Leo Daniele (*)
O suspense cansa.
Imaginemos um carro à beira do precipício. Um verdadeiro
abismo com todas as suas características, inclusive o convite gritante para a
ação da força da gravidade. O vazio sobe no nosso peito, nos incomoda, o
impacto do episódio nos impressiona. E se …? O motorista do carro, entretanto,
está despreocupado. Os passageiros também. Mas a tragédia é para dentro de
segundos.
Digamos que a cena seja a ilustração com a qual abrimos
todos os dias nosso computador (que mau gosto, não?). Ao cabo de um ano, a
ilustração só impressiona visitantes. Para nós, apenas causa bocejos. Ficou
rotineira.
Hoje, como numa dança macabra, a tragédia se repete sem
parar numa escala mundial. São desastres atrás de desastres. Filhos matam seus
pais, mães assassinam seus filhos (nem estou falando do aborto). Professoras
escandalizam seus alunos. A moralidade se precipita, como o carro do início
deste artigo. Os homossexuais pretendem “casar-se”. O mais alto edifício de
mundo é derrubado por terroristas (lembra-se?). Terroristas massacram 20 ou 50.
Em alguma parte do globo, a cada 5 minutos acontece o martírio de um católico,
segundo li neste mesmo site.
E as pessoas que deveriam dar brados de alerta, ter lágrimas
de pranto, soltar clamores de indignação, bocejam.
Contribuem para o cansaço geral, limitando-se a dizer de vez
em quanto: “É lamentável…” E ficam por aí. Eu também fico por aqui. A opinião
pública assiste, cansada.
“Quais as causas dessa ingenuidade obstinadamente cega, que
penetrou em tantos, grandes ou pequenos, cultos ou ignorantes, moços ou
velhos?”, perguntava, nas páginas da Folha de S. Paulo, Dr. Plinio Corrêa de Oliveira em 1968 (28
de agosto).
O fenômeno é o mesmo. Ele responde: “É o cansaço, o terrível
cansaço de ser lógico, sério, coerente e arguto”. Sim, estaremos cansados, o
excesso de informações na internet, imprensa, rádio, TV, continuando a produzir
esta estafa.
Mas convém ter presente que o autor afirma, no mesmo artigo:
“Pode-se dizer que em muitas guerras ou tensões internacionais, ganhou quem,
até o fim, não se deixou penetrar por esse amolecimento fatal”.
Sejamos um destes. Sacudamos o torpor. O momento presente
no-lo pede. Nossa Senhora nos ajudará.
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(*) Léo Daniele é colaborar da ABIM
Um comentário:
É deste este cansaço que vem uma tristeza e frustação por mim vivido há bastamte tempo que tem me afastado das rêdes sociais e do convívio cada vez mais mesmo sabendo que esta atitude não é em nada benéfica. Porém ao contrário do que tais realidades podem ocasionar, este texto traz uma identificação e renova a esperança de que temos de continuar firmes, sérios e coerentes. Impressionante como para o bem um sopro de incentivo funciona. Obrigado.
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