isabella também foi morta, mas não incinerada ou jogada numa lata de lixo. Felizmente, ela era batizada e teve um enterro digno, graça de que são privados os bebês assassinados por mãos abortistas.

Encerro este artigo com uma passagem da Sagrada Escritura, que se aplica aos assassinos de todos os nascituros, de todas as “Isabellas”: “Quem derrama o sangue humano será castigado pela efusão de seu próprio sangue” (Gen. 9, 6).

Vestibular para Eva e seus filhos

(*) Pe. David Francisquini
Adão e Eva foram submetidos, a seu modo, a um vestibular, e não passaram na prova. Com isso, todos os homens pecaram em Adão, segundo São Paulo. Com efeito, tendo o demônio falado através da Serpente, seduziu Eva e esta por sua vez levou seu marido a comer também do fruto proibido. A essa tentação seguida da desobediência, chamamos de pecado original.

Além da expulsão do paraíso terrestre, da sujeição aos sofrimentos, da fadiga no trabalho, das discórdias, das guerras, das doenças e da propria morte, o pecado original ainda deixou nossa natureza corrompida, com três inclinações particularmente más: o orgulho ou soberba, a sensualidade e a avareza. Essa malícia acompanha o homem do berço à sepultura.

Mas por que Deus permite que seus filhos sejam tentados? Tendo Ele nos criado livres dá-nos ocasião, por meio de repetidas provas, de exercitarmos o espírito de luta contra os nossos defeitos, para assim adquirirmos méritos. No mais das vezes, os mais amados são os mais provados. O Arcanjo Rafael disse a Tobias: “Porque era agradável a Deus, foi necessário que a tentação te provasse”.

São Paulo nos consola ao ensinar que não existem tentações acima de nossas forças, pois a vontade de Deus é que tiremos proveito da própria tentação para alimentarmos em nós o espírito de humildade, de oração e de vigilância. No Padre-Nosso se afirma:
“E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos de todo o mal”.

Para vencer as tentações temos que fazer de nossas almas como que cidadelas no alto das montanhas. O castelo forte representa os princípios enraizados na alma, enquanto os píncaros simbolizam as leituras e estudos das verdades eternas, seguidos da reflexão constante em descobrir os ataques do adversário e os meios mais eficazes para as batalhas.

As muralhas da fortaleza significam as virtudes que protegem a alma, à maneira do trabalho, que afugenta o ócio, causador de maus pensamentos e das más imaginações. São João Crisóstomo nos ensina que a ociosidade é a mãe de todos os vícios e o nosso Divino Mestre nos encareceu com a seguinte exortação: “
Vigiai e orai, para não cairdes em tentação”.

Quem reza evita cair em tentação e, conseqüentemente, deixa de ofender a Deus. Como a cidade fortificada encontra-se preparada para resistir à investida de um exército inimigo, nossas almas, através de batalhas constantes e renhidas, devem estar fortalecidas, para vencermos em primeiro lugar a nós mesmos, pois quem não combate os seus defeitos ficará desguarnecido, tornando-se presa fácil das tentações.

Mais de 200 mil manifestantes na

Paulo Roberto Campos

Com a aprovação do aborto nos Estados Unidos, em 22 de janeiro de 1973 — data hoje conhecida como “o dia da vergonha” —, o país ficou dividido. Ocorreu um verdadeiro “racha” entre aqueles que são favoráveis à “pena de morte” (leia-se aborto, ou matança dos inocentes ainda no ventre materno) versus aqueles que defendem a vida e estão indignados com o massacre de mais de 1.000.000 (isto mesmo: mais de 1 milhão!) de bebês assassinados, ANUALMENTE nos Estados Unidos, antes mesmo de verem a luz do dia. O maior holocausto da História! A vergonha de nosso século!

Estes anti-abortistas reúnem-se todos os anos em Washington, numa monumental manifestação denominada March for Life para protestar contra a aprovação do aborto.

Em 22 de janeiro p.p., a Marcha pela Vida — em sua 35ª edição — reuniu na capital americana mais de 200 mil manifestantes contra o aborto. Eram eles provenientes de centenas de movimentos anti-abortistas dos quatro cantos daquele imenso país. Apesar da baixíssima temperatura (2 graus centígrados abaixo de zero...), eles não desanimaram e enfrentaram as ruas desde a Casa Branca até a Suprema Corte, pois nessa instituição americana deu-se a aprovação do aborto com a tristemente célebre decisão Roe vs Wade — a decisão vergonhosa!

Do Brasil, contamos com valorosos representantes da causa pela vida contra o infanticídio. Eram eles do movimento Aliança Vida e Família, que foram aos Estados Unidos especialmente para participar da Marcha e bradar contra a matança de inocentes, contra esse genocídio indiscriminado de crianças indefesas.

