Heitor Abdalla Buchaul (*)
O conferencista externou a erudição de um laureado pela Academia Francesa e a incontestável segurança de quem viveu todo o processo da revolução iraniana, explicando com riqueza de detalhes como, de um país aberto à civilização ocidental, o Irã tornou-se o foco por excelência do terror islâmico que assola os nossos dias.
O público presente — composto de vários membros da nobreza europeia, intelectuais e políticos — ouviu com profundo interesse todo o desenrolar da trama que transformou o então desconhecido Khomeini em “líder” de uma revolução que acabaria por eliminar a milenar monarquia persa. Segundo o conferencista, com a ajuda da imprensa ocidental e de renomados intelectuais de esquerda, uma falsa biografia do aiatolá foi elaborada para “transformado-o em pai de mártir, filho de mártir e ele mesmo vítima do regime imperial”, o que era totalmente contrário à realidade.
Confortavelmente instalado em Paris, Khomeini recebeu todo o apoio estratégico e material que culminou com o seu retorno triunfal ao Irã. O Prof. Nahavandi salientou que nessa época foi inaugurada a prática do assassinato em massa como tática revolucionária para aterrorizar a população e desestabilizar o país, dando o exemplo concreto de um cinema que foi incendiado quando passava um filme dedicado ao público infantil, ocasião em que morreram mais de 472 pessoas, em sua maioria crianças.
Muitos fatos narrados na conferência lembram o momento em que vivemos, que quase todo mundo islâmico foi atingido pela chamada "Primavera árabe". Esta, sob o pretexto de instaurar a democracia, vem transferindo o poder de ditadores laicistas para islâmicos cada vez mais radicais. E assim como há mais de 30 anos no Irã, o apoio ocidental vem sendo novamente decisivo para a ascensão ao poder da teocracia muçulmana.
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(*) Heitor Abdalla Buchaul é colaborar da ABIM
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