sábado, 24 de dezembro de 2011

Rompendo o silêncio dos indiferentes

Pe. David Francisquini  (*)

Proclama o livro da Sabedoria: “Quando um silêncio profundo envolvia todas as coisas e a noite ia a meio do seu curso, então, a tua palavra onipotente desceu do Céu e do trono real e, como um implacável guerreiro, lançou-se para o meio da Terra condenada à ruína, trazendo, como espada afiada, o teu irrevogável decreto”.

Há pouco mais de 2000 anos, um edito de César Augusto convocava um recenseamento de toda o império romano. Naquele tempo, os recenseadores não iam, como hoje, de casa em casa interrogando as pessoas. Todos eram obrigados a se dirigir para tal fim à sua cidade de origem. Foi por esta razão que José — por ser da Casa e linhagem de David —, deixando Nazaré, na Galiléia, se dirigiu a Belém, na Judéia, a fim de se recensear com Maria, sua esposa.

O recenseamento concorreu para romper o silêncio e a rotina daquela cidade não muito distante de Jerusalém. Suas ruas, praças e hospedarias se encontravam cheias, num vai-e-vem contínuo de pessoas. Familiares, amigos, e mesmo estranhos se cumprimentavam e falavam dos pequenos acontecimentos de que se compunha a vida miúda daquela gente. Disso resultava um vozerio proporcional ao movimento da multidão, mas o suficiente para turbar os costumes da pequena Belém de Judá.

Foi em meio àquela balbúrdia que chegou São José, puxando um burrico sobre o qual se encontrava sua esposa, que estava grávida. Ninguém percebeu, sequer pôde entrever que o claustro virginal de Maria encerrava o Deus encarnado, “Aquele a quem nem o Céu nem a Terra podia conter”, prestes a vir ao mundo. José procurou por toda cidade um lugar onde pudesse nascer o Redentor: casas de parentes, hospedarias, casas particulares. Todas as portas se fecharam para ele e sua esposa. Ou seja, o Redentor não encontrou abrigo onde pudesse vir à luz do mundo. São João escreveu que a Vida estava n’Ele, e esta Vida é a luz dos homens. É a luz que brilha nas trevas e as trevas não puderam envolvê-Lo. O Verbo era Luz verdadeira que ilumina a todo homem que vem a este mundo. Ele estava no mundo, neste mundo que Deus criou, e o mundo não O quis reconhecer. Ele veio habitar entre os seus e os seus não O quiseram receber.

Cenário triste que se repete, ano após ano, nas celebrações do Nascimento do Redentor. Na verdade, tudo deveria parar a fim de ceder lugar, com todo o requinte possível, às celebrações d’Aquele que é a Luz do mundo. Afinal, Ele nos traz as melhores recordações de alegria, de paz, de harmonia e bem-estar. Natal do Menino Jesus em Belém de Judá. Natal em que a Terra inteira deveria se engalanar para receber o Inocente por excelência.

Não tendo São José e Nossa Senhora encontrado lugar no casario de Belém, foram se recolher junto à manjedoura, numa gruta que servia de abrigo aos animais. Foi ali que se deu o Natal do Menino-Deus, anunciado pelas vozes angélicas que ecoaram pelos campos e despertaram os pastores: “Glória a Deus nas Alturas e paz na terra aos homens de boa vontade!”. Nascido num campo como lírio perfumado, o Menino-Deus reuniu em torno de Si todas as classes, de reis a pastores.

A natureza toda sente-se embevecida e elevada porque um Deus que é o criador de todas as coisas e que governa o universo tornou-se criatura sem deixar de ser eterno e imutável.