Desde a primeira Marcha pela Vida, em 1974, a Sociedade Americana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade tem ocupado lugar de destaque nesse grandioso evento. Membros da TFP americana, com dezenas de estandartes, portando capas vermelhas com um leão dourado e uma esplêndida fanfarra, dão um brilho todo especial à Marcha — como os leitores poderão observar no site daquele entidade
http://www.tfp.org/

Uma consideração final: essa monumental Marcha com mais de 200 mil pessoas, não foi destacada pela nossa grande mídia. Se fosse uma “marchinha” composta de uma dúzia de gatos pingados manifestando a favor do aborto, nossa mídia daria o máximo de destaque, exageraria o número com manchetes em primeira página mais ou menos como esta: “Uma multidão toma as ruas exigindo o aborto total e irrestrito”.

Ou a nossa grande imprensa padece de uma estranha doença nos olhos (“vista curta”?); ou algum distúrbio visual (“miopia ideológica”?); ou usa uns óculos que só lhe permite ver coisinhas pequenas (“estreiteza de visão”?). Ou, pior ainda: a grande imprensa é fanaticamente favorável à matança de inocentes!

Para ser imparcial, é preciso dizer que a famosa coluna da Sonia Racy, no Caderno 2 do “O Estado de S. Paulo”, com o título “Praça cheia”, publicou — embora muito sinteticamente — o que segue:

“Nunca antes a TFP havia conseguido reunir 300 mil pessoas numa passeata. Desta vez, parece que chegou lá... em Washington.
Foi essa a multidão que a TFP americana diz ter ido à sua caminhada contra o aborto, semana passada. Da qual acaba de voltar o príncipe dom Bertrand de Orleans e Bragança”.

São Miguel Arcanjo, Príncipe da milícia celeste

Pe. David Francisquini (*)

Os anjos são puros espíritos criados por Deus para sua glória e serviço. Ao criá-los, Deus quis torná-los participantes da vida divina para glorificá-Lo, servi-Lo e serem felizes para sempre. Os anjos por si mesmos glorificam a Deus pelas suas perfeições. Como uma obra de arte revela e glorifica o artista que a compôs, assim os anjos glorificam a Deus com sua existência e com hinos de louvor e adoração. Daí se compreende que os anjos, cobrindo as planícies e os ares de Belém, cantaram o hino “Glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens de boa vontade”. No Céu, por sua vez, os serafins louvam a Deus cantando o eterno “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus dos exércitos”, a exemplo do que o sacerdote faz ao celebrar o santo sacrifício da Missa, no término do prefácio.

Os anjos servem a Deus de um modo particular, auxiliando os homens a alcançar a vida eterna. Já o nome deles lhe indica a condição: vem do grego e significa mensageiro. A Sagrada Escritura fala de exércitos celestes e de bilhões de anjos, e que a categoria deles são de nove coros e três ordem a saber: Serafins, Querubins, Tronos; Dominações, Principados, Potestades; Virtudes, Arcanjos e Anjos. As Escrituras referem-se em diversas passagens aos anjos, mas foi São Paulo Apóstolo quem nos ensinou mais acerca deles, por que foi arrebatado até o terceiro Céu, como nos atesta ele próprio. E transmitiu isso a seus discípulos.

No início, todos os anjos eram agradáveis a Deus, mas, submetidos a uma prova –– como depois o foram nossos primeiros pais ––, parte deles se revoltou contra Deus, cometendo pecado de soberba e orgulho, ao pretender ser iguais a Deus. Satanás, o chefe dos anjos revoltosos, foi um anjo muito graduado –– lúcifer ––, o qual foi precipitado como um raio nos abismos infernais, juntamente com seus pérfidos sequazes: Houve no Céu uma grande batalha: Miguel e os seus anjos lutavam contra o dragão, e o dragão com seus anjos lutava contra ele. Porém, estes não prevaleceram, nem o seu lugar se encontrou mais no Céu. Foi precipitado aquele grande dragão, aquela antiga serpente, que se chama demônio e satanás, que seduz todo o mundo, foi precipitado na Terra e foram precipitados com eles seus anjos (demônios)” (Apoc. 12, 7-8). Na carta de São Judas, lê-se: “Quando o Arcanjo Miguel disputando com o demônio altercava sobre o corpo de Moisés, não se atreveu a proferir contra ele a sentença de maldição, mas disse somente: reprima-te o Senhor”.

O principal adversário de satanás e dos demônios na peleja que então se travou foi São Miguel, que significa: “Quem como Deus?” Foi São Miguel Arcanjo, todo abrasado no fogo e na luz de Deus, quem liderou os anjos bons nessa tremenda batalha contra os anjos maus, chamados doravante demônios. São Miguel é um fiel defensor e servidor de Maria Santíssima.

