domingo, 28 de abril de 2013

O Papa Francisco e o teste cubano

Havana - No centro da capital cubana reina a pobreza comunista, os prédios estão caindo aos pedaços, os automóveis mais modernos são da década de 50. 

§  Armando Valladares (*)

Francisco, o primeiro pontífice latino-americano, em seu recente discurso ao corpo diplomático destacou a pobreza física e a pobreza espiritual como dois grandes males do século XXI, e se compadeceu do “sofrimento” que suas vítimas enfrentam.

Ao ler esse discurso papal sobre o flagelo da pobreza, não pude deixar de lembrar dos meus irmãos cubanos, pobres entre os mais pobres latino-americanos e caribenhos, vítimas de mais de 50 anos de comunismo. Evoquei tantos lances lamentáveis da diplomacia vaticana para Cuba comunista nas últimas décadas, que de uma maneira ou de outra favoreceram a continuidade da ditadura cubana. E me perguntei com legítima expectativa, enquanto católico cubano, qual será, durante este novo pontificado, a orientação da diplomacia vaticana para a pobre Cuba, a outrora “pérola das Antilhas”? Até o momento, não são muitos os elementos de que se dispõem para levantar uma hipótese sobre o que poderá ocorrer. Trata-se, sem dúvida, do teste cubano.

A expectativa e até a ansiedade dos cubanos sobre os rumos da diplomacia vaticana para Cuba comunista se justifica, porque o drama da ilha-cárcere já se prolonga durante demasiado tempo. Depois da viagem de João Paulo II a Cuba, em 1997, o então arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, publicou o livro “Diálogos entre João Paulo II e Fidel Castro” (Ed. Ciudad Argentina, Buenos Aires, 1998), [foto] uma edição que parece estar esgotada, porém que na eventual re-edição poderá dar luz sobre o pensamento de Francisco sobre o problema cubano.

Diversos comentaristas lembraram o papel do arcebispo de Buenos Aires, cardeal Bergoglio, como presidente da comissão de redação do documento da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe (CELAM), cujos membros se reuniram no Santuário de Nossa Senhora Aparecida, Brasil, em 13 de maio de 2007. Francisco teria presenteado tal documento a mandatários recentemente recebidos em audiência pelo novo pontífice, como foi o caso da presidente argentina.

Em maio de 2007, antes dessa reunião da CELAM, tive oportunidade de enviar “minha angustiada interrogação, enquanto católico cubano e ex-preso político nos cárceres comunistas durante 22 anos, a respeito de se esta reunião da CELAM abordará o drama dos católicos cubanos ou se, mais uma vez, optará pelo silêncio”. Também constatava que “o sofrimento espiritual do rebanho católico cubano em relação à atitude complacente dos pastores ante os lobos vermelhos é dilacerante”. E lembrava que durante a reunião do Encontro Nacional Eclesial Cubano (ENEC), o então arcebispo de Santiago de Cuba, monsenhor Pedro Meurice, reconheceu que no começo os fiéis católicos cubanos consideravam os eclesiásticos desse país como membros de “uma Igreja de mártires”, mas que depois, por essa atitude colaboracionista com a ditadura castrista, “dizem que somos uma Igreja de traidores”. Um resumo dessa mensagem aos participantes da CELAM foi divulgado pela Agência Católica de Informações (ACI): (“Ex-preso político pede que drama cubano não passe desapercebido na 5ª Conferência”, ACI, 06 de maio de 2007).
uma mensagem pública aos membros desse organismo, difundido pela imprensa e nas redes sociais, e entregue em mãos à boa parte dos altos eclesiásticos participantes e a seus assessores, no próprio local do evento, em Aparecida. Nessa mensagem, eu expressava

Lamentavelmente, nessa oportunidade, o silêncio da CELAM sobre o tema cubano foi total.

Dois meses depois, os diretores da CELAM partiram para Havana, para participar da 31ª assembleia ordinária da entidade eclesiástica. Apresentava-se outra oportunidade imperdível para que a CELAM rompesse com o muro do silêncio, da indiferença e da vergonha que asfixia meus irmãos cubanos, pobres entre os mais pobres, órfãos espirituais entre os mais órfãos, que sofrem na ilha-cárcere do Caribe.

