domingo, 29 de setembro de 2013

A jovem carmelita que atingiu o mais alto píncaro da santidade


No dia 1º de outubro a Igreja celebra a festa de Santa Teresinha. Neste ano temos duas razões a mais para a celebração: o transcurso do 140º aniversário de seu nascimento e 90º de sua beatificação. 

Paulo Roberto Campos

Quem nunca ouviu falar de Santa Teresinha do Menino Jesus?(1) A jovem
carmelita francesa é uma das santas mais conhecidas e veneradas no mundo inteiro. Sua canonização em 1925 produziu em todo o orbe católico uma explosão de alegria. Apenas à cidade de Lisieux — onde se encontra a residência de sua família [foto] e o convento carmelita no qual viveu e entregou sua belíssima alma a Deus — acorrem aproximadamente dois milhões de devotos todos os anos.

O Brasil é especialmente devoto de Santa Teresinha e vinculado a ela de modo particular, por dois motivos que muito nos honram: a primeira igreja edificada no mundo (1924) em sua homenagem encontra-se no Rio de Janeiro, no bairro da Tijuca [foto ao lado], e o precioso relicário — conhecido como “a urna do Brasil” [foto abaixo], confeccionado para conter seus restos mortais — foi oferecido pelo povo brasileiro.

Multidões afluem às igrejas dedicadas a Santa Teresinha em todos os continentes. Mas qual a origem de tão extraordinária glorificação popular? — É a dor suportada heroicamente por amor de Deus, da qual nasce, segundo Plinio Corrêa de Oliveira, “a verdadeira glória”. E aos que buscam sofregamente a popularidade alhures, deixo este outro comentário do Prof. Plinio: “A popularidade é a glória dos demagogos. A glória é a popularidade dos Santos e dos heróis”. 

A Virgem de Lisieux desprezou a popularidade comum; foi exaltada às honras da celebridade mundial, é venerada como santa em todas as nações!
Com efeito, desde a mais tenra infância, a pequenina e inteligente Teresa almejou a santidade, romper com o mundo, e sofrer por amor de Deus e pela salvação das almas. Com apenas quatro anos afirmara: “Serei religiosa em um claustro”. E, de fato, ao completar 15 anos entrou para o Carmelo.

 Em seus manuscritos autobiográficos, intitulados História de uma alma, ela
Sta. Teresinha, noviça no Carmelo, 
em janeiro de 1889
escreveu que desejava ser para Deus tudo ao mesmo tempo: “Ser tua esposa, ó Jesus, ser carmelita, ser, por minha união contigo, a mãe das almas, isto deveria bastar-me... Não é assim... Estes três privilégios, Carmelita, Esposa e Mãe, são, sem dúvida, minha vocação. Entretanto, sinto em mim outras vocações. Sinto-me com a vocação de GUERREIRO, de PADRE, de APÓSTOLO, de DOUTOR, de MÁRTIR. Enfim, sinto a necessidade, o desejo de realizar por ti, Jesus, todas as obras mais heroicas... Sinto em minha alma a coragem de um Cruzado, de um Zuavo pontifício. Quisera morrer sobre um campo de batalha, pela defesa da Igreja. Ó Jesus! Meu amor, minha vida... como aliar estes contrastes? Como realizar os desejos de minha pobre almazinha?. Ah, apesar de minha pequenez, quisera esclarecer as almas como os profetas, os doutores. Tenho a vocação de ser apóstolo [...]”.(2)

Sta. Teresinha em julho de 1996
Na mencionada autobiografia, ela continua entusiasmadamente descrevendo que sentia-se chamada para grandes vocações — queria tudo, até mesmo derramar seu sangue lutando por Cristo e sua Igreja.

E Deus foi burilando a jovem carmelita, como se lapida a mais preciosa das pedras preciosas, para que essa belíssima alma, de dentro do claustro do convento, alcançasse graças para todas as grandes vocações — para os guerreiros, os padres, os apóstolos, os doutores, os mártires, enfim para que todos seus devotos atingissem o caminho da perfeição de modo acessível.

Em poucas palavras, São Pio X disse tudo sobre ela: “A maior Santa dos tempos modernos”. E o Cardeal Vico afirmou: “A virtude de Teresa impõe-se com incrível majestade: a criança torna-se um herói, a virgem das mãos cheias de flores causa espanto pela sua coragem viril!”(3)

Com sua indomável força de alma, essa santa-cruzado é exemplo de vida, modelo do católico combatente, razão pela qual devemos recorrer à sua proteção. Tenhamos a certeza de que nos atenderá, pois ela mesma manifestou: “O que me impulsiona a ir para o Céu é o pensamento de poder acender no amor de Deus uma multidão de almas que o louvarão eternamente.” Ademais, prometeu: “Vou passar meu Céu fazendo o bem na Terra”. E ainda: “Depois de minha morte, farei cair uma chuva de rosas.” 

Então, peçamos com confiança e seremos beneficiados por essa prodigiosa chuva de favores e graças, para nós e nossas famílias, para a Santa Igreja e o Brasil — neste momento tão trágico em que vivemos.
Foto feita em novembro de 1896. Sta. Teresinha, a primeira à direita, um ano antes de seu falecimento.
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Notas: 
1. Nascida em 1873 na cidade francesa de Alençon, entrou para o Carmelo de Lisieux em 1888, onde faleceu com apenas 24 anos, em 1897. 
2. Manuscritos Autobiográficos. Carmelo do Imaculado Coração de Maria e Santa Teresinha, Cotia, SP, 2ª. edição, 1960, p. 244. 
3. L'Esprit de Ia Bienheureuse Thérese de l'Enfant-Jésus d'apres ses écrits. Office Central de Lisieux, 1924, p. VIII.

sábado, 28 de setembro de 2013

Um século passado


Leo Daniele (*)

Um depósito contendo objetos caoticamente amontoados ao sabor dos anos: uma televisão quebrada jazendo ao lado de uma garrafa aberta de champanhe francês, confinando com uma bola de futebol estragada; um chapéu de feltro tipo antigo sobre uma pilha de listas telefônicas ultrapassadas; um velho rádio com sua antena agressivamente apontada para o teto, bom vizinho de um computador tornado obsoleto, mas que não foi vendido em tempo hábil, ou seja, antes de perder todo valor... Para muitas pessoas, o Século XX foi algo assim. Mero rótulo colocado sobre uma realidade confusa.

Por esse motivo, numerosos são os que desistem de entender seu significado na majestosa galeria dos séculos que se foram, atirando para o ar, à guisa de justificativa: “Mas isto não forma conjunto!”

