quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Quem nunca ouviu a voz da consciência (II)

  • Padre David Francisquini
Em recente artigo, consideramos a consciência como a voz de Deus que comunica alegria ou tristeza às almas conforme suas ações boas ou más. Avaliamos ainda a consciência delicada e a embotada: a primeira foi comparada a uma balança de alta precisão, enquanto a segunda, a uma balança rústica e viciada.

Vale dizer que para as pessoas de consciência depravada os maiores pecados são permitidos, pois se encontram prenhes de maus hábitos e costumam afirmar que errar é próprio dos homens. Habituadas às quedas, elas se tornam insensíveis à voz da consciência e suas respectivas censuras.

Transpondo a matéria ao campo social, podemos afirmar: se a opinião de um grupo social é sensível ao se manifestar diante de um pequeno alerta, tal grupo será composto de pessoas de consciências delicadas. Caso contrário, ele não passará de uma massa que perdeu a noção de bem e de mal, inata no homem. É então que viceja uma geração de adúlteros e ladrões.

Através dos meios de comunicação, somos continuamente bombardeados com notícias escandalosas e crimes hediondos semelhantes a um “tsunami de lama”. Se não formos sensíveis a esse contínuo apelo à relativização que nos assola, poderemos ser arrastados por tais avalanches.

Assim como as pessoas que passam a residir à margem de uma rodovia ou ferrovia acabam se habituando ao barulho, igualmente os espíritos de hoje vão se acostumando com toda sorte de perversidade e já não reagem diante de nada, pois não querem se comprometer por medo de represálias.

Torrentes de iniqüidades vão se avolumando ao nosso derredor. A cada instante, sem que nada se lhes oponha, atualmente os homens ofendem gravemente a Deus e, ao mesmo tempo, colocam em risco os próprios justos, ameaçados e perseguidos que são por amor à justiça divina.

E muitos legisladores, com determinação e persistência próprias a consciências inescrupulosas, vão gerando leis iníquas, enquanto a sociedade vai sendo subvertida e sucumbindo diante da enxurrada de lama do imenso tsunami psicológico revolucionário que parece não conhecer limites.

Medite, leitor, as palavras bradadas há 300 anos pelo grande missionário mariano São Luís Maria Grignion de Montfort: “Vossa divina fé é transgredida; vosso Evangelho desprezado; abandonada vossa Religião; torrentes de iniqüidade inundam toda a Terra e arrastam até os vossos servos; a Terra toda está desolada; a impiedade está sobre um trono; vosso santuário é profanado e a abominação entrou até no lugar santo”.

“E assim deixareis tudo ao abandono, justo Senhor, Deus das vinganças? Tornar-se-á tudo afinal como Sodoma e Gomorra? Calar-Vos-ei sempre? Não cumpre que seja feita Vossa vontade assim na Terra como no Céu, e que a nós venha o Vosso reino?”
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(*) Sacerdote da igreja do Imaculado Coração de Maria (Cardoso Moreira – RJ)

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