São Miguel é citado também no capítulo 12 do Livro de Daniel, onde lemos “Ao final dos tempos aparecerá Miguel, o grande Príncipe que defende os filhos do povo de Deus, e então os mortos ressuscitarão. Os que fizeram o bem, para a Vida Eterna, e os que fizeram o mal, para o horror eterno”.

A São Miguel atribuem-se três funções: a de guiar e conduzir as almas ao Céu como se lê na Missa dos defuntos; de defender a Igreja e o povo cristão; e de presidir no Céu o culto de adoração à Santíssima Trindade e oferecer a Deus as orações dos santos e dos fiéis. Invoquemo-lo sempre no combate contra as potestades infernais e as forças do mal que procuram desviar-nos do caminho do Céu.

Em minha experiência sacerdotal, tenho constatado o aumento vertiginoso do poder infernal sobre as almas, a sociedade e as instituições. E mesmo sobre os corpos, interferindo na própria saúde individual. Isto como conseqüência dos pecados contra o amor de Deus e do próximo: os pecados de homicídio, de libertinagem moral, do crescente consumo de drogas, de músicas dissolutas e imorais, com ritmo inebriante, às vezes com letras fazendo apologia do diabo e da violência, que estão presentes por toda a parte. Também pela proliferação de seitas satânicas. As principais vítimas do demônio são a infância e a juventude.

Para fazer frente a tantos males produzidos pelos demônios, é eficaz a oração que é rezada ao final das missas do rito tridentino: “São Miguel Arcanjo, protegei-nos no combate, cobri-nos com vosso escudo contra os embustes e ciladas do demônio. Subjugue-o Deus, instantemente o pedimos, e Vós, Príncipe da Milícia Celeste, pelo divino poder, precipitai no inferno a satanás e aos outros espíritos malignos que andam pelo mundo para perder as almas. Amém”.
(*) Sacerdote da Igreja do Imaculado Coração de Maria (Cardoso Moreira – RJ)


Cidade medieval no século XXI: novidade na Espanha
Segurança, prédios duráveis, aplicação garantida, entorno saudável, harmonia prédios-natureza, beleza panorâmica, vizinhança sociável, local psicologicamente aprazível e proximidade de uma igreja –– são itens que se tornaram requisitos de um bom condomínio. Encontrá-los reunidos na justa proporção é coisa rara e dispendiosa. Uma empresa espanhola descobriu que todos eles estão presentes nas cidades e aldeias medievais. Lançou então o Conjunto Residencial Sopetrán, que será construído em Hita, Guadalajara, e será concluído em 2009. Terá 325 casas, cujas fachadas reproduzem as construções de 1000 anos atrás. O interior terá todo o conforto hodierno. O empreendimento foi saudado na Espanha como um triunfo da imaginação, na mesma ocasião em que se esgotam idéias autênticas na área da construção. (ABIM)


Miraculosa imagem sai ilesa de terremoto no Peru
O teto afundou, a torre do sino e a torre central desabaram, a cúpula rachou, as imagens caíram no santuário de Ica, no epicentro do terremoto que se registrou recentemente no Peru e ceifou centenas de vidas. Mas a imagem do “Senhor de Luren”, que representa Nosso Senhor Jesus Cristo crucificado, ficou intacta no seu lugar, em meio às ruínas no coração do drama, encorajando a todos. O povo não duvida de o fato ter sido um milagre. O Crucifixo é venerado desde o século XVI. O santuário sofreu sucessivas destruições e reconstruções por causa de incêndios e terremotos anteriores. Em todos os casos, a milagrosa e artística imagem permaneceu incólume. Símbolo do triunfo imorredouro da Cruz, atravessando impávida todos os acontecimentos da História, inclusive os mais catastróficos como esse devastador terremoto. (ABIM)

O Bispo, o rio e o pecado

Hélio Dias Viana*

A greve de fome — a segunda — a que se submeteu o Bispo de Barra (BA), D. Luiz Cappio, sugere algumas reflexões.

Em primeiro lugar, sua atitude é típica dos adeptos da Teologia da Libertação, que desviam as atribuições do religioso para o plano meramente humano e temporal, deduzindo daí toda uma Weltanschauung. Desvio muitíssimo mais perigoso que o do Rio São Francisco, pelas conseqüências doutrinárias e morais de que se reveste.

Em segundo lugar, D. Cappio — que teve o cuidado de se apresentar sempre revestido do hábito franciscano — está se imiscuindo numa área que não lhe compete, ao invadir atribuições do poder público. Seria, em sentido oposto, o mesmo que um governo resolvesse opinar sobre o acerto de um projeto para a construção de uma catedral.

