quarta-feira, 31 de julho de 2013

A decisiva classe média, último alvo do igualitarismo


Leo Daniele (*)
Ah! Famosa classe média! É difícil encontrar algo mais árduo de definir, pois se trata de um conjunto extremamente móvel, fluido e em grande crescimento, sobretudo agora que as classes sociais já não mais podem ser representadas com um triângulo como sempre, mas à maneira de um losango, como mostram os gráficos acima. Tendo ultrapassado em número a classe mais baixa, ela é o eixo do losango e da população deste País.

Possui bastante elasticidade. Num extremo, ela pode compor-se da famosa “burguesia de alto de morro” — de burgueses que decidiram morar em favelas, de tal maneira estava dura a vida aqui em baixo. Noutro extremo, podem pertencer a ela os que com um golpe de sorte ou de habilidade podem tornar-se pequenos — ou quem sabe, grandes — milionários. Entre estas pontas, está a classe média.

Triângulo ou losango, o que é certo é que ela é detestada, por dominar com seu número e sua posição, a figura das classes. Ela é o núcleo da opinião pública, e decisiva para as esquerdas, porque o pânico do burguês é indispensável para o triunfo dos subversivos.

Abaixo toda superioridade, dizem os igualitários. Não julgo que a classe média seja isenta de defeitos, mas nessa investida atual contra ela há um odor de sem-terra ou de reforma agrária indisfarçável e que incomoda.

Veja-se este brado de ódio: “A classe média é o atraso de vida, […] é estupidez. É o que tem de mais reacionário, conservador, ignorante, petulante, arrogante, terrorista”. Dir-se-ia que são palavras de um sans-culotte contra um aristocrata na Revolução Francesa ao pé da guilhotina, mas é a xingação de pessoa graduada das esquerdas para com a classe média, de hoje, e no Brasil. A autora destas palavras é a profa. Marilena Chauí [foto], e seu destempero vai adiante: “A classe média é uma abominação política porque ela é fascista, uma abominação ética porque ela é violenta, e uma abominação cognitiva porque é ignorante”.[1]

As forças contrárias à classe média nada seriam se não tivessem a seu lado um batalhão muito poderoso. Com muita dor, estou me referindo a uma parte dos eclesiásticos, que cerram fileiras com a esquerda em busca dos mesmos ideais anticlasse média.

Há já quarenta anos, Plinio Corrêa de Oliveira alertava: “Conseguiu [o comunismo] levar certo número de clérigos e de católicos leigos transviados a tentar com suas próprias mãos o estrangulamento da Igreja. Agora, tenta ele induzir a massa dos burgueses a estrangular com suas próprias mãos a classe [média] a que pertencem”.[2]

Surgem então os “igualitários de confessionário”, açulados pelo esquerdismo católico nivelador que se alimenta da inveja. Se quisermos saber para onde vai essa nova classe média como um todo, olhemos para a juventude de manifestações como a de 14 de março p.p, com 1,4 milhão de pessoas (a maior manifestação pública da história da França).[3] Todos contra o matrimônio homossexual. A juventude é o futuro e através de acontecimentos como estes poderemos saber para onde vai a classe média, que sob muitos aspectos é a medula da sociedade.

Exclama o conhecido jornalista francês Ivan Roufol: “A esquerda esfrega os olhos. Ela foi despojada do que lhe era mais querido!”[4] Realmente, a esquerda cheira a mofo depois de estar perdendo a juventude.
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[1] “O Globo”, Merval Pereira, 23-7-13. 
[2] “Folha de São Paulo”, 15-3-70. 
[3] Recomendo a leitura do artigo de Alejando Ezcurra Naón, Estará nascendo a Contra-Revolução francesa? (Catolicismo, nº 750, junho 2013). 
[4] Alejando Ezcurra Naón (Catolicismo, nº 750, junho 2013).

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(*) Leo Daniele colaborador da Agência Boa Imprensa (ABIM)

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