Antes de começar o encontro eclesiástico em Havana, autoridades da CELAM haviam recebido comoventes cartas, assim como pedidos de ajuda por parte de fiéis católicos, de mães e esposas de presos-políticos, sobre as generalizadas violações de direitos humanos e religiosos aos habitantes da ilha-cárcere. Depois do encontro eclesiástico houve, inclusive, uma reunião de duas horas e meia entre representantes da CELAM e representantes da ditadura cubana. Não obstante, monsenhor Emilio Aranguren, bispo da diocese cubana de Holguín, se apressou a esclarecer que nessa reunião simplesmente “nenhum desses temas foi posto na mesa”, porque se havia conversado unicamente “sobre os temas que eram verdadeiramente importantes para os bispos presentes”.

No inferno cubano, a asfixia e o extermínio espiritual e físico do pobre rebanho, ao que parece não era um tema suficientemente importante. O bom pastor está disposto a dar a vida por suas ovelhas (Cf. São João, 10,10). O que dizer daqueles pastores que deixam suas ovelhas a mercê do lobo, parecendo ignorar o drama dos fiéis católicos cubanos, pobres entre os mais pobres, física e espiritualmente?

Na “ostpolitik” eclesiástica para Cuba, até o momento foram vários os autores. Entre eles, a secretaria de Estado da Santa Sé, bispos católicos cubanos, cardeais e bispos católicos norte-americanos, e cardeais e bispos católicos latino-americanos. Dediquei ao tema dezenas de respeitosos e sinceros artigos, durante os últimos anos.

Nesta ocasião, evoco esses dolorosos fatos eclesiásticos na angustiada, expectante e filial perspectiva de saber como será a orientação da diplomacia da Santa Sé, durante o prontificado de Francisco, com relação a Cuba. Trata-se do teste cubano. A atual conjuntura da Igreja, interna e externa, talvez seja uma das mais dramáticas de sua História. Que em relação ao futuro da ilha, a Virgem da Caridade do Cobre, Padroeira de Cuba, ilumine a mente, as decisões e os passos dos atuais e mais importantes protagonistas, especialmente, do novo pontífice.
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(*) Armando Valladares, escritor, pintor e poeta. Passou 22 anos nos cárceres políticos de Cuba. É autor do best-seller “Contra toda esperança”, onde narra o horror das prisões castristas. Foi embaixador dos Estados Unidos ante a Comissão de Direitos Humanos da ONU sob as administrações Reagan e Bush. Recebeu a Medalla Presidencial del Ciudadano e o Superior Award do Departamento de Estado. Escreveu inúmeros artigos sobre a colaboração eclesiástica com o comunismo cubano e sobre a “ostpolitik” vaticana para Cuba.  
Dois artigos relacionados, escritos por Armando Valladares: Bento XVI, CELAM e “favela” cubana (30 de abril de 2007) CELAM em Cuba: “diálogo cordial” entre lobos e pastores (27 de julho de 2007) 
Tradução: Graça Salgueiro

quarta-feira, 24 de abril de 2013

As aparências enganam: os carros chineses estão entre os piores

O pequeno comércio chinês tornou-se famoso pela má qualidade de seus produtos; fruto de mão de obra barata e mal remunerada. Que dizer de objetos maiores, por exemplo carros? Que fale o Latin NCAP. Como se diz em algumas partes do Brasil: "por fora bela viola, por dentro pão bolorento". Na foto, o Geely CK (made in China)
§  Leo Daniele

Segundo noticiou Automotive Business, o Programa de Avaliação de Carros Novos para a América Latina, conhecido como Latin NCAP, testou 28 modelos de carros vendidos no Brasil. Os carros chineses JAC J3 e Geely CK [foto] foram julgados os maios inseguros. “Os produtos chineses confirmaram assim sua reconhecida fama de péssima qualidade, da qual misteriosamente pouco se fala na grande mídia” (Luis Dufaur).

Mas por que essa péssima qualidade? Há alguma explicação para isso?

O novo líder do Partido Comunista chinês, Xi Jinping, já ressaltou repetidas vezes a necessidade de combater a corrupção e proibiu demonstrações de extravagância dentro do partido e do Exército.

Aqui está a solução do enigma. Para os comunistas, qualidade é uma extravagância: ela gera a desigualdade, e a desigualdade para eles é o mal supremo. Até Confucio foi atacado por eles, por ter apoiado a burguesia!

