Pe. David Francisquini
Como nos ensina Plinio Corrêa de Oliveira, “em suas instituições, em sua universalidade, em sua insuperável catolicidade, a Igreja é um verdadeiro espelho no qual se reflete nosso Divino Salvador”.
Também na sua exterioridade — na arquitetura, na escultura, na pintura, na música, etc. — a Igreja deve refletir as perfeições de seu divino Fundador, impregnando com elas as almas dos fiéis. É por isso que as boas obras de arte são uma expressão da Verdade, do Bem e do Belo, cujo absoluto é Deus, e que as obras de arte extravagantes são o contrário disso...
Assunção de Nossa Senhora aos Céus (do pintor espanhol Joan de Joanes, séc. XVI) |
Portanto, negar as imagens é negar essa ação e a própria atuação do Espírito Santo. Ele conduz a Igreja a cumprir sua missão aqui na Terra. Ademais, elas servem também para assinalar a diferença entre a verdadeira Igreja de Jesus Cristo e as seitas protestantes. Não se trata de idolatria, mas de expressão visível do ensinamento do Divino Espírito Santo.
Romper com isso corresponde romper com a Igreja, uma, santa, católica, apostólica, romana. Por isso, São João Damasceno [pintura abaixo], polemista de renome e de grande cultura teológica, afirma que no Antigo Testamento Deus nunca fora representado em imagens, porque era incorpóreo e sem rosto.
Contudo — continua o santo oriental —, tendo Deus se encarnado e habitado entre nós, não só podemos, mas devemos representar aquilo que é visível em Deus. Fazendo-o não veneramos a matéria, mas o Criador da matéria. Na verdade, Ele se fez matéria por nossa causa e se dignou habitar na matéria e realizar nossa salvação através da matéria.
São palavras de São João Damasceno: “Não cessarei de venerar a matéria através da qual chegou a minha salvação. Não a venero de modo algum como Deus! Como poderia ser Deus aquilo que recebeu a existência a partir do não-ser? [...] Mas venero e respeito também a matéria que me propiciou a salvação, enquanto plena de energias e de graças santas”. (São João Damasceno, Contra imaginum calumniatores, I, 16, Ed. Kotter, pp. 89-90).
Não é por acaso matéria o madeiro da Cruz três vezes santa? E a tinta e o livro santíssimo dos Evangelhos não são igualmente matéria? E o altar da salvação que nos dispensa o pão de vida não é matéria? Não é verdade que a carne e o sangue do Nosso Senhor Jesus Cristo são da mesma forma matérias?
Portanto, não ofenda a matéria. Ela não é desprezível, porque nada do que Deus fez é desprezível.
Nenhum comentário:
Postar um comentário