Quem não se sente comovido contemplando uma criança tão bela, terna e frágil, que sob o olhar enlevado e compassivo de sua Mãe e de São José, jazia com seus bracinhos estendidos numa manjedoura, profeticamente a mesma posição que, 33 anos depois, assumiria ao morrer pregada na Cruz para a salvação da humanidade pecadora?
______________ 
(*) Sacerdote da igreja do Imaculado Coração de Maria, Cardoso Moreira - RJ

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A Alemanha se prepara para o Natal


Benno Hofschulte  (*)

Todas as cidades da Alemanha, grandes e pequenas, começam as preparações para a grande festa do Natal, a mais popular e familiar festa entre os alemães. A preparação não significa apenas trabalho, limpeza, arrumação, compras. A nota dominante das semanas que antecedem a comemoração do nascimento do Divino Salvador é a criação de um clima, de um ambiente, que visa introduzir as pessoas e a população inteira numa crescente alegria em vista da vinda do Menino Jesus, que está próxima. É propriamente a expressão do tempo do Advento, em que a Igreja se cobre de paramentos roxos para, em espírito de penitência, ir de encontro ao esperançoso e feliz dia do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Nem mesmo na moderna metrópole financeira e bancária da Alemanha, na cidade de Frankfurt, às margens do rio Main, o ambiente e programa natalinos deixam de dar a nota. Nas quatro semanas que antecedem o Natal, o ambiente nas casas comerciais, grandes magazines e supermercados muda completamente. A música ambiente, antes febricitante e vulgar, passa a emitir exclusivamente melodias tradicionais natalinas e transmitem ao ambiente uma atmosfera de aconchego, de doçura e felicidade.

Não é raro encontrar-se com pessoas cantando baixinho, acompanhando a melodia que se ouve no ambiente, enquanto escolhem os objetos que desejam comprar. O mesmo se sente ao passear pelas ruas e praças públicas ornadas por inúmeros pinheiros iluminados, bordejadas pela festiva decoração externa das casas comerciais e igualmente inundadas por melodias natalinas, tocadas ou cantadas por pequenos grupos de músicos e cantores. Quando tudo isso merece a graça de ser coberto com um alvíssimo manto de neve – um gracioso dom divino de inocência – a visão se sente transferida para um conto de fadas.

Mas o centro de tudo é constituído pela Feira de Natal [fotos], montada na praça em frente à prefeitura, o histórico palácio denominado Römer; na mesma praça em que outrora o povo festejava a coroação dos imperadores do Sacro Império Romano Alemão.

A feira é solenemente aberta com o “acendam-se as luzes” no fim da tarde da quarta-feira que precede ao primeiro domingo do Advento. A essa ordem, dada pelo burgomestre da cidade, toda a decoração e a imensa árvore de Natal se iluminam. Conjuntos instrumentais e vocais começam a apresentar músicas de Advento e Natal.

No sábado que antecede o primeiro domingo do Advento, todas as igrejas do centro da cidade, em número de onze, fazem repicar os seus sinos durante meia hora, para anunciar o começo da época natalina. Um passeio pela cidade nessa ocasião é um acontecimento. É a realização do que diz uma linda canção de Natal alemã:

“Nunca os sinos dobram com mais doçura do que no tempo do Natal; é como se os anjos voltassem a cantar, como fizeram na sacrossanta noite de outrora, a glória de Deus e a felicidade dos homens. Ó sinos, espalhai pelas vastidões da terra o vosso sagrado som”.

Duas vezes por semana, trombeteiros saúdam os visitantes da feira, tocando melodias próprias da época do alto da torre de uma igreja. São Nicolau veio no dia 6 de dezembro para saudar e presentear as crianças de Frankfurt. No dia 7, todos, grandes e pequenos, se reúnem na feira para, ao cair da tarde, entoarem juntos as tradicionais canções de Natal, sob a orientação de um famoso cantor ou cantora. Neste ano participaram oito mil pessoas desse encontro. É um espetáculo emocionante e digno pelo cultivo público de uma tradição secular. Três milhões de pessoas de todo o mundo passam pela Feira de Natal todos os anos.