Antigamente, o jogo internacional era a China fazer o papel de dragão feroz, e a Rússia de urso sorridente, embora com todos os crimes lesa humanidade que cometeu nem sempre o conseguisse. Hoje, para muitos, o país de Mao Tsé-Tung se converteu em um país ”normal” como os outros, e mais ainda, amante de bugigangas e de vendas no varejo, por exemplo na animada rua 25 de março, em São Paulo.

Comprar produtos chineses ou de qualquer país livre para muitos é a mesma coisa, exceto do ponto de vista da baixa qualidade, ferrete de que os amarelos não conseguem se livrar.

O cúmulo de certa hipocrisia mostrou suas aparências para mim em Boston. Entrei numa loja de artigos religiosos e o impossível aconteceu: encontrei escapulários de Nossa Senhora do Carmo “made in China” à venda, e ainda os possuo até hoje. Posso mostrá-los a quem duvidar. Isso ao mesmo tempo em que persegue os cristãos, e repele como herética a sociedade de classes. O dragão amarelo sabe perfeitamente usar de duplicidade quando lhe convém.

Esse país foi muito amado por São Francisco Xavier e pelos missionários católicos que lá ainda hoje são martirizados. Ele é digno de nossa estima teórica, abstração total feita da gangue que lá se instalou e de se ter submetido aos princípios de Marx e Lenin, mas na prática…

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Psicose Ambientalista — Entrevista com Dom Bertrand de Orleans e Bragança

Em sessão de autógrafos, Dom Bertrand concede dedicatória em seu livro Psicose Ambientalista
A propósito de seu recente livro Psicose Ambientalista, a Agência Boa Imprensa (ABIM) entrevistou o Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança [foto] para quem os adeptos do aquecimento global vêm promovendo um verdadeiro ecoterrorismo publicitário quanto à questão climática.

Fundamentado em cientistas de renome, Dom Bertrand discorre sobre a impossibilidade da ação do homem influenciar o clima, ao mesmo tempo em que acena para a existência de uma ideologia subjacente nessa defesa exagerada da natureza: a do comunismo, agora camuflado de verde. O egrégio autor vai além e chega a falar de uma nova "religião", a qual pretende justificar uma sociedade igualitária e neotribal, lastreada num misto de pseudociência com filosofias arcaicas e pagãs.

ABIMEm seu livro Psicose Ambientalista consta que o aquecimento global não é decorrente da influência humana e aponta a existência de um ecoterrorismo a propósito do clima. O que Dom Bertrand quer dizer com isto? 

Dom Bertrand – Num dos capítulos mostrei como os ambientalistas sectários — “vermelhos” que ficaram “verdes” — utilizam as armas da intimidação e da fraude para atingir seus objetivos. Aliás, nem fazem questão de escondê-lo. Para eles, qualquer meio para conduzir as pessoas aos seus fins é bom. Na ótica comunista, “verdade” é tudo o que favorece a causa comunista. Para esses “ambientalistas”, não há dificuldade em passar por cima da ciência que afirma ser o aquecimento global uma farsa.

Como o importante é a implantação de um igualitarismo ecologista radical numa sociedade neotribal, tanto pior para a verdade e para a ciência.

ABIM – Dom Bertrand poderia dar um exemplo de que isso ocorre?

Dom Bertrand – Cito duas declarações de ecologistas radicais:

1) “A História nos ensina que a humanidade só evolui significativamente quando ela sente medo verdadeiramente. Assim conseguiremos criar as bases de um verdadeiro governo mundial, mais rápido do que impelidos por simples razões econômicas” (Jacques Attali, ex-conselheiro presidencial socialista francês).

2) “Não tem importância se nossa ciência toda é falsa, há benefícios ambientais colaterais. A mudança climática fornece a maior chance para impor a justiça e a igualdade no mundo” (Christine S. Stewart, ex-ministra do Meio Ambiente do Canadá).

ABIM – Dom Bertrand crê na existência de agentes por trás das ONGs criadoras desse ambientalismo exacerbado? 

Dom Bertrand – As duas declarações citadas deixam muito claras as intenções de um governo mundial “para impor a justiça e a igualdade” conforme a concepção deles.

ABIM – Mas há divergências entre os cientistas nessa questão…

Dom Bertrand – O renomado cientista brasileiro, o Prof. José Carlos Almeida de Azevedo, Doutor em Física pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), aponta não haver proporção entre a ação humana e a da natureza. O homem não tem possibilidade de mudar o clima.

