sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O perfil do sacerdote na História (II)

Pe. David Francisquini (*)
Se no Antigo Testamento o sacerdócio encontrava-se sempre aliado à realeza –– como vimos no artigo anterior ––, com muito mais razão deveria estar no Novo Testamento. Isto porque Jesus Cristo, Deus e Senhor de todas as coisas, quis unir-se à natureza humana a partir da família real de Davi, nascer de Maria Virgem por obra do Espírito Santo e cumprir em Si tudo o que Moisés e os profetas anunciaram.
O sacerdócio eterno foi instituído por Jesus Cristo, verdadeiro Sacerdote e Rei, segundo a ordem de Melquisedec. Sob este aspecto, o sacrifício da Nova Lei ultrapassa de longe o de todas as religiões e os sacrifícios por elas oferecidos. Ao receber o sacramento da Ordem, o sacerdote católico torna-se para sempre indelevelmente caracterizado.
Em vista do exposto, podemos perguntar: qual é o tamanho da dignidade do sacerdote? Em vão busca-la-emos entre os profetas do Antigo Testamento, dos quais o maior foi aquele que teve a insigne graça de colocar as mãos sobre a cabeça do Salvador do mundo, no rio Jordão, no Batismo de Nosso Senhor Jesus Cristo: São João Batista!
Mas o sacerdote da Nova Lei tem a dita de consagrar a hóstia com suas palavras e de tê-la diariamente em suas mãos. Ao ministrar a Eucaristia, ele diz: “Eis o Cordeiro de Deus, eis Aquele que tira os pecados do mundo”. Este é um privilégio tal, que não é concedido nem mesmo aos anjos.
Malaquias chama os sacerdotes de anjos que falam em nome de Deus. Portanto, desprezá-los é desprezar o próprio Deus. Ao administrar os sacramentos –– pelo poder de que os reveste a ordenação sacerdotal ––, eles fazem as vezes do próprio Deus.
Consideremos que Nossa Senhora, ao conceber o Menino Jesus em suas entranhas puríssimas, concebeu-O uma única vez, o que não poderia ter sido de modo diferente. Com o sacerdote isso vai além: todas as vezes que celebra o Santo Sacrifício, ele traz Jesus Cristo sobre o altar, toma-O em suas mãos e O sacrifica misteriosa e incruentamente ao Pai.
Uma pessoa que sinta vocação para tal dignidade precisa examinar-se bem se foi mesmo chamada por Deus, e se está disposta a imolar-se por Ele; se está disposta a levar vida digna e santa, praticando as virtudes da ciência, prudência, mortificação, responsabilidade, castidade impoluta e amor de Deus; se é impelida por um ardente e desinteressado desejo de salvar almas, totalmente desapegada dos bens e dos prazeres do mundo.
Numa palavra, o sacerdote precisar estar disposto a ser santo, pois ele é como uma luz de candeeiro colocada sobre o mais alto de uma fortaleza. Ou ainda como um exército pronto para o combate. Um padre nunca se salva ou se condena sozinho, pois necessariamente levará consigo muitas das ovelhas que lhe foram confiadas.
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(*) Sacerdote da igreja do Imaculado Coração de Maria –– Cardoso Moreira (RJ)

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