Isto porque os cenários e os atores mudaram substancialmente ao longo do Século XX. Basta pensar nos bondes puxados por burros em meio a prédios sem concreto armado e em ruas geralmente sem asfalto, do início do século. Ou naquela gente que se movia devagar, os homens com chapéu, as senhoras com longas saias, uns e outros ignorantes do que fosse uma televisão ou uma pílula anticoncepcional. Ou naqueles casamentos estáveis (menos de 2% de separações em 1900 contra quase 20% no ano 2.000).

Como tudo é diferente hoje! Como foram vertiginosas as transformações que se verificaram em nosso tempo!

Nos primeiros anos do século, um telefone que toca constitui uma novidade sensacional. Bem menos de 100 anos depois, a lembrança da conquista da lua provoca tédio!

Tudo aquilo que é lançado como última novidade torna-se obsoleto em pouco tempo. E à força de tudo precisar ser hiper-novo, tudo como que já nasce velho, embora com direito a alguns minutos de “glória”.

Em termos de tipo humano, as alterações também foram impressionantes. É quase impossível imaginar, encontrando-se num mesmo salão, um Guilherme II com um Bill Gates. Ou um Clemenceau com um Perón. Ou um Eduardo VII com um Clinton. Enquanto um se inclina e pergunta “como tem passado Vossa Senhoria?”, o outro dispara um “oi!” ou “olá!”...

Entretanto, todos esses personagens tão diversos, mas representativos de seu tempo, viveram num mesmo século! 

Chateaubriand (1768-1848) observava: “Este amor ao feio que nos tomou, este horror do ideal, esta paixão pelos mancos, aleijados, vesgos, trigueiros, desdentados, esta ternura pelas verrugas, rugas, escarros, pelas formas triviais, sujas, comuns, são uma depravação do espírito; ele não nos foi dado pela natureza da qual tanto se fala” [1].

Mas a arte contemporânea é tal qual ou até pior do que Chateaubriand descreve. Lê-se no "New York Times": Para se destacar como modelo, agora é preciso ter algum defeito. “Quando procuro modelos, ‘ser bonita’ não está na minha agenda”. [2]

Nossa época, como qualquer época da História, pode ser julgada através do tipo humano que gerou. De pouco adiantaria conquistar a Lua e todas as estrelas, e ao mesmo tempo desvendar o micro-universo do átomo, efetuar todas as proezas da tecnociência, atingir um grau de enriquecimento prodigioso numa estabilidade econômica completa, se concomitantemente o tipo humano entrasse em visível decadência. Pois o que interessa sobretudo ao homem, abaixo de Deus, é o próprio homem.

Vamos imaginar que em 100 anos todos os homens, atingidos por uma enfermidade desconhecida, se tornassem anões. Que decepção! Por mais que as conquistas da ciência e o desempenho da economia fossem expressivos, esse século ficaria marcado como catastrófico.

Felizmente, no Século XX isso não ocorreu no aspecto físico. Que dizer da alma e da personalidade? É a pergunta.

Afirma Plinio Corrêa de Oliveira: “Uma concepção a-filosófica e a-religiosa da sociedade, meramente econômica e profissionalista, dá origem ao grande desespero das multidões contemporâneas. Ontem estas se esbaldavam para fazer capital, hoje para fazer revolução, e já amanhã para se atirarem no bueiro do miserabilismo niilista, isto é, na glorificação do andrajo e da miséria, da sujeira, do desmazelo e do caos”. [3]
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Notas:
[1] Essai sur la littérature anglaise, II.
[2] Marisa Meltzer, "The New York Times", in "Folha de S. Paulo", 24-9-13.

[3] Em 11-2-83.

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(*) Leo Daniele é colaborador da Agência Boa Imprensa (ABIM)

Concórdia social, sim; luta de classes, não!

A igreja não exclui ninguém, fazendo a opção por todas classes sociais, nobres ou pobres, como é representado neste quadro “Saindo da Igreja”, do pintor espanhol Raimundo de Madrazo y Garreta(1841-1920). No quadro notam-se pessoas de diversas classes sociais, desde a pobre mulher cega, pedindo esmola sentada junto à porta, até ricas senhoras elegantemente vestidas.

Harmonia entre opção preferencial pelos pobres e opção preferencial por todas as elites 

Paulo Roberto Campos 

Movimentos comprometidos com a “esquerda católica”, especialmente os simpáticos à Teologia da Libertação, tentam “exumar” velhos sofismas para interpretar equivocadamente o conceito de “opção preferencial pelos pobres”.

A esse propósito, cabe lembrar que, a pretexto da luta pela proteção dos pobres, o comunismo subjugou diversos países, entre os quais Cuba, que por mais de 50 anos jaz na mais negra miséria. Dessa mesma pobre Cuba, da qual o atual governo brasileiro pretende “importar” seis mil médicos, cuja atuação em nosso território causará a pior das epidemias: a disseminação do vírus das ideias comunistas.

Contrariamente à doutrina da Teologia da Libertação, no primeiro capítulo da obra Nobreza e elites tradicionais análogas (1993), Plinio Corrêa de Oliveira escreve: “Na nossa época, na qual tão necessária se tornou a opção preferencial pelos pobres, também se faz indispensável uma opção preferencial pelos nobres, desde que incluídas nesta expressão também outras elites tradicionais expostas ao risco de desaparecimento e dignas de apoio”. [ao lado capa da obra]

A autêntica doutrina católica sempre ensinou a legitimidade da desigualdade entre as classes sociais e a harmonia que deve reinar entre elas, assim como, invariavelmente, condenou a luta de classes. É o que destaca o trecho a seguir, extraído das primeiras páginas de Nobreza e elites tradicionais análogas, explicando o que é propriamente a “opção preferencial”:

“A opção preferencial pelos nobres e a opção preferencial pelos pobres não se excluem, e menos ainda se combatem, segundo ensina João Paulo II: ‘Sim, a Igreja faz sua a opção preferencial pelos pobres. Uma opção preferencial, note-se, não, portanto, uma opção exclusiva ou excludente, porque a mensagem da salvação é destinada a todos’. 

“Essas diversas opções são modos de manifestação do senso da justiça ou da caridade cristã, que só podem irmanar-se no serviço do mesmo Senhor, Jesus Cristo, que foi o modelo dos nobres e modelo dos pobres, segundo nos ensinam com insistência os Romanos Pontífices”. 

