segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Brasil, Terra da Santa Cruz

  • Hélio Dias Viana (*)
“Águas são muitas; infindas. E em tal maneira [esta terra] é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem. Porém o melhor fruto, que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar”.

As inspiradas palavras de Pero Vaz de Caminha ao rei Dom Manuel sobre a nova descoberta da coroa portuguesa constituem uma demonstração da vocação providencial do Brasil. E chamavam a atenção para o principal trabalho a ser feito: “salvar esta gente”. Neste intuito, apenas aportada, o primeiro ato da expedição cabralina foi mandar celebrar a Santa Missa.

A coroa portuguesa assim agiu porque estava imbuída da noção, ensinada pelo Divino Mestre, de que importa procurar em primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça, pois tudo mais nos será dado por acréscimo. E, pelas mil vicissitudes pelas quais desde então passou o Brasil, esta inspiração primeira nunca deixou de nortear — em grau maior ou menor — os rumos da Nação.

Mas eis que, de uns tempos para cá — com os holofotes da mídia nacional e internacional assestados permanentemente sobre quem o diz, atribuindo-lhe uma popularidade que o povo desconhece — se vem falando com jactância e insistência que “nunca antes neste País” se opera uma mudança sem precedentes nos últimos 500 anos. Ao mesmo tempo, vizinhos nossos da Venezuela, Equador e Bolívia também falam com análoga insistência de uma enigmática refundação de seus países.

Refundar — o próprio verbo o indica — é tornar a fundar algo previamente fundado. Ora, tanto o Brasil como as nossas simpáticas nações vizinhas já o foram quando de suas respectivas descobertas e colonizações. Mas como elas se deram sob o signo da Cruz, tratar-se-ia pelo visto de fazer cessar a influência da religião para substituí-la por outra.

A chave dessa refundação estaria delineada no Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), cuja radicalidade, abrangência e animadversão religiosa o levaram ao extremo de proibir a ostentação de símbolos cristãos (no que ele é coerente com declarações dos presidentes dos mencionados países vizinhos, que não se pejam em afirmar que a Igreja Católica não deve ter lugar ao sol).

Muito além, portanto, do aborto, do “casamento” homossexual, da legalização da prostituição ou dos atentados ao direito de propriedade — para só citar estas aberrações contidas no PNDH-3 —, é toda a concepção cristã da sociedade que se quer extinguir, para substituí-la por outra que só pode ser a da fracassada sociedade atéia e igualitária do comunismo!

Mas artifício ou poder algum da terra poderá contra Aquele que esculpiu a Cruz no nosso céu. E que do alto do Corcovado nos abençoa e protege — desdenhoso para com as sombras com que o foco da ignomínia tenta inutilmente neste instante empanar Sua glória inatingível e imortal!
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(*) Hélio Dias Viana é colaborador da ABIM

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