Destaque Internacional
Embora a maioria dos votantes hispanos se interesse mais por problemas econômicos e de imigração, uma minoria ativa considera relevante o tema da política externa norte-americana com relação à América Latina, e continua pensando que a política de Obama para esta região foi um desastre para a causa da liberdade
2. São três os Estados nos quais a presença hispânica é especialmente decisiva: Florida, Nevada e Colorado. E pelo fato de que até o momento não exista uma diferença substancial de potenciais votantes do candidato democrata e do candidato republicano, esses votantes hispânicos constituem uma minoria que pode ser especialmente decisiva no resultado eleitoral.
3. Outra constatação que dentro de um quadro disputado não pode ser subestimada: embora a maioria dos votantes hispânicos se interesse mais pelos problemas econômicos e de imigração, uma minoria bastante ativa considera relevante o tema da política externa norte-americana com relação à América Latina, e continua pensando que a política de Obama para esta região foi um desastre para a causa da liberdade. Dessa minoria mais ideologizada de hispânicos, que se opõe à política de concessões de Obama para com Chávez e os Castro, pode depender então o resultado eleitoral no caso em que, como se disse, as intenções de voto continuem parecidas entre ambos os candidatos presidenciais.
4. Aqui entra em cheio o papel dos cidadãos norte-americanos de origem cubana, venezuelana, colombiana, argentina, equatoriana, hondurenha, salvadorenha, nicaragüense, etc., que de uma maneira ou de outra sofreram ou sofrem, direta ou indiretamente, os efeitos chavista e castrista em seus respectivos países.
5. As considerações anteriores, a respeito da influência decisiva da minoria de hispânicos mais politizada, não constituem um mero cálculo no ar, senão que têm fundamento na realidade, especialmente no que se refere ao estado da Flórida. E a atual preocupação da equipe do presidente e candidato Obama se justifica pelo histórico decisivo que a Flórida teve em várias eleições.
Os norte-americanos ficaram estarrecidos com o brutal "resgate" do
pequeno Elián, efetuado por agentes do Serviço de Imigração, e devolvido a
Fidel Castro
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7. Nestas eleições presidenciais não estão em jogo somente os debates sobre a economia e a imigração, cuja importância obviamente não se desmerece, mas também existem temas ideológicos subjacentes que preocupam um setor do eleitorado mais reduzido, porém influente. Essa minoria percebe a importância de que os Estados Unidos tenham uma política externa articulada com relação à América Latina: frear as esquerdas regionais, porque disso depende em boa medida o futuro dos próprios Estados Unidos. Nesse sentido, a comunidade cubano-americana da Flórida tem, novamente, uma enorme responsabilidade histórica diante dos Estados Unidos, de Cuba e da América Latina. Responsabilidade histórica, hoje compartilhada pelas comunidades de outros recém nomeados que sofreram e sofrem nas mãos de governantes de esquerda.
8. Esses cubano-americanos e latinos, votantes da Flórida e de outros estados com fortes contingentes hispânicos, têm que fazer todos os esforços eleitorais que estejam em suas mãos para evitar uma vitória de Obama. Isso constituirá uma ajuda decisiva ao país que os acolheu e, no caso dos cubano-americanos, trata-se também de uma obrigação moral com relação à causa da liberdade em Cuba.
9. As próximas eleições presidenciais norte-americanas contêm um paradoxo no que diz respeito aos votantes de origem hispano-americana. Durante décadas, os sucessivos candidatos presidenciais norte-americanos, e os respectivos governos de todas as tendências, salvo as honrosas exceções, ignoraram a América Latina. De repente, os atuais candidatos presidenciais abrem seus olhos e percebem que o continente ignorado entrou nos próprios Estados Unidos. E o fez de uma maneira tal, que os votantes de origem latina podem ter esse papel eleitoral decisivo.
10. Não somente o futuro dos Estados Unidos, senão o das Américas, passa então a depender, em boa medida, dos votantes de origem hispânica e para onde estes inclinem a balança dessa grande nação. Finalmente, é interessante se perguntar em que medida determinados temas religiosos e morais levantados pelos ativos movimentos pró-vida, que estão suscitando interessantes debates em setores do público dos Estados Unidos, poderão também influir na votação desse contingente hispânico-latino dos Estados Unidos.
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Editorial anterior sobre o tema: Estados Unidos: eleições presidenciais, América Latina e Cuba (Destaque Internacional, ano 14, nº 363, 27 de agosto de 2012). (O exemplo mais desastroso da aposta obamista em prol dos pseudo-“moderados” foi o apoio de Obama ao então presidente Lula, do Brasil, a quem chegou a elogiar como um modelo de aliado confiável).
Destaque Internacional - Ano XIV - nº 365 - 17 de setembro de 2012. Editorial interativo. Responsável: Javier González. São bem-vindas sugestões, opiniões e críticas. E-mail: destaque2016@gmail.com. O presente texto pode ser difundido livremente, inclusive sem citar a fonte.
Tradução: Graça Salgueiro
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