Compreendemos, com esse esclarecimento, o quanto equivocado e doutrinariamente falso é o conceito de luta de classes reivindicada pelo marxismo e pregada pela “esquerda católica”, pois a “opção preferencial” não é exclusivista.

Compreendemos também que os intelectuais miserabilistas da “teologia da libertação” não atuam em prol do povo autêntico, nem o entendeu, pois as camadas populares desejam viver em harmonia com as diversas classes sociais e não num clima de “luta de classe”.

Entendeu com sutileza esse tema o carnavalesco Joãozinho Trinta quando, em 1978, afirmou “O povo gosta de luxo. Quem gosta de miséria é intelectual”. É por isso que, se de um lado observa-se a flagrante imoralidade carnavalesca, nota-se também, no carnaval, fantasias de príncipes, princesas, reis e rainhas, com seus coloridos mantos e coroas douradas.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Agredidos pela perplexidade

“A traição de Judas”. Pintura de Giotto (1302-1305) na Capela Scrovegni (Pádua – Itália). Na cena, Judas Iscariotes negocia com os sacerdotes do templo a entrega de Jesus por 30 moedas — que o traidor segura na mão esquerda, enquanto a fumaça de Satanás (como um vulto negro) o inspira a entregar nosso Divino Redentor.
Gregorio Vivanco Lopes (*)

Encontros sociais às vezes são cansativos, às vezes são esclarecedores.

Tive de ir a um jantar promovido por amigos, ao qual compareceram pessoas das mais diversas tendências ideológicas e temperamentais.

Tudo começou num salão, onde se tomavam aperitivos vários, acompanhados de azeitonas recheadas e salgadinhos, em diversas mesas redondas, em torno das quais se aglutinavam pequenos grupos de ocasião, que entabulavam conversas de todo tipo.

Aproximei-me de um desses grupos, composto por umas 7 ou 8 pessoas, e logo notei que o álcool, mesmo moderado, além de alegrar os corações, solta as línguas... Um indivíduo de estatura média, cabeça raspada, rosto avermelhado e olhos um tanto esbugalhados, comentava:

— “Estou começando a gostar da Igreja. Com o novo Papa, vejo que minhas posições a favor do aborto, do casamento homossexual, do socialismo, dos matrimônios sucessivos e dos vários tipos de pílula são agora compreendidas. Sempre fui ateu e combati a Igreja, mas agora ela está mudando. Penso em deixar de criticá-la”. 

— “Ela não está propriamente mudando”, disse eufórico um indivíduo roliço, de orelhas grandes, que eu já vira várias vezes sair de prédios eclesiásticos, e que desconfio ser diácono ou pelo menos ministro da Eucaristia. Em todo o caso, certamente um “progressista”. “Ela está se adaptando aos dias de hoje e isso é bom, está seguindo o Concílio Vaticano II”, afirmou.

Passei os olhos pela roda e notei uma grande perplexidade nos presentes. Um desses perplexos, que logo mostrou ser católico fervoroso, fazendo esforço para vencer a inibição de falar do Papa Francisco, atalhou:

— “V. fala em adaptar-se aos dias de hoje e cita o Concílio Vaticano II. Esse Concílio já está ficando velho, tem pelo menos 50 anos. Eu nem sequer era nascido quando ele se deu. A novidade hoje em dia é que boa parte da juventude está buscando posições mais conservadoras. Veja, por exemplo, as manifestações multitudinárias na França contra o casamento homossexual e o socialismo, as manifestações de junho no Brasil, a proliferação dos grupos pró-vida”. 

A essa altura resolvi intervir.

— “Estou achando interessante essa discussão. Por isso queria perguntar como vocês encaixam nesse panorama as afirmações de Paulo VI de que a Igreja estava sujeita a um processo de autodemolição (já no tempo dele!) e que a fumaça de Satanás penetrara no templo de Deus”.

Um silêncio pesado seguiu-se à minha intervenção. Notei que a perplexidade aumentava. Quebrou o silêncio o “progressista”:

— “Olha cara, disse-me ele, a doutrina não mudou em nada. Francisco está pondo apenas em execução uma nova pastoral. O tempo de São Pio X passou”.

Eu ia responder que não me tinha referido a nenhuma doutrina, mas que, de outro lado, a toda pastoral corresponde uma ideologia por detrás, ainda que não explícita. Entretanto, não pude fazê-lo, porque fui atalhado pelo católico fervoroso que disse:

— “Não é porque São Pio X morreu que os ensinamentos dele não valem mais. Aliás, a Igreja tem uma tradição imutável. Além disso, as palavras do Papa Francisco não têm o peso de um ato magisterial. Ele não quis fazer isso”.

A discussão  talvez se prefira qualificá-la de diálogo  terminou abruptamente com o aviso de que o jantar deveria ter início. Cada um daquela roda foi designado para uma mesa diferente. Na medida em que nos encaminhávamos para o salão principal, fui observando as fisionomias dos componentes da roda. Todos estavam perplexos com os acontecimentos. Não de uma perplexidade qualquer, mas como que agredidos pela perplexidade. Lembrei-me então do título de um artigo de Plínio Corrêa de Oliveira que li anos atrás: “Perplexidade que agride”. Ele falava de uma saudação que Paulo VI enviara ao socialista Salvador Allende, que há pouco vencera a eleição presidencial no Chile.
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(*) Gregorio Vivanco Lopes é colaborador da Agência Boa Imprensa (ABIM)

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Os sinos não tocam mais


Pe. David Francisquini (*)

Ombro a ombro com Pio IX encontra-se a personalidade imponente e categórica de São Pio X. Ambos os papas representam uma unidade de pensamento e ação como timoneiros da barca de Pedro ao proclamarem alto e bom som o princípio do absoluto sobre o relativismo religioso e moral.

O bem moral deve prevalecer sobre todas as coisas porque o ser humano foi criado para Deus. Em sua encíclica “Sobre a Liberdade Humana”, Leão XIII ensina que a igreja Católica, única detentora da verdade, é também a única defensora da doutrina da liberdade como da simplicidade, espiritualidade e imortalidade da alma humana.

Com proteção da liberdade a Igreja tem salvado da ruína este grande bem do homem. Os seres irracionais obedecem a seus instintos e são impelidos para aquilo que lhes é útil, ou seja, a defesa e conservação da vida. O homem dotado de razão e vontade advindas de sua alma espiritual torna-se o senhor de seus atos.

Quanto aos bens naturais, compete a ele escolher o que lhe parece viável. Quanto à ordem moral, sua finalidade última é Deus. Portanto, o homem simples e espiritual procura a verdade e o bem moral. Depois da Revelação, a Igreja Católica é meio necessário para se salvar. O fiel deve fugir dos erros e das falsas religiões.

