Ante as negociações com a guerrilha marxista:
As capitulações secretas jamais nos conduzirão a uma verdadeira paz
O presidente Juan Manuel Santos
quer nos impor uma nação desenhada pelos subversivos. Isto é, a rendição de 44 milhões de colombianos à vontade de um grupo minúsculo de delinquentes.
Uma guerrilha derrotada,
rechaçada pela imensa maioria dos colombianos,
que não fez senão martirizar com seus crimes
o povo colombiano, pretende ganhar na mesa de negociações
o que nunca obteve com a luta armada.
A Colômbia ficou desconcertada diante do recente anúncio presidencial que dá oficialmente início ao um novo
Processo de Paz com as guerrilhas marxistas. Este acordo vinha sendo gestado sigilosamente há mais de dois anos, desde o momento da eleição do Dr. Juan Manuel Santos à Presidência da República, ou talvez antes.
Este impactante anúncio pode mudar irrevogavelmente o destino de nossa Pátria, gerando nefastos efeitos para os países vizinhos, afetados também pela narcoguerrilha terrorista. Por tal motivo, a
Sociedad Colombiana Tradición y Acción não pode deixar de chamar a atenção do País, para que não se proceda com ligeireza e irreflexão diante de um assunto de tanta importância.
A negociação com as guerrilhas: um falso conceito de paz
De 1982 a 2002, todos os governos que se sucederam no Palácio de Nariño levaram a cabo ingênuos processos de paz com os grupos guerrilheiros. É evidente que esses fatídicos 20 anos
foram marcados pelo fracasso estrondoso de todas as negociações de paz, e só conduziram ao aumento da violência, ao fortalecimento do narcoterrorismo, ao amedrontamento da sociedade, à pseudolegitimação do status guerrilheiro-terrorista e à desesperança de um imenso setor da opinião do País.
Quanto mais concessões se faziam aos guerrilheiros com o pretexto de conseguir a tão anelada paz, maiores eram suas insolências e crimes. Na memória de todos os colombianos ficaram para sempre gravados os episódios dantescos do assalto ao Palácio de Justiça realizado pelo M-19, quando todos seus militantes haviam sido indultados, e também os não menos oprobriosos dias da desmilitarização de El Caguán, região que se converteu no epicentro do sequestro, do crime, do terrorismo e do narcotráfico durante o anterior processo de paz empreendido com as Farc.
Entretanto, esse panorama desolador mudou radicalmente a partir do ano 2002, quando o País se cansou de tantas capitulações. Decidiu eleger por dois períodos sucessivos ao ex-presidente Uribe, que prometeu, e cumpriu, desenvolver uma política de segurança para os colombianos, fazendo abstração do pernicioso sistema de continuar capitulando para conseguir a paz. Não é este o momento de analisar os acertos e desacertos desse governo, mas toda a Colômbia reconhece que nesses oito anos voltamos a ser um país seguro, recuperamos a credibilidade internacional, enquanto o desenvolvimento e o progresso legítimos invadiram todos os quadrantes da geografia nacional.
Esses resultados em matéria de autêntica pacificação fizeram com que a imensa maioria dos colombianos elegesse presidente ao então Ministro da Defesa, no qual viam o legítimo continuador da obra de um governo que nos conduzia pelo melhor dos caminhos. Isso levou o Dr. Juan Manuel Santos a ser respaldado nas urnas por mais de nove milhões de votos, o equivalente a mais de 60% dos eleitores.
Em embargo – oh surpresa! – em vez da atitude firme e clara do governo anterior, com grande desconcerto voltamos ao mesmo sistema de negociações que fora a fonte das desgraças e tragédias vividas pela Colômbia nas últimas décadas. Escolhido para continuar no caminho que tantos benefícios nos trouxera, o presidente Santos decide tomar a via contrária obrigando-nos a regressar a uma situação que a imensa maioria dos colombianos não quer.
Para onde quer nos levar o atual governo com estas negociações?
Não nos esqueçamos de que o conceito de paz dos marxistas é muito diferente do nosso. Para eles, falar de paz é um meio para alcançar o poder, uma forma de luta, uma estratégia de conquista revolucionária. A
paz e o
diálogo são os nomes disfarçados que os marxistas dão à sua guerra contra a civilização cristã.
Enquanto a paz que todos anelamos é fruto sagrado da justiça e se obtém num contexto de profundo respeito pela
tradição, pela
família e pela
propriedade, os guerrilheiros são movidos pelo ódio que a doutrina marxista professa contra estes valores sagrados da Civilização Cristã. A paz que eles desejam não é a
“tranquilidade da ordem”, como a define Santo Agostinho e toda a Colômbia a deseja, mas, muito pelo contrário, é um estado político que lhes permita conquistar o poder, submeter a sociedade, dominar as pessoas e as instituições, e impor pela força um regime anarcocomunista:
Que ninguém se engane: esta é a sua meta final!
É muito eloquente a afirmação do ilustre pensador brasileiro, Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, grande estudioso da Guerra Psicológica Revolucionária:
“Sempre que haja, em qualquer tempo e em qualquer lugar, um confronto diplomático entre belicistas delirantes e pacifistas delirantes, a vantagem ficará com os primeiros e a frustração com os segundos” (Plinio Corrêa de Oliveira,“Churchill, o avestruz e América do Sul”, “Folha de S. Paulo”, 31-1-1971).
