- Nelson Ribeiro Fragelli(*)
E para que os visitantes vindos de toda parte não tivessem uma impressão pouco dinâmica do povo, o governo obrigou todos –– homens, mulheres e crianças, minorias étnicas –– no inverno como no verão, a fazer ginástica nas praças e parques públicos.
Pequim está pontilhada de aparelhos de ginástica azuis e amarelos. Foi-se o tempo em que Pati-Chu-Li tocava flauta de bambu, à sombra de cerejeiras em flor.
Já nos anos 50 foram introduzidos, segundo o modelo soviético, exercícios físicos obrigatórios. Mais tarde, durante a revolução cultural, Mao Tsé-Tung os aboliu. O esporte, dizia o ditador, é afim com a civilização de consumo e, portanto vulgar.
Agora, o regime comunista determinou o oposto. “É preciso combater a obesidade e os males da civilização”, dizem os atuais dirigentes. E todos têm que sair cedo, alguns ainda de pijama, para fazer barra, flexões, dar pulinhos de galo e outros exercícios. E tudo é ritmado: entoam canções patrióticas, assobiam, batem palmas, levantam pesos, as mulheres praticam danças em grupos.
E se alguém faz “corpo mole”, um instrutor usa seu alto-falante e o expulsa do campo. As mulheres não estão contentes. A tradição chinesa ainda exige delas a alvura da pele, mas com exercício físico, ao ar livre, elas a perdem. Procuram então compensar, comprando cremes de branquear a pele.
Com métodos despóticos, procura a China comunista entrar na sociedade de consumo. A iniciativa é grotesca. Os chineses vêm tudo isso com muita antipatia. Mas não têm escolha, pois o regime assim o quer.
(*) Nelson Ribeiro Fragelli é colaborador da ABIM
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