segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Os sinos não tocam mais


Pe. David Francisquini (*)

Ombro a ombro com Pio IX encontra-se a personalidade imponente e categórica de São Pio X. Ambos os papas representam uma unidade de pensamento e ação como timoneiros da barca de Pedro ao proclamarem alto e bom som o princípio do absoluto sobre o relativismo religioso e moral.

O bem moral deve prevalecer sobre todas as coisas porque o ser humano foi criado para Deus. Em sua encíclica “Sobre a Liberdade Humana”, Leão XIII ensina que a igreja Católica, única detentora da verdade, é também a única defensora da doutrina da liberdade como da simplicidade, espiritualidade e imortalidade da alma humana.

Com proteção da liberdade a Igreja tem salvado da ruína este grande bem do homem. Os seres irracionais obedecem a seus instintos e são impelidos para aquilo que lhes é útil, ou seja, a defesa e conservação da vida. O homem dotado de razão e vontade advindas de sua alma espiritual torna-se o senhor de seus atos.

Quanto aos bens naturais, compete a ele escolher o que lhe parece viável. Quanto à ordem moral, sua finalidade última é Deus. Portanto, o homem simples e espiritual procura a verdade e o bem moral. Depois da Revelação, a Igreja Católica é meio necessário para se salvar. O fiel deve fugir dos erros e das falsas religiões.

O sincretismo religioso foi condenado por vários papas antes do concílio Vaticano II. São Pio X condenou as associações interconfessionais ao afirmar que a verdadeira civilização só se dá com a religião verdadeira. O que não for isso serão aberrações sociais como socialismo, comunismo, nazismo e ditaduras islâmicas.

Surpreendem algumas declarações eclesiásticas ao propor convívio amistoso com as demais religiões, respeito mútuo à religião do outro, aos seus ensinamentos, símbolos e valores, chegando mesmo a pregar respeito especial para com seus chefes religiosos e seus lugares de culto. 

Os inovadores costumam apelar para o sentimento quando ressaltam os ataques recíprocos, pois são fontes de consternação e de muita dor! Mas com tal procedimento renuncia-se à polêmica, à noção de bem e de mal, além do princípio de que existe tão-só uma religião verdadeira instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Em nome de uma inovação eles vão afastando as pessoas da verdadeira religião e matando a fé nas almas, à semelhança de um processo de autodestruição do monolítico edifício multissecular da Igreja Católica. Infelizmente assistimos a uma conduta paradoxal, a destruição daquilo que deveriam conservar e defender.

Matéria já antiga, mas elucidativa, soa como advertência a muitos inovadores. Em palestra aos bispos em 1977, o publicitário Alex Periscinotto chamou-lhes a atenção para a pastoral moderna. Enquanto aconselham os fieis a respeitar os símbolos pagãos ou heréticos, põem fora os símbolos e costumes católicos.
Igreja Nossa Senhora das Dores, Paraty, RJ [Foto PRC]
E ilustra: os sinos nas torres das igrejas não tocam mais; os véus para as senhoras foram abolidos; as confissões auriculares no confessionário foram eliminadas; faltam as torres altaneiras nas igrejas com a cruz em cima e arquitetura sacral dos edifícios; as solenidades e cerimônias litúrgicas foram vulgarizadas, como são as missas modernas; o uso de instrumentos musicais profanos na liturgia substituindo as harmonias sacrais do órgão.

O publicitário ainda lembrou aos bispos o desuso da batina por parte dos religiosos, e de tantos outros costumes que marcavam a presença da Igreja. Vale lembrar ainda a dificuldade imposta para o atendimento aos fieis, como a preparação para casamento e batismo, o que tem afastado muita gente da prática religiosa.

Diante disto, tem-se notado uma reação sadia por parte de clérigos e até mesmo de muitos fieis desejosos de retomar aos costumes tradicionais. São reações sadias como estas que confirmam a promessa de Nosso Senhor Jesus Cristo de que as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja.
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(*) Sacerdote da igreja do Imaculado Coração de Maria, Cardoso Moreira - RJ

Um comentário:

Murillo disse...

Parabéns Padre David Francisquini!
Que diferença daqueles tempos em que os sinos tocavam anunciando, por exemplo, belas cerimônias religiosas, com o esplendor dos andores, dos turíbulos, dos magníficos trajes eclesiásticos. Hoje, por assim dizer, desejam trocar os sinos por buzinas estridentes, certamente pré-fabricadas no tristemente célebre Concílio Vaticano II. De nossos dias o que dizer? Dá vontade de não dizer nada, mas vale lembrar do que disse o Papa Paulo VI: A FUMAÇA DE SATANÁS ENTROU NA IGREJA DE DEUS. Mas pra a maldita fumaça entrar... alguns abriram as janelas para ela...
Padre David peço orações na Missa por minha família. MAS ESPECIALMENTE PARA QUE OS SINOS VOLTEM A TOCAR!!!