segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O CAPIM-ELEFANTE, VICTOR HUGO E O AÇOUGUE

  • Léo Daniele
Ah! A vida da agricultura brasileira! Esta força que resiste a uma espécie de perseguição branca, apesar de tudo, faz com que nosso imenso Brasil atinja o patamar de uma das maiores lavouras do mundo! E com quanta criatividade isso se realiza!

Um exemplo. O nome capim-elefante sugere alguma coisa de grande, e em verdade assim é.

Essa gramínea, que pode chegar a seis metros de altura, foi importada da África há cem anos para alimentar rebanhos em períodos de seca, pois é capaz de se desenvolver mesmo em regiões inóspitas, sem pedir adubo nem irrigação.

Pois bem: recentemente a criatividade brasileira descobriu que o capim-elefante pode ser utilizado como carvão vegetal e, mais ainda, como produtor de energia elétrica.

Segundo a EMBRAPA, seu potencial energético é imensamente (o advérbio não é meu) superior à cana de açúcar. A produção pode chegar a 48 megawatts por hectare.

Compreende-se as vantagens, pois há em nosso País 60 milhões de hectares de pastagens degradadas, onde o capim-elefante poderia dar-se perfeitamente bem, dobrando a capacidade de geração de energia no Brasil, com muito pouca poluição.

Vamos agora ao ponto crítico. Para implantar uma usina com capim-elefante, são convenientes 4.000 hectares. Ou seja, oito vezes mais que a área máxima que pode ter uma fazenda segundo o fanaticamente socialista projeto de reforma constitucional, de autoria do ex-deputado petista Adão Preto, para limitar o tamanho máximo da propriedade agrícola em irrisórios 500 hectares!

Este é apenas um exemplo, entre muitos outros que poderiam ser dados.

Vem ao caso lembrar um dito cheio de espírito. Victor Hugo (foto acima), controvertido romancista francês do século passado, em uma formulação chistosa e contundente, mostrou a incompatibilidade natural entre produção abundante e distribuição igualitária:

“O comunismo e a lei agrária pretendem ter encontrado solução para o segundo problema [a distribuição da riqueza]. Eles, porém, se enganam. A distribuição que propõem mata a produção. A distribuição igualitária extingue a emulação. E conseqüentemente o trabalho. É uma partilha feita pelo açougueiro, que mata aquilo que divide. É pois impossível aceitar essas pretensas soluções. Matar a riqueza não é distribuí-la” (Les misérables, Garnier Flammarion, Paris, 1967, tomo II, pp. 369-370) (cfr. Plinio Corrêa de Oliveira, “Sou Católico: posso ser contra a reforma agrária?”, Editora Vera Cruz, 4a. ed., 1982, pag. 173).

Vamos tirar a vida à agricultura brasileira, fazendo fenecer sua prodigiosa criatividade, como quer a propaganda socialista da imposição de limites ao tamanho das propriedades?
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(*) Léo Daniele é colaborador da ABIM

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