Como se pode achar que o homem influencie a natureza diante de tudo que está aí há milhões de anos? A natureza está aí dessa maneira, e deve continuar ainda do mesmo jeito por muitos milhões de anos.

ABIM – Parece estar ocorrendo um aumento significativo na intensidade e na quantidade de fenômenos da natureza. Como não ver nisto uma ação da depredação humana?

Dom Bertrand – Como bem mostra o Professor Luis Carlos Molion, certamente uma das maiores autoridades brasileiras em matéria climática, não se pode confundir intensidade dos fenômenos meteorológicos com vulnerabilidade da sociedade, que aumenta com o crescimento populacional.

A sociedade tende a se aglomerar em grandes cidades, tornando mais catastrófico atualmente um fenômeno com a mesma intensidade de outro que houve no passado. O furacão mais mortífero nos Estados Unidos ocorreu em 1900, ceifando a vida de mais de 10 mil pessoas. Nessa época, a densidade populacional local era muito menor que a de hoje, e o mesmo furacão provavelmente teria agora efeito muito mais devastador.

ABIM – É certo que existe gente mal intencionada, mas não haverá também os bem intencionados querendo proteger a natureza?

Dom Bertrand – É preciso distinguir o verdadeiro ambientalismo daquele sectário. No sentido ordenado e bom, o ambientalismo consiste na preservação da natureza a fim de propiciar uma vida saudável das plantas, dos animais e especialmente dos homens. Já na criação, Deus dispôs a natureza para servir ao homem. As plantas e os animais, ao se reproduzirem, servirão de alimento para o homem.

Mas Deus estabeleceu como punição pelo pecado de Adão o trabalho penoso: “Os meus eleitos comerão eles mesmos o fruto do trabalho de suas mãos”. A natureza tornou-se hostil, e precisou ser dominada pelas habilidades e talentos do homem.

ABIM – Onde entra a "religião" nessa questão ambientalista?

Dom Bertrand – Na verdade, foi a Igreja Católica que converteu e civilizou os povos bárbaros, ensinando-os a cultivar o solo e preservar a natureza, com sabedoria e desejo de perfeição. Quanto às novas propostas de defesa da natureza apresentadas hoje pelos meios de comunicação, por líderes mundiais e organismos internacionais, infelizmente, por trás de grande parte dessa defesa se oculta uma ideologia, ou mesmo uma nova religião que pretende justificar uma sociedade igualitária e neotribal, lastreada num misto de pseudociência com filosofias arcaicas e pagãs.

ABIM – O Príncipe não pensa que se deixarmos fazendeiros, industriais ou quem quer que seja à vontade, eles não destroçariam a natureza?

Dom Bertrand – O homem do campo é o maior interessado na sustentabilidade do seu negócio, e em sã consciência não deseja o prejuízo de ter o seu campo transformado em deserto. Isso, aliás, é o que se deve lamentar e coibir nos assentamentos de Reforma Agrária, onde a terra é de ninguém e os assentados em geral fazem uma devastação e deixam a terra arrasada. Mas a atenção dos ambientalistas — que se volta com indisfarçável animosidade para os agropecuaristas que trabalham, produzem e assim promovem o nosso desenvolvimento — é omissa sobre a ação deplorável dos assentados.

ABIM – Como convencer o grande público dessa tese?

Dom Bertrand – Assim como não se monta uma fábrica para ser abandonada no ano seguinte, não se cultiva um campo para abandoná-lo em seguida. A atividade agropecuária, como toda atividade econômica, só pode ser concebida se for sustentável. Agricultura sustentável é quase um pleonasmo. As mãos que semeiam sãos as mesmas que cuidam. Graças ao esforço dos ruralistas e à descoberta de novas técnicas, foi possível transformar o Brasil no segundo maior exportador de grãos do mundo. Essa realidade é omitida pela propaganda ambientalista, que continua espalhando falsidades. O papel da preservação ambiental pela agricultura é enorme. Ela é capaz de apresentar soluções para conservação da água e da biodiversidade. Além de alimentos e fibras, ela garante uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo.

ABIM – O que Dom Bertrand pensa sobre o crédito de carbono? 

