Pe. David Francisquini(*)
Constitui fato inconteste na História dos povos –– por mais decadentes e selvagens que tenham sido –– a existência de uma religião com suas respectivas estirpes sacerdotais. O erro, o vício, a violência, a selvageria e mesmo a idolatria não os impediram da necessidade absoluta de ter uma religião e sacerdotes que cuidassem do culto. Portanto, foi sempre notória a estima pelo sacerdócio desde a mais remota antiguidade. Sua excelência explica-se talvez pelo fato de só os membros das famílias ilustres, e dentre eles os mais veneráveis, terem exercido esse ofício, que supõe a dignidade e a grandeza da missão sacerdotal. Revestida de tamanha autoridade, o múnus sacerdotal tinha força para entronizar e destronar reis.
Muitos reis acumularam o poder sacerdotal em países como Egito, Pérsia e Etiópia. E quando não eram reis-sacerdotes, a classe sacerdotal ocupava lugar relevante, compondo uma aristocracia com seus ministros nobres. Distinguiam-se pelo fausto das vestes, das riquezas e do saber, com templos suntuosos, ricos em arte, ouro, prata e pedras preciosas.
Exemplos de membros de famílias ilustres antigas, que praticaram o múnus sacerdotal foram Noé, Abraão (quadro acima) , Isaac, Jacó e Jó. A figura legendária do sacerdote-rei Melquisedec, que ofereceu um sacrifício de pão e de vinho, era pré-figura do sacerdócio da Nova Lei. Com o advento do povo eleito, Deus passou a escolher os sacerdotes entre os membros da tribo de Levi.
Um exemplo faz ressaltar a grandeza, a elevação e a magnificência do sacerdócio. De Alexandre Magno se dizia que a Terra toda estremecia diante de seus exércitos. Em sua passagem pela Palestina, prometeu ele passar a fio da espada todos os seus habitantes. O Sumo Sacerdote Jaldo, reconhecendo a impotência do exército hebreu, revestiu-se –– juntamente com os demais sacerdotes –– de suas melhores vestes e foi ao encontro do conquistador. Para espanto de seu exército, Alexandre rendeu-se diante daquele aparato, apeou de seu cavalo e inclinou-se numa profunda reverência ao sacerdote. Ato contínuo, dirigiu-se até o Templo de Jerusalém para oferecer sacrifícios e incontáveis riquezas para o culto divino. O grande guerreiro explicou para seu camareiro que não reverenciou um homem, mas Deus na pessoa do sacerdote.
Se o sacerdócio na Antiguidade se revestiu de tanta grandeza e esplendor, o que dizer do sacerdócio da Nova Lei, instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo, como nos diz São Paulo Apóstolo na epístola aos Hebreus? O sacrifício que o sacerdote oficia no altar é o mesmo sacrifício da Cruz, de maneira incruenta e misteriosa, sob as espécies de pão e vinho.
Conto voltar ao assunto.
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(*) Sacerdote da igreja do Imaculado Coração de Maria –– Cardoso Moreira (RJ)
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