Estátua do Rei David (obra de André-Jean Lebrun), venerada na Basílica dos Santos Ambrósio e Carlos Borromeu, na Via del Corso, em Roma. [foto PRC] |
· Pe. David Francisquini (*)
O esmero aplicado na construção do Templo de Jerusalém não consistiu apenas no impulso inicial dado pelo Rei David para que a edificação fosse monumental e digna para abrigar a Arca da Aliança. Advertido pelo próprio Deus, ele sabia que a grandiosa empreitada caberia a seu filho Salomão, ao qual, como pai, quis facilitar e incentivar. Soube, todavia, encontrar forças suficientes para reunir a elite e movê-la com vistas àquela edificação, a fim de que o Templo representasse também poder, grandeza e autoridade.
Este, tampouco, poderia ser uma simples habitação, pois não se destinaria a abrigar pessoas, mas a cultuar o Senhor Deus dos Exércitos — o Deus vivo, criador de todas as coisas, transcendente, absoluto e perfeitíssimo. Lugar de paz, harmonia e bem-estar. Era, pois, imperativo para David empregar os mais talentosos artistas do reino para manusear o ferro, a prata, o ouro, a madeira, a pedra, o cobre, o bronze, e outros requintados materiais que seriam utilizados para ornar a Casa de Deus.
O próprio rei deixou soma considerável de recursos acumulados durante toda a sua vida: “100 mil talentos de ouro, um milhão de talentos de prata, além de diferentes vasos de ouro e de prata, de enorme quantidade de cobre, ferro, madeira, mármore e pedras de grande valor”. E ainda deixou — de seu tesouro particular — “três mil talentos de ouro de Ofir e sete mil talentos de prata para o revestimento das paredes do santuário. Como as necessidades serão grandes e os operários precisarão ter à mão o ouro e a prata exigidos por obras tão numerosas e tão importantes, se alguns dentre vós quiserem concorrer de boa vontade para a edificação da casa de Deus que abra generosamente as mãos e apresentem as dádivas ao Senhor”.
Nesse dia, as ofertas solicitadas pelo rei somaram o montante de “cinco mil talentos de ouro, dez mil talentos de prata, 18 mil de cobre e 100 mil de ferro, com todas as pedras preciosas que cada qual possuía. Essas ofertas, entradas no tesouro do Templo, foram confiadas à guarda do levita Jeiel. Foram dons espontâneos oferecidos de todo coração a Deus e que provocaram na assembleia uma autêntica vaga de júbilo” (1- Par 29,1-9).
Cheio de encanto, com a instituição e fundação da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, o Antigo Testamento iluminou o Novo Testamento. Se Nosso Senhor ressalta que não veio destruir a Lei e os profetas, e instituiu a Igreja — fora da qual não há salvação —, é porque ela deveria superar a lei antiga, até mesmo na edificação de seus templos. É verdade que o requinte e o esplendor de nossas igrejas devem contribuir de modo ponderável para o cumprimento do primeiro e maior de todos os Mandamentos: “Amarás o teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo entendimento”. Esse máximo Mandamento nos leva a praticar este outro: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22, 34-46).
A melhor maneira de amar o próximo é fazer-lhe benefícios espirituais que o conduzam por sua vez a amar a Deus com todas as veras de sua alma. E para esse fim, nada é tão eficaz como a construção de templos sagrados cujo ambiente propicia a celebração de belas cerimônias religiosas, bem como o ensino da doutrina deixada pelo Divino Mestre. A propósito, comprometo-me com os leitores de voltar ao assunto tão logo me seja possível. Até lá.
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(*) Sacerdote da igreja do Imaculado Coração de Maria, Cardoso Moreira - RJ
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