A origem das Feiras de Natal remonta à Idade Média, quando os camponeses e artesãos do interior vinham às cidades oferecer seus artigos de decoração natalina, artigos para presentes e guloseimas típicos como pães de mel, pães de frutas e biscoitos, cujo aroma é caracteristicamente natalino. A feira de Frankfurt é a mais antiga da Alemanha, tendo sido citada em documentos do ano de 1393.

Adultos e crianças têm oportunidade de degustar o mundo da inocência que a festa do nascimento do Menino Jesus irradia. Mais de um milhão e meio de pessoas visitaram no ano passado a Feira de Natal em Frankfurt. Até o dia 22 de dezembro as luzes da Feira estarão iluminando o centro da cidade, quando então, do balcão da histórica prefeitura, o Menino Jesus desejará a todos um santo e abençoado Natal e o burgomestre dará a ordem de “apaguem-se as luzes”.
__________
(*) Benno Hofschulte é colaborar da Agência Boa Imprensa (ABIM)

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

"Ela te esmagará a cabeça"

Pe. David Francisquini (*) 

No dia 8 de dezembro celebramos a tradicional festa da Imaculada Conceição de Maria, a Mãe de Deus, tendo Ela concebido por obra do Espírito Santo o Filho de Deus feito homem, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. Os méritos de seu futuro Filho foram aplicados à Mãe antes mesmo d´Ela O conceber e, por conseguinte, sem a nódoa do pecado original.

Em sua onipotência, Deus fez o homem do limo da terra, dando-lhe alma imortal. A partir deste fez a mulher, colocando sobre este primeiro casal toda a sua predileção. E, para mais bem nobilitar a raça humana, quis participar dela pela Encarnação no ventre puríssimo de Maria. Coroou, assim, a obra da criação.

Como sabemos, esse primeiro casal foi infiel e não correspondeu aos planos do Criador. Mas nos seus divinos e soberanos decretos, revelou Deus que dessa raça pecadora viria o futuro Salvador. Sua Mãe seria uma pedra de contradição que, como um terrível exército em ordem de batalha, esmagaria a cabeça da serpente infernal. “Porei inimizade entre ti e a Mulher, entre a tua descendência e a descendência d’Ela e Ela te esmagará a cabeça, e tu armarás traições ao seu calcanhar”. Luta posta pelo próprio Deus, que a vem sustentando entre a raça bendita da Mulher e a raça maldita de satanás, entre os que são de Deus e os que são do demônio.

Luta que vem se avolumando no decorrer dos séculos. Nossa Senhora terça armas sem cessar com o demônio e seus sequazes. Sua vitória é garantida pelo próprio Deus, que a fez seu lugar-tenente na guerra contra o pecado, o demônio, o mundo enganador e a carne corrompida. Em Fátima, Ela mesma nos prometeu: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!”.

Afinal, “quem é esta que surge como a aurora‚ bela como a lua‚ brilhante como o sol‚ temível como um exército em ordem de batalha?” (Cant 6‚ 8-10). Ao criar Maria, Deus onipotente a isentou da mácula original e fez n’Ela grandes maravilhas. Aquele que fez o Céu e a Terra resgatou da culpa da raça humana aquela que seria a Mãe do Salvador livrando-a da culpa original.

A Virgem Mãe de Deus está acima de todas as mulheres por ter virginalmente engendrado Aquele que os céus não podem conter. Eis a razão por que, ao criar Maria, Deus quis aplicar por antecipação os méritos de Cristo na Cruz, afastando d’Ela o pecado universal que maculara a raça humana. Só assim o Salvador poderia redimir os homens do pecado original.

Ao louvar Maria, o Anjo Gabriel diz: “Ave, ó cheia de graça!”. Como poderia ele dizer “plena de graça” se o pecado a tivesse maculado? Jamais! Deus a criou segundo os arcanos divinos que a haviam concebido desde toda eternidade para ser a Mãe de Jesus Cristo, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade.

