quarta-feira, 11 de setembro de 2013

“Neo-maoização” da China


Luis Dufaur (*)

Em julho último, o presidente chinês Xi Jinping peregrinou até a luxuosa casa de campo às margens de um lago, onde Mao Zedong passava suas férias nos anos 1950 enquanto ordenava exterminar classes sociais inteiras. Para Xi, o sítio de lazeres do cruel líder comunista deveria ser declarado centro de educação da juventude no espírito da revolução.

Com efeito, a retórica “mística” maoísta de Xi vem se reforçando nos últimos meses, constatou reportagem do “The Wall Street Journal”.

Ele se vale do “livro vermelho” de Mao para fazer um expurgo no Partido Comunista Chinês, além de montar um cerco a princípios como democracia, Estado de direito e aplicação da Constituição.

Visando reforçar o espírito igualitário intrínseco ao comunismo, o presidente ordenou que os generais e os membros mais antigos do governo trabalhem como domésticos pelo período mínimo de cinco dias a fim de aprenderem a se reconectar com as “massas”. A atitude de Xi parece decisiva, pois a China está entrando numa crise econômica e pipocam as revoltas populares.

Para Xi Jinping que passa horas lendo livros de teoria marxista e maoista, “isto é apenas o início”. Em dezembro passado, ele declarara que a União Soviética havia entrado em colapso pela falta de convicção ideológica marxista de seus líderes e pelo fato de não haver um “homem” para estancar o processo de liberalização.

Ele tem a pretensão de ser o “homem” que impedirá qualquer abrandamento de uma ditadura que já ceifou pelo menos cem milhões de vidas da sofrida nação chinesa...
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(*) Luis Dufaur é colaborador da Agência Boa Imprensa (ABIM)

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