Dom Bertrand – Esse é o outro mito do ambientalismo. O CO2 não produz poluição nem o falso efeito estufa. O CO2 é o gás da vida. Ele é um gás natural responsável pelo crescimento das plantas. Se eliminarmos o CO2 da atmosfera, a vida cessaria na Terra. Conforme o Prof. Molion o principal gás de efeito estufa — se é que esse efeito existe — é o vapor d’água. Em alguns lugares e ocasiões sua concentração chega a ser 100 vezes superior à do CO2. Este, por sua vez, é um gás natural. Em certo sentido, mais até que o oxigênio, ele é o gás da vida.

Na hipótese altamente improvável de eliminarmos o CO2 da atmosfera, a vida cessaria na Terra. O homem e os outros animais alimentam-se das plantas, não produzindo eles próprios os alimentos que consomem. São as plantas que o fazem, por meio da fotossíntese, absorvendo CO2 e produzindo amidos, açúcares e fibras e, como subproduto, o oxigênio que respiramos. Outros gases, como metano e óxidos de nitrogênio, estão presentes em concentrações muito baixas, que não causam problemas.
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Psicose Ambientalista – Os bastidores do ecoterrorismo para implantar uma “religião” ecológica, igualitária e anticristã. Formato 16 x 23 cm – 176 paginas – R$.23,90 – Editora Instituto Plinio Corrêa de Oliveira – divulgação Editora Petrus. Contatos com o autor: Dom Bertrand de Orleans e Bragança: dom.bertrand@paznocampo.org.br 

Fonte para jornalistas, contato e informações: Marcos Balthazar – 11-2765-4770 
marbalthazar@gmail.com Vendas: www.livrariapetrus.com.br ou nas principais livrarias. Release do livro - http://psicoseambientalista.blogspot.com.br

terça-feira, 9 de abril de 2013

As “quase favelas rurais” do Ministro Gilberto Carvalho

Apesar de tardio, foi contundente o reconhecimento por Gilberto Carvalho, ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República e elemento de ligação com os movimentos sociais, de que os assentamentos de trabalhadores sem-terra criados pelo Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) se transformaram em “quase favelas rurais”. Criada pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira há mais de 30 anos, a expressão “favela rural” tem sido amplamente utilizada para descrever a realidade da Reforma Agrária. Só que o crescimento da referida “favela” foi tão desmesurado, que hoje ninguém pode escondê-lo. E o “quase” do ministro deixa transparecer sua vergonha pela constatação. (Cfr: “O Estado de São Paulo”, 18-2-13)
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Agência Boa Imprensa (ABIM)

Exército chinês comanda ciberataques contra o Ocidente

Segundo relatório da Mandiant, empresa de segurança em Internet, uma unidade do Exército chinês (EPL) praticou grande número de ataques informáticos contra empresas e organismos estatais nos EUA, no Canadá e no Reino Unido. O relatório esclarece que “o governo chinês está bem informado disso”. A Mandiant apontou como autora dos ataques a Unidade 61398 do EPL, sediada em Xangai e integrada por milhares de soldados que dominam o inglês, técnicas de programação e gestão de redes. O relatório acrescenta que “desde 2006, centenas de terabytes de dados de um vasto conjunto de indústrias” foram atacados. Hong Lei, porta-voz do ministério de Relações Exteriores chinês, tentou desqualificar a denúncia como “crítica arbitraria, baseada em dados rudimentares, irresponsável, e não-profissional. A China se opõe categoricamente à pirataria” – garantiu Lei aos jornalistas, que precisaram conter o riso... Acrescentou que a China “é grande vítima dos ciberataques”, que proviriam “em primeiro lugar dos EUA”. Ou seja, a potência comunista continuará atacando o Ocidente...
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Agência Boa Imprensa (ABIM)

quarta-feira, 3 de abril de 2013

A gorjeta


 § Leo Daniele 

Quem não sabe apreciar as pequenas coisas da vida, está fechado para as grandes. Talvez por isso, que eu saiba, até hoje não surgiu uma sociologia da gorjeta.

Vem à mente uma cadeira um pouco alta sobre um estrado, em que o cliente sobe com um pequeno esforço, para que a posição das mãos dos engraxates, sentados sob a altura de seus pés, esteja na posição adequada. “Quer um jornal?” O servidor oferece-o para ser lido durante a singela ação que vai executar.

