(*) Pe. David Francisquini
Além da expulsão do paraíso terrestre, da sujeição aos sofrimentos, da fadiga no trabalho, das discórdias, das guerras, das doenças e da propria morte, o pecado original ainda deixou nossa natureza corrompida, com três inclinações particularmente más: o orgulho ou soberba, a sensualidade e a avareza. Essa malícia acompanha o homem do berço à sepultura.
Mas por que Deus permite que seus filhos sejam tentados? Tendo Ele nos criado livres dá-nos ocasião, por meio de repetidas provas, de exercitarmos o espírito de luta contra os nossos defeitos, para assim adquirirmos méritos. No mais das vezes, os mais amados são os mais provados. O Arcanjo Rafael disse a Tobias: “Porque era agradável a Deus, foi necessário que a tentação te provasse”.
São Paulo nos consola ao ensinar que não existem tentações acima de nossas forças, pois a vontade de Deus é que tiremos proveito da própria tentação para alimentarmos em nós o espírito de humildade, de oração e de vigilância. No Padre-Nosso se afirma: “E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos de todo o mal”.
Para vencer as tentações temos que fazer de nossas almas como que cidadelas no alto das montanhas. O castelo forte representa os princípios enraizados na alma, enquanto os píncaros simbolizam as leituras e estudos das verdades eternas, seguidos da reflexão constante em descobrir os ataques do adversário e os meios mais eficazes para as batalhas.
As muralhas da fortaleza significam as virtudes que protegem a alma, à maneira do trabalho, que afugenta o ócio, causador de maus pensamentos e das más imaginações. São João Crisóstomo nos ensina que a ociosidade é a mãe de todos os vícios e o nosso Divino Mestre nos encareceu com a seguinte exortação: “Vigiai e orai, para não cairdes em tentação”.
Quem reza evita cair em tentação e, conseqüentemente, deixa de ofender a Deus. Como a cidade fortificada encontra-se preparada para resistir à investida de um exército inimigo, nossas almas, através de batalhas constantes e renhidas, devem estar fortalecidas, para vencermos em primeiro lugar a nós mesmos, pois quem não combate os seus defeitos ficará desguarnecido, tornando-se presa fácil das tentações.
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