Ao oferecer os elementos de uma nova vida, a mulher é instrumento na mão de Deus, uma vez que Este a cria através dela. Assim também se dá com Maria ao gerar Nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, por obra do Espírito Santo.

Não significa que Ela tenha gerado a divindade, pois o Filho foi gerado por via intelectiva desde toda a eternidade. Ao dar ao Filho os elementos para tornar-se homem, Maria se tornou Mãe de Deus. Por esta razão Ela não poderia ter a nódoa do pecado original, pois repugnaria à divindade tirar os elementos de sua humanidade de um ventre concebido no pecado.

Jesus Cristo veio ao mundo para destruir o cativeiro do pecado e da morte. Segundo afirmação de Santo Agostinho, Ele obteve o cetro da rainha das virgens que O concebeu — o rei da castidade — num seio virginal e puro onde Ele pudesse morar e dar-nos a entender que só um corpo puro e casto pode ser o templo de Deus. Antes de o sol nascer e deitar seus raios, já ilumina a Terra com um belo colorido.

Antes de ser gerado e nascer, Jesus Cristo irradiou o esplendor da graça redimindo Maria, inocentando-a da culpa original, ostentando sobre Ela os raios da mais perfeita virtude, fazendo-a imaculada. Assim, sem mácula e com virtude perfeita Ele, veio ao mundo para realizar sua missão redentora.
______________ 
(*) Sacerdote da igreja do Imaculado Coração de Maria, Cardoso Moreira - RJ

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Pães na porta de casa em plena capital paulista?

Os irmãos Carillo dão continuidade à tradição de bisavô italiano (Foto Folhapress)
Luís Felipe Escocard
www.ipco.org.br

Segundo notícia da Folha de São Paulo de 24 de novembro, dois irmãos, apesar de já formados em faculdade, resolveram seguir a tradição familiar e trabalhar como padeiros. Com um diferencial: eles entregam em casa.

Em 1914 seu bisavô chegou da Itália e abriu uma padaria no bairro da Mooca. Como era costume da época, fazia os pães bem cedinho e saía com eles numa charrete para entregá-los aos clientes.

Os jovens Guilherme e Gabriel Carillo começaram a trabalhar junto com o avô — que deu continuidade à tradição — e aprenderam todas as artimanhas da confecção do legítimo pão italiano.

Todos os dias, entregam os pães pelo bairro e arredores. Sabem dos gostos de cada freguês, por isso a entrega é personalizada: mais torrado, mais clarinho, grande, pequeno, recheado…

A São Paulo atual, assim como toda megalópole, é uma cidade massificada, agitada e comercial, onde as relações pessoais são cada vez mais raras. O comum são as grandes lojas, onde a pessoa só tem a opção de comprar o que está exposto.
Os pães são feitos como o freguês deseja (Foto Folhapress) 
Foi-se o tempo das pequenas mercearias onde o próprio dono ficava no caixa, do carrinho das frutas e verduras, do leiteiro, etc.

A notícia da qual falamos evoca um pouco aquela boa época, que infelizmente já não vivi, mas ouço dos meus antepassados. Onde tudo era mais tranquilo; sem drogas, imoralidade ou violência; os vizinhos se conheciam; e, principalmente, a religiosidade era bem maior…

Faço uma confidência: sinto saudades, muitas saudades, de uma época na qual, no entanto, não vivi. Parece meio contraditório, mas é o que sinto.

E você, caro leitor? Não sente a mesma coisa?