O sincretismo religioso foi condenado por vários papas antes do concílio Vaticano II. São Pio X condenou as associações interconfessionais ao afirmar que a verdadeira civilização só se dá com a religião verdadeira. O que não for isso serão aberrações sociais como socialismo, comunismo, nazismo e ditaduras islâmicas.

Surpreendem algumas declarações eclesiásticas ao propor convívio amistoso com as demais religiões, respeito mútuo à religião do outro, aos seus ensinamentos, símbolos e valores, chegando mesmo a pregar respeito especial para com seus chefes religiosos e seus lugares de culto. 

Os inovadores costumam apelar para o sentimento quando ressaltam os ataques recíprocos, pois são fontes de consternação e de muita dor! Mas com tal procedimento renuncia-se à polêmica, à noção de bem e de mal, além do princípio de que existe tão-só uma religião verdadeira instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Em nome de uma inovação eles vão afastando as pessoas da verdadeira religião e matando a fé nas almas, à semelhança de um processo de autodestruição do monolítico edifício multissecular da Igreja Católica. Infelizmente assistimos a uma conduta paradoxal, a destruição daquilo que deveriam conservar e defender.

Matéria já antiga, mas elucidativa, soa como advertência a muitos inovadores. Em palestra aos bispos em 1977, o publicitário Alex Periscinotto chamou-lhes a atenção para a pastoral moderna. Enquanto aconselham os fieis a respeitar os símbolos pagãos ou heréticos, põem fora os símbolos e costumes católicos.
Igreja Nossa Senhora das Dores, Paraty, RJ [Foto PRC]
E ilustra: os sinos nas torres das igrejas não tocam mais; os véus para as senhoras foram abolidos; as confissões auriculares no confessionário foram eliminadas; faltam as torres altaneiras nas igrejas com a cruz em cima e arquitetura sacral dos edifícios; as solenidades e cerimônias litúrgicas foram vulgarizadas, como são as missas modernas; o uso de instrumentos musicais profanos na liturgia substituindo as harmonias sacrais do órgão.

O publicitário ainda lembrou aos bispos o desuso da batina por parte dos religiosos, e de tantos outros costumes que marcavam a presença da Igreja. Vale lembrar ainda a dificuldade imposta para o atendimento aos fieis, como a preparação para casamento e batismo, o que tem afastado muita gente da prática religiosa.

Diante disto, tem-se notado uma reação sadia por parte de clérigos e até mesmo de muitos fieis desejosos de retomar aos costumes tradicionais. São reações sadias como estas que confirmam a promessa de Nosso Senhor Jesus Cristo de que as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja.
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(*) Sacerdote da igreja do Imaculado Coração de Maria, Cardoso Moreira - RJ

domingo, 22 de setembro de 2013

O “bunker” da indiferença

Leo Daniele (*)

Quem não ouviu falar da famosíssima experiência de Pavlov?

Coloca-se açúcar diante de um cão imobilizado. Ele salivará. A seguir, associa-se a apresentação do açúcar ao som de uma buzina, e repete-se a operação várias vezes. O cachorro continua a salivar normalmente. 

Em uma terceira fase, toca-se a buzina, mas não se apresenta o açúcar. O cão saliva, porque se estabeleceu uma associação entre o som da buzina e a apresentação do açúcar.

É o que o cientista russo, os meios científicos e culturais chamam, de reflexo condicionado.

Se se continuar tocando a buzina, de vez em quando, mas sem apresentar o açúcar, o que acontecerá? A salivação irá diminuindo, e começará a se manifestar uma inibição das funções reflexas, que irá se estender a todo o organismo e engendrar um estado de sonolência. 

A mesma inibição das funções reflexas, que assim se obteve pela repetição, pode-se conseguir quando o excitante for particularmente intenso. Por exemplo, a aparição súbita de uma serpente pode inibir as reações de fuga de um pássaro.

Algo de semelhante acontece com o homem pós-moderno? acocorado dentro de seu “bunker”(1) de indiferença, já não capta com grande clareza a realidade externa. Culposamente, diante de uma situação em que ele normalmente reagiria, pode acontecer que se limite a bocejar ou a lançar um vago lamento.

Por exemplo, o Brasil está sendo penetrado por um batalhão de 4 mil médicos cubanos e apesar das dimensões do lance, quase ninguém protesta! Ou o faz por causa de um pequeno aspecto secundário!

O homem de hoje, pela TV, pela internet, e outros meios de comunicação, está sendo submetido a uma espécie de experiência de Pavlov. Uma verdadeira sarabanda. Em várias ocasiões, Plinio Corrêa de Oliveira mostrou os efeitos deletérios de certa mídia, do próprio acontecer moderno e pós-moderno sobre os nervos dos indivíduos:

“O que faz esta sarabanda informativa? Interessa? Atrai? Orienta? A meu ver, o mais das vezes causa acabrunhamento, superexcitação, e por fim tédio. Sim, o tédio dentro da superexcitação; eis o estado de espírito que a pletora informativa cria em muitos e muitos de nossos contemporâneos [...] Em suma, todos sabem de tudo, não entendem nada, alguns ficam com os nervos a tinir, e quase todos, à falta de melhor, bocejam”.(2)

“Acontecimentos que em outras épocas teriam ferido profundamente a sensibilidade do público, despertando reações clamorosas, hoje não inquietam a quase ninguém e não geram nenhum conflito sério. Mesmo quando transgridem princípios e convicções, e até quando contrariam — supremo mal em nossos dias — consideráveis interesses individuais ou de grupo”.(3)

O ilustre autor constata:

“A opinião pública está desnorteada e cambaleante, com toda a zoeira do caos contemporâneo. E isto a leva a alternativas de sobreexcitação e de letargia”.(4)

Vem-se falando — e com justíssimo motivo — dos efeitos nocivos da televisão sobre a psique dos meninos. Pouco ou nada se escreveu sobre as deformações que a própria vida moderna pode provocar sobre um adulto que viva num grande centro e se entregue ao frenesi próprio de nossa época. Muitos dos elementos que prejudicam a vida mental e emotiva das crianças teledependentes podem ser encontrados nesse frenesi, ao qual ainda se somam as ansiedades, as preocupações e as torções muitas vezes presentes no quotidiano de quem precisa ganhar a vida.