Se, para a transposição do Rio São Francisco, o governo devesse fazer expropriações pelas quais pagasse aos proprietários um preço injusto, aí sim, contra este aspecto, de ordem moral, o Bispo poderia se opor, expondo o que a respeito ensina a doutrina católica.

Contudo, esse aspecto moral parece nada dizer não só a D. Cappio, mas também à CNBB e a tantos outros Bispos que dão incondicional apoio à Reforma Agrária socialista e confiscatória, atentatória do sagrado direito de propriedade, o qual é assegurado por dois Mandamentos da Lei de Deus: “não roubar” e “não cobiçar as coisas alheias”.

Por fim, o pecado. Que um Bispo da Santa Igreja, além de negar obediência à Santa Sé — que lhe ordenou cessar a greve de fome —, faça uso de método condenado pela moral católica, qual seja o de se expor ao suicídio, constitui pecado contra o 5º. Mandamento da Lei de Deus: “não matar”. Sem falar do pecado de escândalo.

A CNBB, que até certa altura apoiou D. Cappio, resolveu voltar atrás, possivelmente por pressão do Vaticano, pois estava se tornando cúmplice de um tríplice pecado: atentado à vida, desobediência e escândalo.

Mais um triste episódio da “autodemolição” da Igreja, operada a partir do Concílio Vaticano II, a que se referiu Paulo VI.

(*) Jornalista freelancer e tradutor.

A lição da águia

Pe. David Francisquini
Como a águia provoca seus filhotes a voar, e esvoaça sobres eles, assim o Senhor estendeu suas asas, tomou-o e o levou sobre seus ombros. (Deut. 32, 11). Ao perceber que chegou o momento de os filhotes alçarem vôo, instintivamente a águia retira do ninho toda a parte macia que o acolchoa, deixando tão-só os pontiagudos gravetos. Incomodados, os filhotes se lançam sobre as asas dela. É o momento de a águia se lançar pelos ares, para que as aguiazinhas percebam, pela primeira vez, os espaços de que são possuidoras.

Após o vôo de reconhecimento, sempre atenta e sem perder o instinto materno, a águia os força ao vôo livre. Se acontecer de algum filhote encontrar dificuldade neste primeiro teste, a águia se lança prontamente em vôo picado, a fim de se colocar sob ele à maneira de uma pista de pouso, e o recolher assim são e salvo. Vai repetir o exercício até sentir segurança no filhote; ensiná-lo-á a caçar e a fugir dos perigos até o momento de dar sua missão por cumprida.

Mutatis mutandis, na educação de uma criança, na formação de um jovem ou na condução de um povo, tudo deve ser empreendido para lhes proporcionar proteção, carinho, conforto, segurança, alimentação, saúde e bem-estar. Mas isto não basta. Sobretudo importa desenvolver nas pessoas as aptidões que Deus depositou no vaso precioso de suas almas: as virtudes infusas e o querer da vontade para que possam viver retamente.

À maneira da águia com seus filhotes, pais e educadores devem exercitar os jovens com disciplina e método a trilhar os caminhos deste passageiro mas perigoso peregrinar pela terra. Embora o pecado original tenha privado o homem da graça divina e despertado nele a concupiscência, todavia não tirou as faculdades essenciais relativas à sua vida exterior.

A nós, homens decaídos, restam sempre a inteligência, a vontade e a liberdade. Cabe-nos dominar as paixões desordenadas com a ajuda da graça e tornar-nos virtuosos. Para isso possuímos os tesouros sobrenaturais que Deus concedeu à sua Igreja através dos sacramentos. “Vigiai e orai para não cairdes em tentação”, é o conselho divino. Será, com efeito, uma batalha para a vida toda, que só terminará com a morte. Se formos fiéis aos seus ensinamentos, atingiremos a perfeição querida por Deus.

Autores que tratam de questões de vida espiritual dão um princípio sábio e profundo, isto é, para a prática do bem não basta ao homem a força coercitiva externa. Ele precisa ser formado em seu interior para ter sede e fome de justiça, para amar e obter o santo temor de Deus,
para fazer o que se deve livre e espontaneamente, com alegria de coração.

Este poder e esta força para formar e dirigir o caráter do homem e civilizar a sociedade são simbolizados pelas chaves dadas a Pedro e à Igreja Católica Apostólica Romana. Daí a necessidade de padres santos, missionários virtuosos, freiras dedicadas, leigos bem formados e instruídos para ser formadores de opinião em seus respectivos ambientes.

Assim o sal salgará e a luz iluminará. Bendito os pés que trilharam as vias dos Mandamentos. Benditos os olhos que contemplaram a Lei do Senhor. Bendito o coração que fez a delícia dos seus dias em amar o seu Deus e Senhor. À maneira da águia, poderemos contemplar o Sol da justiça e da misericórdia.