_______________

(*) Luís Felipe Escocard é colaborar da Agência Boa Imprensa (ABIM)

sábado, 19 de novembro de 2011

China mascara passado de crimes em história oficial

Causou espanto o livro oficial sobre a História do Partido Comunista Chinês, 1949-1978, publicado por ocasião dos 90 anos do partido. Ele silencia dezenas de milhões de assassinatos cometidos para a implantação da utopia socialista. “Não menos de 60 milhões”, disse Frank Dikötter [foto], da Universidade de Hong Kong. Entre dois e três milhões de proprietários foram mortos em 1949-51 em decorrência da reforma agrária e de reformas análogas. Na Campanha Anti-Direitista de 1957, mais de 550 mil intelectuais foram torturados e enviados para campos de trabalho onde muitos morreram. O novo livro ensina que esses morticínios foram “necessários e corretos”. Sobre o Grande Salto Adiante, de 1958-62, o livro só constata que a população caiu em 10 milhões de habitantes. O presidente da China, Hu Jintao, apadrinhou a equipe encarregada de suprimir fatos ou interpretações indesejáveis dessa história. Essa é a China que hoje tenta seduzir o Ocidente.
___________
Agência Boa Imprensa

domingo, 13 de novembro de 2011

“Como se fabrica uma revolução”


Heitor Abdalla Buchaul (*)

No dia 18 de outubro último, na sede da Federação Pró-Europa Cristã (FPEC), em Bruxelas, o Prof. Houchang Nahavandi, que fora ministro do Desenvolvimento e, mais tarde, do Ensino Superior, durante o reinado de Reza Pahlavi, último Xá do Irã, proferiu excelente conferência intitulada: “Como se fabrica uma revolução — o começo do islamismo radical".

O conferencista externou a erudição de um laureado pela Academia Francesa e a incontestável segurança de quem viveu todo o processo da revolução iraniana, explicando com riqueza de detalhes como, de um país aberto à civilização ocidental, o Irã tornou-se o foco por excelência do terror islâmico que assola os nossos dias.

O público presente — composto de vários membros da nobreza europeia, intelectuais e políticos — ouviu com profundo interesse todo o desenrolar da trama que transformou o então desconhecido Khomeini em “líder” de uma revolução que acabaria por eliminar a milenar monarquia persa. Segundo o conferencista, com a ajuda da imprensa ocidental e de renomados intelectuais de esquerda, uma falsa biografia do aiatolá foi elaborada para “transformado-o em pai de mártir, filho de mártir e ele mesmo vítima do regime imperial”, o que era totalmente contrário à realidade.

Confortavelmente instalado em Paris, Khomeini recebeu todo o apoio estratégico e material que culminou com o seu retorno triunfal ao Irã. O Prof. Nahavandi salientou que nessa época foi inaugurada a prática do assassinato em massa como tática revolucionária para aterrorizar a população e desestabilizar o país, dando o exemplo concreto de um cinema que foi incendiado quando passava um filme dedicado ao público infantil, ocasião em que morreram mais de 472 pessoas, em sua maioria crianças.

Muitos fatos narrados na conferência lembram o momento em que vivemos, que quase todo mundo islâmico foi atingido pela chamada "Primavera árabe". Esta, sob o pretexto de instaurar a democracia, vem transferindo o poder de ditadores laicistas para islâmicos cada vez mais radicais. E assim como há mais de 30 anos no Irã, o apoio ocidental vem sendo novamente decisivo para a ascensão ao poder da teocracia muçulmana.
_______________
(*) Heitor Abdalla Buchaul é colaborar da ABIM

sábado, 29 de outubro de 2011

Líbia “libertada” adotará sharia como base do novo governo


Nilo Fujimoto (*) 

O líder do Conselho Nacional de Transição (CNT) da Líbia, Mustafa Abdel Jalil, disse após a confirmação da morte do ditador Muamar Kadafi que a sharia (lei islâmica) deve ser a base para o novo governo da Líbia. “Qualquer lei que contradiga a sharia islâmica é nula e vazia, legalmente falando".

Irônicamente Jalil proclama a Líbia “oficialmente libertada”. Caiu o véu que escondia o verdadeiro rosto dos “Indignados” da “Primavera Árabe” contrariando o suposto movimento rumo à democracia propalado pelos governos do mundo inteiro – (ONU), OTAN e Obama que proporcionaram decisivo apoio militar – e , como não poderia deixar de faltar, pela mídia.