Tudo isto pode conduzir à indiferença. E como o indiferente se defende, para não deixar a indiferença! Nisto ele não tem nenhum relaxamento, e defende o estado de torpor valentemente. Como se estivesse dentro de um bunker! E a principal arma de defesa é a frase: “O que tenho a ver com isso?”

Observa Plinio Corrêa de Oliveira: “Durante o dia, em cada minuto, pensa em si e em seus problemas, uma vez ou outra lê um jornal e comenta um acontecimento, pensando que com ele próprio não é assim, graças a Deus. Dobra o jornal e acabou-se. Esta indiferença associa a pessoa à categoria dos indiferentes”. 

Se precisar ensinar a alguém como escapar desse bunker, para ser breve eu diria: adote como lema três palavras: Ver – julgar – agir. Ver com inteira objetividade, sem otimismo nem pessimismo. Julgar sem paixão e com justiça. Agir sem omissão, mas também sem um ardor descalibrado e impaciente: são esses os três tempos da Sabedoria, e da anti-indiferença. 
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Notas: 
1. Termo utilizado em sentido figurado. Em sentido próprio, bunker é uma instalação fortificada fechada, com teto arredondado, à prova dos projéteis inimigos. 
2. “Folha de S. Paulo”, 23 de maio de 1971. 
3. TFP-Covadonga, España Anestesiada sin Percibirlo, Amordazada sin Quererlo, Extraviada sin Saberlo - La Obra del PSOE. Ed. Fernando III El Santo, 1988, p. 21. 
4. “Folha de S. Paulo”, 25 de abril de 1971.
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(*) Leo Daniele é colaborador da Agência Boa Imprensa (ABIM)

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Elevando os bichos, rebaixando os homens


Gregorio Vivanco Lopes (*)

Possuir animais domésticos e tratá-los bem é um costume imemorial, sobretudo em se tratando de cães. E é claro que não se deve submetê-los a sofrimentos sem razão proporcionada. Ninguém defende isso.

Contudo, uma moda induzida e irracional tem levado muita gente a colocar os animais num patamar superior ao dos humanos, o que é extravasar de todo bom senso e chega a ser pecaminoso, pois contraria a hierarquia estabelecida por Deus na Criação.

A Sagrada Escritura é muito clara a esse respeito. Deus disse ao primeiro casal: “Enchei a terra e submetei-a. Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra” (Gen. 1,28).

Ademais, o Catecismo da Igreja Católica, promulgado por João Paulo II, determina: “Deus confiou os animais ao governo daquele que foi criado à Sua imagem [o homem]. É, portanto, legítimo servimo-nos dos animais para a alimentação e para a confecção do vestuário. Podemos domesticá-los para que sirvam o homem nos seus trabalhos e lazeres. As experiências médicas e científicas em animais são práticas moralmente admissíveis desde que não ultrapassem os limites do razoável e contribuam para curar ou poupar vidas humanas” (2417).
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Sem embargo disso, o infausto projeto de Código Penal, que está sendo
analisado no Senado, chega a impor penas maiores ao abandono de um animal do que ao abandono de uma criança. — Loucura? — Desvario? Muito mais. Faz parte do processo de rebaixamento da natureza humana, atualmente em curso.

Os desatinos desse projeto estão levantando protestos e dificultando sua aprovação imediata (esperamos que seja rejeitado). Contudo, cá e lá começam a aparecer projetos parciais na mesma direção, o que mostra um estranho desígnio de levar à frente certas matérias absurdas.

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou há pouco um projeto que estabelece incríveis punições para os homens no trato destes com cães e gatos. As penas são severas.

Assim, quem matar um cão ou um gato vai para a cadeia pelo prazo de cinco a oito anos. E o regime é de reclusão, o mais fechado, reservado para crimes graves, em que o criminoso não tem possibilidade de abrandamento num futuro próximo. É inimaginável alguém purgar oito anos atrás das grades porque matou um gato! Mas há mais.

Se a pessoa matou o animal para evitar contágio de alguma doença transmissível aos humanos, precisa provar de modo “irrefutável” que não havia tratamento possível para o animal. Se não conseguir fazer essa prova, sua pena aumenta para seis a dez anos. O mesmo acréscimo de pena se aplica se o canino ou felino for morto com veneno ou algum meio cruel.

Mas não é só matar; também se deixar de prestar assistência ou socorro ao cão ou ao gato que corre perigo grave e iminente nas vias e nos logradouros públicos, bem como nas propriedades privadas, corresponderá uma pena de dois a quatro anos de detenção. Se abandonar o bicho, três a cinco anos de detenção.

Tampouco se poderá deixar o animal amarrado com um cordão ou corrente para que não fuja de casa nem ataque ninguém: detenção de um a três anos.

É preciso ainda dar uma alimentação cuidadosa ao bicho, pois expor a saúde do cão ou gato equivale a uma detenção de dois a quatro anos.

Se o agente for o proprietário ou o responsável pelo bicho, todas essas penas serão aplicadas em dobro: 16 anos de cadeia porque matou um gato!
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Essa equiparação, ou mesmo superação, do animal em relação ao homem constitui um rebaixamento irracional e inconcebível da natureza humana, pois Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. Rebaixá-lo dessa forma é profanar a imagem de Deus, é ofender o Criador. Quem gostaria que a imagem do próprio pai fosse rebaixada ao nível de um cachorro? Esta ofensa ao Criador é uma das razões das lágrimas de Nossa Senhora!
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(*) Gregorio Vivanco Lopes é colaborador da Agência Boa Imprensa (ABIM)

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

“Neo-maoização” da China


Luis Dufaur (*)

Em julho último, o presidente chinês Xi Jinping peregrinou até a luxuosa casa de campo às margens de um lago, onde Mao Zedong passava suas férias nos anos 1950 enquanto ordenava exterminar classes sociais inteiras. Para Xi, o sítio de lazeres do cruel líder comunista deveria ser declarado centro de educação da juventude no espírito da revolução.

Com efeito, a retórica “mística” maoísta de Xi vem se reforçando nos últimos meses, constatou reportagem do “The Wall Street Journal”.

Ele se vale do “livro vermelho” de Mao para fazer um expurgo no Partido Comunista Chinês, além de montar um cerco a princípios como democracia, Estado de direito e aplicação da Constituição.

Visando reforçar o espírito igualitário intrínseco ao comunismo, o presidente ordenou que os generais e os membros mais antigos do governo trabalhem como domésticos pelo período mínimo de cinco dias a fim de aprenderem a se reconectar com as “massas”. A atitude de Xi parece decisiva, pois a China está entrando numa crise econômica e pipocam as revoltas populares.

