quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Dom Sebastião, um rei de legenda

  • Heitor Abdalla Buchaul (*)


No dia 4 de agosto de 1578 desaparecia na batalha de Alcácer-Quibir, Dom Sebastião, soberano de Portugal — “rei engendrado pela esperança e pelas saudades”, conforme o qualificou o pensador católico Plinio Corrêa de Oliveira.

Nascido em pleno Renascimento, o ilustre príncipe português representava, em meio à corrupção dos costumes de seu tempo, um protótipo do cavaleiro medieval.

Suas três orações diárias consistiam em pedir a Deus:
  • Que o inflamasse no zelo da fé, a qual desejava propagar pelo mundo;
  • Que Deus o tornasse um combativo guerreiro;
  • Que Deus o conservasse casto (Cfr. Dom Sebastião, de Antero de Figueiredo).
Numa época em que o permissivismo moral grassava em todas as cortes da Europa, esse jovem monarca queria armar-se com a castidade para melhor combater e dedicar-se inteiramente às necessidades de seu povo. Em seu livro de confidências, foi encontrada a seguinte aspiração: “Terei a Deus por fim de todas as minhas obras e em todas elas me lembrarei d´Ele”.

Seu sonho de conquista tinha como objetivo a propagação da verdadeira fé, conquistar o norte da África para proteger a Europa do perigo muçulmano. Ao mesmo tempo essa conquista tornaria mais fácil o envio de missionários e, com isso, aumentaria a possibilidade da conversão de novas almas para Jesus Cristo.

Dom Sebastião era o exemplo do casto guerreiro inflamado pelo amor divino, contra a moleza luxuriosa dos apaixonados pelo paganismo greco-romano. Mas o soberano virgem desapareceu naquela batalha... nem por isso deixou de sobreviver no coração dos portugueses. “Portugal teve a nobreza de reconhecer em Dom Sebastião, o rei de seus sonhos”. (Plinio Correa de Oliveira, apud A Inocência Primeva e a contemplação sacral do universo).

Assim chegaram até nossos dias, especialmente no Nordeste do Brasil, diversas lendas sebastianistas algumas até com certa beleza, parecendo contos de fadas. Dom Sebastião ultrapassou o seu tempo, séculos passaram e continuaram a esperar sua volta. Muitos negaram-se a acreditar no desastre de Alcácer-Quibir. Na verdade, queriam ver triunfar na civilização cristã, o verdadeiro, o bem e o belo tão bem espelhados naquele rei cognominado O Desejado.

Porém, a Providência divina ainda se serviria do território português para um acontecimento mais sublime do que teria sido aquele tão almejado retorno. Em 1917, na Cova da Iria, é a própria Rainha do Céu e da Terra que vem anunciar uma mensagem universal, de advertência e de esperança, prometendo o triunfo do seu Coração Imaculado, não só naquelas terras, mas em todo o mundo.

Podemos, pois, concluir que tantas esperanças não foram em vão, que a decadência já iniciada antes do nascimento de Dom Sebastião não perdurará, e dos atuais restos da civilização cristã Nossa Senhora fará brotar o seu Reino.
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*Heitor Abdalla Buchaul é colaboraror da ABIM

2 comentários:

Anônimo disse...

Teria acontecido com o Rei Dom Sebastião o mesmo que aconteceu com o Profeta Elias? Gostaria de uma resposta.

Paulo Roberto Campos disse...

Em resposta à questão acima sobre Sto. Elias e Dom Sebastião:

Nas Sagradas Escrituras, assim é narrada a subida de Elias ao Paraíso terrestre: "[o profeta Elias e Eliseu] continuando o seu caminho, e caminhando a conversar entre si, eis que um carro de fogo e uns cavalos de fogo os separaram um do outro; e Elias subiu ao céu em meio de um redemoinho e Eliseu o via e clamava: Meu pai, meu pai, carro de Israel e seu condutor” (4 Reis, 2, 11-12.).

Nada semelhante é conhecido no que concerne a Dom Sebastião.