domingo, 30 de janeiro de 2011

A vida não foi feita para o prazer (I)


Pe. David Francisquini(*)

Para mim, a década de 1960 não representou os “golden sixties”, como querem muitos formadores de opinião. Minha idade permite-me considerar em retrospectiva os anos de minha juventude e analisar os seus principais acontecimentos, bem como tudo aquilo que decorreu de lá para cá. Por exemplo, o papel da imprensa ao publicar certas declarações e/ou atitudes provenientes de personalidades, ora do mundo acadêmico ora do mundo eclesiástico, difundindo desconcerto geral na opinião pública.


Esperta e diabolicamente, tais declarações são noticiadas com lente de aumento — ou mesmo distorcidas — e amplamente propagadas pela mídia laica e anticristã, visando induzir as pessoas a pensar que a moral católica é capaz de mudar com o tempo ou com o lugar. Cingir-me-ei ao caso recente da grande divulgação dada pela mídia a propósito de uma possível mudança na posição da Igreja quanto ao uso dos famigerados preservativos.

Se isso proporciona de um lado verdadeiro escândalo nas consciências retas, nas famílias bem constituídas e nas pessoas honradas, de outro lado favorece poderosamente aqueles que disseminam a imoralidade, os vícios e todas as formas de pecado contra a ordem natural criada por Deus em relação ao sexo.

Ora, do ponto de vista da doutrina católica, o uso do preservativo é intrinsecamente perverso, além de constituir pecado de luxúria e pecado contra a natureza. Com efeito, ele se reveste de uma malícia peculiar dentro do clima hedonista de que a vida foi feita para o prazer e, portanto, sem nenhum compromisso com a santa Lei de Deus e a Lei natural.

Em decorrência do VI e IX Mandamentos da Lei de Deus e da própria Lei natural, a Igreja sempre ensinou que tanto o homem como a mulher devem conservar-se perfeitamente castos, logo virgens, até o casamento. Isso pressupõe observar as regras postas por Deus na própria ordem da natureza.

O ato sexual, segundo a doutrina católica, só é permitido e tem sua justificativa dentro do matrimônio com a finalidade principal da procriação, a qual todos os outros fins devem se subordinar. A relação conjugal do homem com a mulher é voltada para a propagação da espécie, educação da prole, o que não se dá retamente sem um estável vínculo conjugal. (Cfr. Encíclica Casti Connubi de Pio XI, 31-12-1930).

Em nome da modernidade, a corrente liberal ou aggiornata dentro dos meios católicos pretende mudar a moral do Magistério tradicional da Santa Igreja. No caso do uso do preservativo, a moral o enquadra entre os pecados que clamam aos Céus por vingança, pois se trata de um pecado de onanismo, o qual se caracteriza por duas malícias: a da luxúria e a do impedimento do processo normal de fecundação, ou seja, da transmissão da vida.

Citado nas Sagradas Escrituras por violar as leis e as regras da procriação, Onan foi castigado por Deus no próprio ato infame para servir de exemplo aos casais futuros ao fazerem mau uso do ato transmissor da vida.

Em nossos dias, a malícia de certas pessoas que querem revolucionar a ordem criada por Deus as leva a impor um estado de coisas e um ambiente nos quais todas as suas paixões desregradas sejam satisfeitas, sem constrangimentos e sérios riscos para a saúde, como é o caso específico da AIDS. Na verdade, o preservativo abre as portas para todas as libertinagens no plano moral.

Voltarei ao tema.
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(*) Sacerdote da igreja do Imaculado Coração de Maria, Cardoso Moreira - RJ

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