Para Xi Jinping que passa horas lendo livros de teoria marxista e maoista, “isto é apenas o início”. Em dezembro passado, ele declarara que a União Soviética havia entrado em colapso pela falta de convicção ideológica marxista de seus líderes e pelo fato de não haver um “homem” para estancar o processo de liberalização.

Ele tem a pretensão de ser o “homem” que impedirá qualquer abrandamento de uma ditadura que já ceifou pelo menos cem milhões de vidas da sofrida nação chinesa...
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(*) Luis Dufaur é colaborador da Agência Boa Imprensa (ABIM)

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Médicos Cubanos: O Cavalo de Tróia parou e dele desceram milhares de homens com avental branco

Ministro da Saúde brasileiro, Alexandre Padilha, recebe o primeiro batalhão de médicos cubanos que chegou ao Brasil
Leo Daniele (*)

Uma gentileza dos irmãos Castro para a Presidente Dilma e para a massa ingênua desta Terra, é o que talvez alguns pensem a respeito da importação/exportação de 4 mil médicos cubanos para cá. É muito grande a amabilidade! Para uma pequenina ilha! Nada rica! Quanta bondade! Mas… será mesmo que não têm segundas intenções?

Para uso dos ingênuos, enumeramos uma pequena lista de segundas, terceiras, reais intenções, consubstanciadas em algumas vantagens para o governo cubano e para o comunismo internacional — que estão por detrás da exportação/importação dos médicos.

Extraímos sobretudo dos jornais de hoje alguns textos que comprovam o que estamos dizendo.

1. “Qual o fato que está subjacente à estranha, inexplicável e inconveniente vinda dos médicos cubanos? Será porque eles são mais capacitados que os nossos? Ou a resposta se situa no campo político-ideológico? Nesse sentido, o Brasil estaria dando guarida a profissionais carentes de trabalho em seus países?” [1]

2. “Não estarão esses médicos chamados a desempenhar — sob a batuta de Frei Betto, o principal articulador das CEBs e “muy amigo” de Cuba — uma ação conjunta com estas, que, como se sabe, trabalham para a esquerdização do País?”[2]

3. “As ‘missões médicas’ foram iniciadas nos anos 1960 por ideia de Fidel Castro. As missões, hoje em 58 países — a maioria, como o Haiti, não paga pelos serviços — são a maior arma soft power da ilha comunista.”[3]

4. “Propaganda automática do regime, ainda que os profissionais se abstenham de fazer discurso político”. [4]

5 . “Com o negócio, Cuba conseguiu alinhar ideologia e diplomacia ao pragmatismo”.[5]

6. “Uma conquista estratégica — diplomática e econômica — para o governo de Cuba”.[6]

7. “O governo brasileiro está importando trabalho escravo! Tanto é assim que os médicos sequer podem reter seus próprios salários. Quem ficará com o grosso do meio bilhão é a ditadura dos irmãos Castro”.[7]

8. “Alguns brasileiros do MST afirmam que estão em Cuba para cursos de medicina, e que o objetivo é retornar ao Brasil e divulgar as maravilhas do modelo socialista”. [8]

9. “Como há precedentes, ficarão escondidos e vigiados, com nosso próprio governo fazendo o papel de carcereiro dos Castro?” [9]

10. “O governo está passando a falsa ideia ao mundo de ser a nossa medicina precária, estagnada no tempo, desprovida de pioneirismo e avanços científicos em vários setores. E mais, o profissional brasileiro poderá ser tido como desprovido de sensibilidade social, humanismo e solidariedade, que compõem a essência do juramento de Hipócrates”.[10]

11. “Que a lei brasileira será burlada nós sabemos, pois seus diplomas não serão revalidados”.[11]

12. “Ainda há que indagar: uma vez que o País pagará bem mais do que os médicos receberão, qual a razão dessa ajuda financeira a Cuba?” [12]

13. “O Ministério da Saúde informou que, apesar de trabalharem no Brasil, os cubanos estarão sujeitos às leis trabalhistas do seu país de origem” .[13]

Sim, tudo para transformar a América do Sul em um quintal do comunismo, junto com a Venezuela, Bolívia e outras nações. Estaríamos diante de um chavismo sem Chávez?
O Brasil recebe de presente um novo "Cavalo de Troia" — em seu bojo "médicos" cubanos
[1] Antônio Carlos Mariz de Oliveira, “O Estado de S. Paulo”, 2-9-13. 
[2] Helio Dias Viana. 
[3] “Folha de S. Paulo”, 3-9-13. 
[4] “Folha de S. Paulo”, 3-9-13. 
[5] “Folha de S. Paulo”, 3-9-13. 
[6] “Folha de S. Paulo”, 3-9-13.
[7] Rodrigo Constantino, “Folha de S. Paulo”, 3-9-13.
[8] Rodrigo Constantino, “Folha de S. Paulo”, 3-9-13. 
[9] Antônio Carlos Mariz de Oliveira, “O Estado de S. Paulo”, 3-9-13. 
[10] Antônio Carlos Mariz de Oliveira, “O Estado de S. Paulo”, 2-9-13. 
[11] Antônio Carlos Mariz de Oliveira, “O Estado de S. Paulo”, 2-9-13. 
[12] Antônio Carlos Mariz de Oliveira, “O Estado de S. Paulo”, 2-9-13. 
[13] “O Estado de S. Paulo”, 27-8-13. 
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(*) Leo Daniele é colaborador da Agência Boa Imprensa (ABIM)

sábado, 7 de setembro de 2013

Nomes sagrados de cidades brasileiras

Museu Paulista (conhecido como Museu do Ipiranga). Nesse local - em que foi proclamada a Independência do Brasil - a cidade de São Paulo recebeu o nome do Apóstolo dos Gentios, por ter sido fundada na festa comemorativa de sua conversão.
Carlos Sodré Lanna (*)

O espírito religioso do povo português encontrou no Brasil um clima fecundo para sua natural expansão.

O costume de se designar os acidentes geográficos pelos nomes de Deus, da Virgem Maria, dos santos e santas teve origem com o Descobrimento, a partir de suas primeiras denominações: Terra de Vera Cruz e de Santa Cruz.

Essa tradição é responsável pelos nomes sagrados dados a centenas de cidades, distritos e vilas de nossa Pátria, nos mais diversos quadrantes, como também a regiões, rios, lagos, montanhas e pontes, todos extraídos da religiosidade católica.
Assim, em primeiro lugar, os nomes de Deus e de Jesus Cristo aparecem em formações compostas: Menino Deus, no Pará e Cristo-Rei, no Paraná.