São homens que geralmente se esmeram em ser atenciosos. Um socialista diria que a cena é uma imagem da desigualdade social que existe no Brasil. Mas os rapazes nem sabem o que é isso, e se soubessem não se incomodariam. Bah! Os intelectuais!

Se o engraxate é um velho profissional, depois de uma limpeza rápida e de algumas providências prévias, ele toma duas escovas, uma em cada mão. E numa fúria frenética, mas ao mesmo calma (um paradoxo), bem humorada e pacífica, dá lustro aos dois calçados. As escovas sobem e descem simultaneamente, em alta velocidade.

Depois, com uma flanela, e a mesma celeridade, vem a hora de dar brilho: os sapatos estão reluzentes e luzidios. Ele finalmente começa a retirar os anteparos que tinha colocado nos lados dos calçados, para preservar as meias do freguês. É sinal de que a “engraxagem” terminou, e chegou a hora de pagar.

— Quanto é? O freguês paga justo e deixa um pouco mais. É a gorjeta. Até logo! Até a próxima! Felicidades, doutor (é sempre presumido que é doutor).

Vejo com simpatia esta cena certamente do passado mas estritamente contemporânea nossa; de hoje, mas que lembra coisas de antanho. Deveria ser objeto de uma sociologia dos fatos pequenos mas palpitantes da vida, pois a gorjeta não é um pagamento, mas uma concessão. Enquanto concessão, ela exprime confiança, gratidão e reconhecimento de quem concede e de quem recebe. Nela reside um sentimento de ordem social, segundo o qual cada um se afeiçoa às desigualdades, que não esmagam, mas se auxiliam e se completam. É o Brasil real, o Brasil brasileiro que no silêncio da mídia e na ausência das atenções, vai dando lições de uma felicidade sem prazer, pouco planejada, nada planificada, nunca inteiramente impessoal, mas autêntica, tranquila, despretensiosa, que passa quase desapercebida. Episódios como este hoje em poucos países se veem.

Há meninos que, como primeira obra de carpintaria da vida, fazem uma tosca caixa para lustrar sapatos e ganhar uns trocadinhos. Tempos atrás havia um número bem maior desses simpáticos adolescentes, nas ruas e praças do Brasil, mas ainda existem.

Dentro de uma “engraxagem”, a gorjeta é uma nota harmônica ou cacofônica? Diria alguém que é uma estridência pois, onde entra o “vil metal”, as coisas desafinam. Mas numa cena quase familiar como a descrita, a gorjeta cabe naturalmente. Ela acentua a nota de desigualdade gentil, respeitosa e, como diz Plinio Corrêa de Oliveira, musical. Uma maneira honesta de ganhar a vida. A gorjeta aproxima as classes sociais. Não quer dizer que não possa haver abusos de parte a parte, mas isso é bem outro assunto. O abuso não exclui o uso, e este uso de si é aperfeiçoante dos trabalhos.

Há muitos tipos de serviço que postulam uma gratificação: hotéis, taxis, postos de gasolina, etc. Num restaurante, as gorjetas, são de duas modalidades: as espontâneas e as compulsórias, sendo estas incluídas na nota. Falemos das espontâneas, as dadas diretamente pelos clientes aos garçons. Se o serviço não agradou, não há por que gratificar largamente. Mas se a gorjeta foi boa, é um elogio ao serviçal. É um estímulo à perfeição. Há uma discreta relação de personalidades entre ambos.

As gratificações “azeitam” as desigualdades, e nesse sentido, pode-se até falar em “função social da gorjeta”. É um fator pequeno, minúsculo, insignificante até, mas, que dizer? Não é em torno de minúcias não planificadas, orgânicas, familiares, honestas, cristãs como esta, que se pode consumar ou não, o bem estar da civilização?

A essas atividades se aplica, à merveille, um magnífico comentário de Dr. Plinio: “Cada pessoa deve ser ela mesma. Cada um deve respeitar a personalidade do outro, sentir as afinidades e sentir as diferenças [...] a cortesia é o laço cheio de respeito, de distinção, de afeto, que prende pessoas diferentes, e as coloca numa relação como as notas de uma música entre si”.[*]
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[*] À Procura de Almas com Alma, excertos do pensamento de Plinio Corrêa de Oliveira, Edições Brasil de Amanhã, São Paulo, 1998, p. 201.