A nova era da “Líbia libertada”, democrática, pluralista e laica (sublinho laica) nasce sob a égide da execução sumária do ex-ditador sob o olhar complacente – e quem sabe cúmplice – do Ocidente. Sem julgamento, sem acusação, sem proporcionar os direitos basilares de qualquer democracia que preze caracterizar-se por tal: o Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa.

Desse modo, – pelo dedo se conhece o gigante – os supostos defensores de uma “democracia” nascente expõem a substância de que são constituídos os elementos mais notórios dos rebelados: o islamismo radical.

Vai se delineando a figura de um gigante, que desde as gloriosas Cruzadas estava adormecido. Estará ele despertando numa “primavera”? “Qui vivra verá”, quem viver verá ou o tempo dirá.
(Fonte: CNT diz que lei islâmica será a base de novo governo da Líbia. (http://ultimosegundo.ig.com.br/revoltamundoarabe/cnt-diz-que-lei-islamica-sera-a-base-de-novo-governo-da-libia/n1597312909919.html)
_____________ 
Nilo Fujimoto é colaborador da Agência Boa Imprensa

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Indignação contra a farsa dos “indignados”

Profanação: blasfema e bárbara destruição da imagem de Nossa Senhora de Lourdes (da igreja dos Santos Marcelino e Pedro al Laterano, via Labicana), durante a manifestação dos "indignados", no dia 15-10-11.


O que está por detrás desse “espontâneo” movimento que começa a se manifestar pelo mundo inteiro? Sua mais recente — e indignante — manifestação em Roma foi principalmente voltada contra Deus e a Virgem Santíssima com a profanação de imagens, revelando assim seu ódio contra a ordem católica das coisas.


Abel de Oliveira Campos (*)

Caro leitor, vale a pena ver na Internet o clipe no seguinte link http://pt.gloria.tv/?media=205626. E que também tem um no link endereço: www.pliniocorreadeoliveira.info/novidades.asp, de hoje, 17 de outubro.

Ele mostra o sacrílego atentado contra uma imagem de Nossa Senhora de Lourdes, levado a cabo durante as manifestações dos tais “indignados” (foto). Houve também destruição de crucifixos. É para manifestar ódio contra Deus que eles estão se aglutinando? Tudo leva a crer que sim.
As suas manifestações “espontâneas” se multiplicam, segundo a mídia, por quase todas as partes do mundo. E circularam notícias — depois desmentidas — de que o grande financiador desse movimento seria o Dr. George Soros, arquimilionário investidor mundialmente conhecido.

De fato, manifestações como essas têm uma “espontaneidade” muito bem organizada. E muito bem financiada. É o que se deduz do depoimento de Vanessa Zettler, jovem manifestante brasileira residente nos EUA e que faz parte do movimento “Ocupe Wall Street” em Nova York “O comitê de comida oferece alimentação de graça [...] As pessoas que doam alimento e dinheiro são as que [...] não podem estar aqui”, disse ela (“Folha de S. Paulo”, 12-10-2011).

Curioso, não? Talvez a nossa compatriota tenha sido sincera demais... Primeiro ela fala da existência de um “comitê de comida”, o que pressupõe organização. Do contrário cada qual levaria seu lanche. E depois diz que os doadores “não podem estar aqui”? Por que não podem aparecer? O que está sendo escondido de nós nessas manifestações? É mais um enigma que fica no ar, à espera de explicação.

Nos recentes atos de vandalismo sacrílego em Roma, ao quebrarem crucifixos e imagens de Nossa Senhora — como mostra o citado clipe os “indignados” se desmascararam.