Salvador foi atribuído à capital da Bahia, bem como a cidades de vários outros Estados. Senhor do Bonfim é uma cidade baiana. A denominação Bom Jesus é difundida em diversas regiões, como, por exemplo, Bom Jesus do Galho (MG). Divino, como a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, aparece em Divino das Laranjeiras (MG). Espírito Santo, além de designar o Estado que leva tal nome, figura em Espírito Santo do Pinhal (SP) e outras localidades.

Em relação a Nossa Senhora, são numerosas as invocações que figuram como nomes de cidades: Nossa Senhora Aparecida (SP), Nossa Senhora da Glória (SE), etc.

Uma antiga devoção mariana consagrada a Nossa Senhora da Conceição é
igualmente bastante difundida em cidades brasileiras: Conceição do Araguaia (PA), Conceição do Coité (BA) e várias outras.

Além dessas, é grande o número de expressões relativas à Mãe de Deus existentes em todo o território nacional: Virgem da Lapa (MG), Madre de Deus (MA), Amparo da Serra (MG), Carmo da Mata (MG), Dores do Rio Preto (ES), Piedade de Ponte Nova (MG), etc.

Com o adjetivo "bom", aparece Bom Sucesso (MG), Bom Conselho (PE), Boa Morte (MG), provenientes de invocações de Nossa Senhora.

Ocupa lugar de destaque a designação de Santa Maria, em vários Estados, e seus compostos como Santa Maria da Vitória (BA).

Quanto aos nomes de santos aplicados a cidades, a preferência recai em São José e Santo Antonio, como, por exemplo, São José do Rio Preto (SP), São José do Ouro (RS), Santo Antonio de Lisboa (PI), Santo Antonio do Leverger (MT) e muitas outras localidades.

Podem ser lembrados ainda, na formação dos nomes de municípios, vários outros santos como São Benedito do Sul (PE), São Bento do Norte (RN), São Bernardo do Campo (SP), São Caetano do Sul (SP), São Domingos do Prata (MG), São Félix do Xingu (PA), São Francisco do Sul (SC), São Gabriel da Cachoeira AM), São João da Barra (RJ), São Joaquim (SC), São Luís (MA), São Mateus (ES), São Pedro dos Ferros (MG), São Vicente Ferrer (MA) etc. São Paulo, a capital paulista, recebeu o nome do Apóstolo dos Gentios por ter sido fundada na festa comemorativa de sua conversão, em 25 de janeiro.

Quanto ao emprego dos nomes de santas, a preferência recai sobre Santana ou seus compostos, como Santana do Livramento (RS), vindo logo em seguida as designações de Santa Rita e Santa Rosa, com seus complementos, em diversos Estados. Seguem-se Santa Luzia, Santa Bárbara e Santa Isabel. Para designar os cultos às padroeiras, cabe lembrar Santa Adélia (SP), Santa Amélia (PR), Santa Brígida (BA), Santa Clara (AP), Santa Inês (MA), Santa Quitéria (CE), Santa Teresa (ES), Santa Vitória (MG) etc.

Com a designação Cruz, é expressivo o número de municípios, seja na forma simples de Santa Cruz (SE), ou composta, como Santa Cruz do Sul (RS), Primeira Cruz (MA), além de seus derivados como Cruzeiro (SP), Cruzália (SP), Cruzeta (RN), Cruzília (MG).

Toda essa série de designações, consistindo em nomes de santos e santas, concedidas às cidades brasileiras, tão ampla e variada, constitui o reflexo do primeiro símbolo católico implantado e frutificado em nosso País, que foi a cruz.


Para concluir, reproduzimos um pertinente comentário do conceituado historiador Pe. Serafim Leite SJ: “A Cruz de Cristo estava na bandeira da nação evangelizadora [Portugal], e no passado e no presente, numa forma ou noutra, é o objeto mais visível do culto no Brasil, como o certifica no Rio de Janeiro a estátua do Cristo Redentor a iluminar e a abençoar o Brasil em que a própria imagem de braços abertos, é a Cruz” (Suma histórica da Companhia de Jesus no Brasil, Livraria Portugalia, Lisboa, 1965, p. 138).
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(*) Carlos Sodré Lanna é colaborador da Agência Boa Imprensa (ABIM)

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A eutanásia de recém-nascidos na Holanda abre nova fase na luta contra o aborto


Mathias von Gersdorff 
Sem dúvida foi chocante e indignante a notícia sobre a planejada legalização da matança de recém-nascidos doentes na Holanda. A introdução da eutanásia para neonatos está abrindo uma fase completamente nova na luta pelo direito à vida.

A partir de agora será possível matar recém-nascidos, evidentemente sem a sua anuência.

A matança de neonatos não é nenhuma invenção dos tempos modernos. Já era praticada entre os povos pagãos. Somente com o advento do Cristianismo é que houve uma mudança de consciência e cessou essa prática tão inumana, injusta e cruel como o aborto.

Assim, a introdução legal da eutanásia para recém-nascidos documenta não apenas a decrescente influência que o cristianismo exerce em nossos dias, mas também para onde se dirige a nossa sociedade em razão do desaparecimento da influência cristã. Ela está voltando, em sua decadência, à barbárie e ao paganismo.

Essa notícia, por mais assustadora que seja, não surgiu de modo inesperado. Como já foi largamente descrito, o diagnóstico pré-natal (DPN) — isto é, a investigação médica da criança no útero materno — calcula a possibilidade da ocorrência de doenças genéticas ou outras quaisquer no nascituro.

Na prática, trata-se de verificar principalmente se existe no feto a ocorrência de trisonomia 13, 18 ou 21 (síndrome de Down ou mongolismo), portanto as derivações genéticas mais frequentes. Cerca de 90% das crianças com a síndrome de Down são abortadas depois de tais controles médicos.

Em via de regra o crime do aborto é a perspectiva mais iminente num diagnóstico pré-natal, uma vez que apenas numa parte cada vez menor dos casos é possível fazer operações ou empregar terapias efetivas. Assim, via de regra, o objetivo visado pelo diagnóstico pré-natal e pelos testes genéticos é claramente a seleção de crianças com defeitos físicos.

É importante saber que os diferentes processos de diagnósticos pré-natais (DPN) só podem fornecer uma probabilidade sobre a existência de doenças e de modo algum uma certeza absoluta. Deste modo são mortas até mesmo crianças sadias (e doentes sobrevivem).

