Hélio Dias Viana
O mundo acompanha, entre estarrecido e interrogativo, as conseqüências do ciclone que açoitou Mianmar, seguido pouco depois do monumental abalo sísmico ocorrido no coração da China, catástrofes que sepultaram até o momento dezenas de milhares de pessoas. E se pergunta, no fundo, se isso já não seria um sinal de que a poderosa mão do
Rex regum et Dominus dominantium – Rei dos reis e Senhor dos senhores – começou a se abater sobre o caótico e pecaminoso acontecer humano, a fim de lhe alterar o curso na perspectiva da Mensagem de Fátima.
Esquecidos de que
“se o Senhor não edificar a cidade, trabalharão em vão os que a edificam” e que se Ele não a vigiar,
“vigiarão em vão os que a custodiam”, os homens erigiram loucamente uma civilização, fazendo não somente abstração de Deus, mas voltada contra o próprio Criador. Resultado: esta se tornou inviável, bastando, para comprová-lo, cada um olhar o que acontece em torno de si, de sua família e da sociedade em geral, e, por fim, no próprio Estado.
Essa crise atingiu – oh dor! – até a Santa Igreja Católica Apostólica Romana, invadida que foi pela “fumaça de Satanás” e pelo terrível processo de “autodemolição” aos quais se referiu Paulo VI, a partir do momento em que João XXIII decidiu abrir de par em par as janelas do Santuário – como então declarou – e nele penetraram os ventos pestilentos do mundo moderno.
Os resultados não se fizeram esperar.Os sacerdotes são o
“sal da terra e a luz do mundo”. Se o sal deixa de salgar e a luz de iluminar, como pode o mundo subsistir? Fizeram-se pois trevas sobre ele, e os desatinos cada vez maiores que presenciamos – e que só tendem a aumentar – correspondem ao que acontece na escuridão quando já não existem as luzes da razão e as leis da moral.
À medida que “autodemolição” ia se operando e a “fumaça de Satanás” penetrando no recinto sagrado, as novas vocações sacerdotais iam se escasseando e as igrejas esvaziando. Com o gradual abandono da batina e do confessionário, encheram-se os consultórios dos psiquiatras e psicólogos de pessoas que antes encontravam solução para muitos de seus problemas numa boa confissão.
Os sinos tangiam alegremente, convidando para a Missa matutina. Celebrada invariavelmente em latim, a comunhão era recebida na boca pelos fiéis ajoelhados. As mulheres iam vestidas com modéstia e portando véu. Todo o conjunto exprimia a grandeza do ato que ali se realizava: a renovação incruenta do sacrifício do Calvário. Comparando-se isso com o que acontece hoje, é impossível não exclamar com o Profeta:
“Quomodo obscuratum est aurum” (como se obscureceu o ouro)!
As nações ocidentais passaram cada vez mais a adotar leis contrárias ao Decálogo, sem que as respectivas populações reagissem, afetadas que foram pela crise religiosa e moral, bem como pela corrupção generalizada que encontrou assim campo ainda mais propício para medrar. Até o extremo de as mais civilizadas dentre elas quererem construir, a partir de uma miscelânea de 27 países com costumes e passados diferentes, um super-estado denominado Europa Unida.
Dotado de moeda e de exército únicos, este leviatã arquitetado por burocratas à revelia das populações exige dos países-membros – e até mesmo das demais nações com as quais se relaciona –, entre outras coisas, a adoção do aborto e do casamento homossexual. Muitas pessoas têm inclusive comparado a Europa Unida com uma tentativa de reedição da União Soviética.
Enquanto esse Moloch vai sendo assim montado – mercê de um arbitrário Tratado assinado em Lisboa pelos muito “democráticos” artesãos da Europa Unida, cujas pretensões haviam sido negadas por referendos na França e na Holanda –, outro Moloch, o chinês, edificado por capitalistas ocidentais para se tornar a grande potência mundial, dá sinais de ameaçar a desabar... sob o peso mão de Deus. Pois é bem sabido que as autoridades comunistas estão ocultando o quanto possível a verdadeira extensão dos danos causados.
Caso essa hipótese venha a se confirmar, falaria simbolicamente em favor dela o fato de em 7 de maio último, cinco dias antes do terremoto, a Orquestra Filarmônica de Pequim ter executado o
“Réquiem” de Mozart para Bento XVI, no Vaticano, enquanto os católicos chineses eram proibidos pelo governo de se dirigirem ao Santuário de Nossa Senhora Auxiliadora, para sua festa no dia 24 de maio. A Filarmônica teria assim executado o
“Réquiem” do próprio regime comunista chinês e de suas pretensões de grande potência.
Deus irridebit. ("Agência Boa Imprensa")