- Pe. David Francisquini(*)
No artigo anterior, manifestei minha perplexidade – sobretudo enquanto sacerdote – diante do programa da neomissiologia adotada pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI). Os próprios índios não querem ficar no estado em que se encontram. Em contato com a civilização, eles querem viver com dignidade, com saúde, com conforto e bem-estar.
Para entender o que se passa com a neomissiologia, é indispensável o leitor se ater a alguns pontos que a transporta muito além daquilo que Marx e Lenine propuseram. Ela se fundamenta num ponto totalmente falso, ou seja, o de acabar com todas as formas de individualidade, pois isso iria contra o bem comum.Algumas tribos indígenas são antropófagas e seus membros acreditam que comendo o adversário incorporariam neles as “qualidades” do inimigo. No ser humano, é preciso fazer uma justa distinção entre a pessoa e o seu egoísmo, pois é falso concluir que o homem, vivendo e trabalhando para si e para os seus, seja egoísta e inimigo da sociedade e do bem comum.
A falsa solução que os neomissionários apresentam é que a salvação do “bem comum consiste em que a pessoa seja totalmente absorvida, padronizada e dirigida pela coletividade. Seria o único meio de nos evadirmos do caos infernal do egoísmo”. (Plinio Corrêa de Oliveira, "Tribalismo indígena, ideal comuno-missionário para o Brasil do século XXI", Editora Vera Cruz Ltda., 7ª edição, São Paulo, 1979, p. 41)
Sob tal prisma pode-se compreender a celeuma em torno dos índios, em particular o que vem ocorrendo em nossos dias em Roraima. Não passa pela cabeça dos índios tal concepção, pois ela vai tão longe que nem mesmo o antigo regime soviético professava concepção tão coletivizada de sociedade como preconizam os corifeus da neomissiologia.
Os pregoeiros desse regime, com veemência furibunda, querem o desmantelamento do Estado e de todos os organismos que o integram. O Estado – conforme asseguram – deve desfazer-se em uma galáxia de corpúsculos mais ou menos justapostos e tão autônomos quanto possível. Daí, certamente, a reação do comandante militar da Amazônia, em recente pronunciamento, ao qualificar de caótica a atual política indigenista e atentatória à soberania nacional.
Já em 1560, o Padre Luis da Grã relata que convocou para uma reunião os chefes indígenas da Bahia e os fez comprometer-se, com um juramento, a respeitar quatro pontos: Não ter senão uma mulher; não se embebedar; não dar ouvidos aos pajés; não matar nem comer carne humana. Podemos assim avaliar o que já era naquela época a catequese, a pregação e o ensinamento tradicional junto aos índios. Consistia ela numa série ininterrupta de ensinamentos visando a integração dos indígenas na sociedade cristã.
Anchieta reconhece em carta de 1555 que os índios eram tão indômitos em comer carne humana e a não reconhecer a autoridade, que ele não via outro remédio senão a Europa enviar para cá gente para colonizar e civilizar os silvícolas. Hoje, o CIMI se envolve em luta de raças para conservar os pobres índios no estado de barbárie. Defendem a nudez deles como coisa normal, quando lemos no Gênesis que foi o próprio Deus quem confeccionou e ensinou nossos pais Adão e Eva a se cobrirem, após o pecado original e quando foram expulsos do paraíso.
E o CIMI teima em pregar o contrário do mandado de Jesus Cristo aos Apóstolos: evangelizar, ensinar, batizar e difundir a fé cristã a todos os povos da Terra, como condição para a salvação eterna de suas almas. Diante disto o que fazer?
Devemos rezar a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, para proteger nosso País da desintegração que o ameaça. Que Ela proteja e preserve os índios dessa neomissiologia; que Ela os converta; que Ela proteja todos os brasileiros e faça com que eles vejam e reajam à neomissiologia com a fibra de nossos antepassados, que expulsaram o invasor holandês-protestante, no século XVII.
Assim, o Brasil de amanhã será a continuação do Brasil de ontem e de hoje.
(*) Sacerdote da igreja do Imaculado Coração de Maria (Cardoso Moreira –– RJ)
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