Posto que muitos desses abortos são feitos tardiamente — sendo por isso chamados de abortos tardios —, muita gente apela pura e simplesmente para o infanticídio: “De fato seria melhor deixar que a criança viesse ao mundo de modo natural para então matá-la, se ela estiver realmente doente. Neste caso se teria absoluta segurança sobre o estado de sua saúde e os médicos evitariam o risco de serem responsabilizados”. 

Do aborto à eutanásia de recém-nascidos 
Na Alemanha, por ocasião da revisão do parágrafo 218 do Código Penal — que tratava da penalidade aplicável a uma mulher que praticasse o aborto — no início dos anos 90, sob o nome de “indicação embriopática”, foi introduzida na legislação a respeito do aborto a “indicação eugênica” (§ 218 a do Código Penal), que desembocou depois na indicação “medicinal” ampliada. Essa indicação médica permite abortos até pouco antes do nascimento caso haja perigo para a saúde da mãe. Porém, isso é mera teoria. 

Na prática, o simples risco de nascer uma criança seriamente defeituosa (os testes genéticos e o diagnóstico pré-natal não dão uma certeza de 100%) já é considerado como um peso psíquico de tal maneira grande para a mãe, que não se pode impedi-la de abortar. Isso, por sua vez, é o pressuposto legal que alimenta o grande desenvolvimento do diagnóstico pré-natal e dos testes genéticos. A medicina pré-natal é hoje em dia um segmento econômico com forte crescimento. A esse ponto chegamos!

Essas considerações não são novas. Iberto Giubilini e Francesca Minerva, dois acadêmicos que exercem suas atividades em Melbourne (Austrália), argumentam na revista especializada de medicina "Journal of Medical Ethics" que do ponto de vista lógico deveria ser permitido matar recém-nascidos cujo estado de saúde corporal ou mental justificasse um aborto do ponto de vista legal. É um reconhecimento de que aborto e infanticídio se equivalem.

Esta colaboração científica de ambos no "Journal of Medical Ethics" sobre a valoração moral do assassinato de crianças, tal como se faz com o feto no aborto, provocou uma onda de indignação no mundo inteiro. Os autores colocam no mesmo nível o “status” moral do assassinato de um recém-nascido e o de um feto. A ambos — ao feto e ao recém-nascido — faltariam, segundo Giubilini e Minerva, as capacidades que justificam o reconhecimento de um direito à vida.

Nossa preocupação não deve restringir-se à situação na Holanda, pois na Alemanha já foram também estabelecidas as condições prévias para a prática da eutanásia em recém-nascidos...

Também na Alemanha vai se colocar a pergunta: Para que fazer testes caríssimos e extremamente estressantes para a futura mãe? Se a criança pode ser morta um minuto antes de seu nascimento natural, por que então não poderia alguns minutos depois do nascimento, quando se pode constatar claramente seu estado de saúde?

Aqui fica evidente uma coisa: a legalização do aborto representou o rompimento de um dique que nos conduz de uma catástrofe moral a outra. As soluções de compromisso não conseguem sustar este processo. A propósito da vida é preciso manter o que o cristianismo ensinou desde o início: Não é possível fazer compromissos!

A completa proibição do aborto deve continuar a ser o objetivo da luta em prol do direito à vida.

Comunicado do Príncipe Dom Luiz de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil

É com o espírito carregado de graves apreensões que venho considerando os mais recentes acontecimentos de nossa vida pública. As instituições são desrespeitadas, a insegurança jurídica aumenta, a faculdade de opinar vai sendo ameaçada, insuflam-se conflitos entre brasileiros, sobre as forças dinâmicas da Nação se abatem legislações cada vez mais sufocantes e até nossa diplomacia  outrora reconhecida por seu equilíbrio e subtileza  é vilipendiada.

Aumenta, dia a dia, em considerável parte de nossa população  afável, ordeira e laboriosa  o sentimento de inconformidade e rejeição ante os crescentes desmandos de algumas de nossas mais altas autoridades, obstinadamente comprometidas com metas ideológicas avessas ao sentir da alma cristã de nosso povo.

O País assiste nestes dias, estupefato e incrédulo, ao que algumas vozes ponderadas já não hesitam em qualificar de um moderno tráfico de escravos ideológicos.

A classe médica e considerável parte da população vê com aversão a vinda (“importação”!) para o nosso País de médicos cubanos como “solução” para um sistema estatal de saúde em boa medida falido, devido ao descaso do próprio governo.

Enviados para o Brasil  a mando das autoridades que há décadas envolvem a outrora pérola do Caribe nesse ambiente obscuro, miserável e trágico, típico das nações-masmorras sobre as quais se abateu o comunismo  tais médicos são massa de manobra de inconfessados desígnios.

Enquanto é legítimo duvidar dos conhecimentos científicos de muitos deles, não é difícil conjecturar que alguns aqui desembarcarão como agentes da ideologia socialo-comunista vigente em Cuba, como tem acontecido em países como a Venezuela e a Bolívia. Além disso, muitos, separados propositalmente de seus familiares, aqui ficarão confinados em seus locais de trabalho, sem que seja clara a garantia de sua liberdade de ir e vir, bem como de outros princípios básicos de nosso Estado de Direito. Isso para não mencionar que parte do pagamento deste trabalho escravo hodierno será enviado pelas autoridades brasileiras às autoridades do regime cubano.

A se consolidar esta espúria operação, o Brasil terá sido empurrado decididamente para os descaminhos do totalitarismo. Hoje escravidão de pobres cubanos, amanhã talvez de brasileiros.

É, pois, com repulsa que vejo autoridades da República, com profundos laços ideológicos com o regime comunista de Cuba, fazerem semelhante acordo, favorecendo ademais a sobrevivência de uma ditadura que visa estender pelo território brasileiro os males com que o expansionismo castrista fustiga há décadas países de nosso Continente.

Para que o Brasil prossiga sua trajetória histórica sem conhecer as discórdias, agitações e até morticínios que têm caracterizado as revoluções de índole socialo-comunista, urge que os brasileiros, das mais diversas condições, abandonem certa inércia desavisada na qual se encontram e se articulem para fazer refluir as ameaças que, contrárias ao modo de pensar, de agir e de viver, da grande maioria de nossa população, vão baixando sobre o País.

É neste sentido que elevo minhas preces a Nossa Senhora Aparecida, a quem Dom Pedro I consagrou o Brasil, logo após nossa Independência, como Padroeira e Rainha.
Dom Luiz de Orleans e Bragança 
1º de setembro de 2013