domingo, 2 de maio de 2010

Bons tempos em que se morria para não pecar

Corpo incorrupto de Sta. Maria Goretti


• Pe. David Francisquini*

Santa Maria Goretti (1890 – 1902) abria e terminava seu dia com o sinal da cruz. Sem caprichos nem manhas e sempre generosa, revelava reflexão superior à sua idade.

Para tentar melhorar suas condições precárias, a família mudou-se para Colle Gianturco, local do martírio. Depois da morte do pai — conta-nos Assunta, a mãe da santa — a filha procurava fortalecer-lhe o ânimo. Nas agruras, ela dizia “Por que esse medo, mamãe? Daqui a pouco estaremos [eram seis filhos] crescidos. Basta que Nosso Senhor nos dê saúde e a Providência nos ajudará”. Modelo de confiança!
Com a sabedoria de quem sabe aproveitar o tempo com método e disciplina, conhecia o segredo da vida. Com a morte do pai, seu programa foi assumir a responsabilidade da casa (foto abaixo) e o cuidado e a formação dos irmãos.

Era de angélica pureza. O assassino, de nome Alexandre Serenelli, confessou jamais ter notado nela o menor ato contrário a essa virtude. Chegava a rir discretamente das colegas que paravam diante de espelhos ou das vidraças para arranjar os cabelos. Ao ouvir palavras inconvenientes, nunca deixava de manifestar seu desagrado.

Em contrapartida, quão diferente foi a educação de seu verdugo! Seu pai não praticava a Religião, acreditando vagamente na existência de Deus. Possuía ainda caráter autoritário e era dado ao vício do álcool. A própria mãe, já meio louca, tentara afogar o filho quando este era criança.

Órfão de mãe ainda novo, não conheceu os carinhos, a bondade e o afeto materno, sendo criado como um estranho. Ao pai recai a acusação de ter cultivado a perversão do filho em más leituras, apesar de ter sido batizado, aprendido um pouco o catecismo, a ler e escrever.

A situação de Alexandre agravou-se quando serviu como marinheiro, tendo então se pervertido ainda mais, devido às más companhias. Contudo, ainda assistia sempre à missa e era respeitoso com o pai. Possuía gênio fechado, frio e solitário.

Costumava trancar-se no quarto, onde alimentava o vício da impureza através de más leituras que o próprio pai lhe proporcionava. Revestia as paredes com figuras de jornais e revistas indecentes. O vício criou nele raízes profundas. Penetrado de um impulso satânico, Alexandre decidiu destruir a inocência e a pureza de coração de Maria Goretti. Caso ela resistisse às suas impetuosas paixões, ele havia decidido matá-la. Contudo, a força de seu ódio não pôde prevalecer contra o rochedo intransponível de quem prefere morrer a se deixar contaminar pelo vício impuro.

Deparamo-nos assim com dois modelos de educação e de vida. A primeira banhada pela luz da graça e da vida sobrenatural. A segunda, por ódio à virtude e à vida exemplar. Ao tentar diabólica e inutilmente impor sua devassidão à santa, assassinou-a. Foi preso e cumpriu pena. Contudo, teve de lamentar pelo resto da vida o seu ato infame.

Mas o heroísmo da menina cheia de força atingiu tal ápice, que levou o próprio assassino à conversão. Ela perdoou-o e disse que o levaria para o Céu. Sua conversão foi seguida de penitência numa cela de um convento de religiosos.
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* Sacerdote da igreja do Imaculado Coração de Maria, Cardoso Moreira - RJ

3 comentários:

Anônimo disse...

Corrijam, meus caros...o corpo de Santa Maria Goretti não está incorrupto. O que pode ser visível é uma estátua que seguia seu traços. A incorrupção do corpo não é nem dogma nem sinal de santidade...Santa maria Goretti não deixa de ser santa por isso.


abraços fraternos...

Anônimo disse...

Herege...


Morra queimado por ultraja a memória de uma santa

Arthur

Anônimo disse...

Que bela é a virtude da castidade! Nesse mundo horroroso poucos ainda a valorizam.