Uma repetição dos erros do passado
Mas vejamos quais foram as ingenuidades e as cegueiras que nos levaram ao fracasso nas anteriores conversações com as Farc e os demais grupos terroristas e que agora se repetem ponto por ponto:
- Os grupos subversivos nunca entregaram as armas nem abjuraram de seus métodos.
- Em nenhum caso eles liberaram as centenas de compatriotas sequestrados, nem se comprometeram a não voltar a sequestrar ninguém. É inadmissível que o presidente dos colombianos aceite a afirmação cínica deles, de que não têm sequestrados.
- Nunca se comprometeram a deixar de praticar atos de terrorismo contra a população civil.
- Matavam e feriam diariamente policiais e soldados.
- Jamais deixaram de fazer terrorismo contra as populações indígenas e camponesas, nem de recrutar seus meninos para a guerra.
- Quanto mais acordos se firmavam, tanto maior era a intimidação dos grupos armados contra as instituições políticas, judiciais e governamentais do País.
- Os governos de turno terminaram aceitando todas as condições impostas pela guerrilha embora esta não cumprisse com nenhum dos acordos firmados.
- Tampouco renunciaram à sua atividade criminosa de primeiro cartel do narcotráfico na Colômbia, que por sua vez gera imensos recursos ilegais e clandestinos que foram o principal motor da guerra promovida por eles contra o Estado e a sociedade colombiana. Também é inadmissível aceitar que as Farc não tenham nada que ver com o narcotráfico.
O Estado colombiano executou imensas reformas que supostamente nos conduziriam à obtenção da tão anelada paz. Reformou a Constituição Política; transformou a Justiça; concedeu status político aos guerrilheiros; nomeou-os para incontáveis cargos públicos; permitiu que chegassem a cargos de eleição popular; desmilitarizou regiões inteiras como El Caguán; suspendeu muitas operações militares contra os grupos terroristas; indultou os crimes cometidos por estes; judicializou e prendeu milhares de integrantes das Forças Armadas baseado em rumores e falsas acusações lançados por uma insidiosa e mal-intencionada força política que a partir dos mais altos escalões judiciais se dedica a fazer guerra à Polícia e ao Exército a fim de paralisar e desmoralizar as Forças Armadas, que têm o dever de combatê-los.
Um novo Caguán onde se negocia o futuro da Colombia
Regressaremos aos oprobriosos dias em que o Estado era destruído por uma guerrilha que enquanto falava de paz nas mesas de negociação empunhava armas em todas as cidades da Colômbia? Não o sabemos. Mas se forem cometidos os mesmos erros do passado, é evidente que até lá chegaremos de novo, com a cumplicidade de todos aqueles que hoje aplaudem este novo processo com entusiasmo incondicional. Eles supõem que desta vez o governo e a guerrilha atuam de boa fé, quando é evidente que este honrado princípio de negociação foi o primeiro desterrado de todos os processos anteriores, e o será também, muito provavelmente, do atual.
Agora não estaremos entregando El Caguán, um pedaço de 40.000 km2 de um território selvático afastado dos polos de desenvolvimento da Colômbia, mas algo que terá consequências ainda mais trágicas. Voltando as costas para a opinião pública, envolto num segredo misterioso, e com o aplauso incondicional de muitos detentores de autoridade política, econômica e religiosa, pretende-se desenhar um novo Estado segundo as exigências da subversão marxista.
Em troca de uma suposta paz, não se entrega um pequeno território, mas o futuro da Colômbia!
O nefasto exemplo de Kerensky
Não desejamos que o presidente Juan Manuel Santos passe para a História com o epíteto do malogrado ex-presidente Eduardo Frei Montava, conhecido como o
“Kerensky chileno” por ter preparado o caminho para o marxista Allende. Foi a repetição do que fizera Alexander Kerensky na Rússia em relação aos bolcheviques, permitindo a chegada deles ao poder.
Que Deus livre a Colômbia de tamanha desgraça!
Tradición y Acción torna público este documento para alertar o governo e todos os colombianos, especialmente essa imensa maioria que está sendo posta de lado neste processo de negociação com as Farc. Quer-se fazer crer à opinião pública da Colômbia que este é o único caminho de pacificação, tantas vezes fracassado pelos enganos da guerrilha. E isto no preciso momento em que esta se encontra a ponto de ser derrotada e o país manifesta importantíssimos sinais de prosperidade, desenvolvimento e pacificação.
Como católicos, ao terminar estas considerações nos dirigimos à augusta presença de Nossa Senhora de Chiquinquirá, insigne Padroeira da Colômbia. Suplicamos-Lhe não permitir que nossa Pátria seja demolida por uma minoria marxista que durante décadas a traumatizou com seus crimes e sua ação terrorista, e que com o beneplácito do governo pretende impor-nos sua tirania sob o pretexto mentiroso de que é a única forma de conseguir a paz.
Bogotá, 19 de outubro de 2012
Sociedad Colombiana Tradición y Acción
(*) Manifesto publicado no "El Tiempo", de Bogotá, em 19-10-2012.