As aspirações comunistas e anarquistas dos organizadores do Fórum de São Paulo e dos chamados Fóruns Sociais não estão tão distantes dessas manifestações. É a velha esquerda que tenta sair da tumba, depois da depressão sofrida com a queda do Muro de Berlim e o rasgar da Cortina de Ferro, acontecimento este considerado tanto por Gorbachov quanto por Putin como “o maior desastre geopolítico do século XX”. Só que, para reerguer-se e tentar tirar do letargo as suas bases desanimadas e desnorteadas, a esquerda precisa se radicalizar e mostrar-se de corpo inteiro. Mas, ao fazê-lo, ela assusta e afasta aquela imensa parcela do centro, indispensável para a sua vitória.

Todo o mundo está realmente farto com o que a esquerda tem feito. A começar por expoentes da política brasileira que estão no cume do poder, passando pelos da União Europeia e terminando com Obama, que com sua política ambígua favorece habilidosamente aquilo que parece atacar.

E agora, num golpe de mágica, os que deveriam ser objeto da verdadeira indignação estão se apresentando como “indignados”... É outra farsa da esquerda que surge no horizonte.

É bom negócio para eles tomar a bandeira que deveria ser levantada contra si próprios por terem criado no mundo a situação de absurdo socialista, corrupção e desordem na qual vivemos. Eles canalizam assim, velhacamente, esse imenso DESCONTENTAMENTO pelo qual eles foram os responsáveis. Sua atitude assemelha-se à do ladrão que, após o roubo, grita “Pega ladrão”, a fim de desviar as atenções para outra direção...

Não excluímos que em meio a essas manifestações possa haver pessoas enganadas e de boa fé, exasperadas com a atual onda de corrupção que invade o mundo. Entretanto elas fazem o papel de inocentes úteis, para fins que ignoram. E na medida em que forem esclarecidas, se de fato estiverem de boa fé, deverão cair em si e retroceder.

Bom, não poderiam faltar alguns bispos esquerdistas que já estão apoiando esse movimento. Não vou citar nomes, basta ler os jornais. 

Em 1990, quando caiu o Muro de Berlim e o mundo se deu tardiamente conta do horror do regime comunista, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, na qualidade de presidente do Conselho Nacional da TFP, levantou a bandeira da verdadeira INDIGNAÇÃO. E o fez por meio do manifesto — publicado em vários jornais do País e do Exterior — intitulado Comunismo e anticomunismo na orla da última década deste milênio. A TFP apresenta uma análise da situação – no mundo – no Brasil.
O mesmo pode ser encontrado no seguinte endereço: 

http://www.pliniocorreadeoliveira.info/1990-02-14%20-%20Comunismo%20e%20anticomunismo%20na%20orla.asp


Convido-o, leitor, a fazer uma atenta leitura desse memorável manifesto, que em sua época alcançou grande repercussão no mundo inteiro. Publicado há mais de 20 anos, é mais atual do que nunca. Tire bom proveito dele. E algumas lições para analisar o que estamos começando a presenciar. 

___________________
(*) Abel Campos é colaborar da ABIM

domingo, 9 de outubro de 2011

Meio século de espera


Meio século de espera

Até agora, apenas carros fabricados antes da revolução de 1959 — em sua maioria, americanos — podiam ser comercializados em Cuba.
Até agora, apenas carros fabricados antes da revolução de 1959 podiam ser comercializados em Cuba.
Nilo Fujimoto
Você gostaria de viver num paraíso onde liberdade é apenas um sonho, onde todos são iguais (na miséria e no infortúnio) exceto os “mais iguais que os outros” e a fraternidade é o conluio entre os dirigentes.
Cuba é esse paraíso, a ilha da fantasia do socialismo latino-americano para o qual alguns se dirigem apenas de passagem, óbvio, para prestigiá-la e privar com “el comandante” e receber seus “conselhos” e os “bons” influxos de um ambiente resultante da aplicação brutal do ideal comunista.
No outro extremo, a realidade dos “proletários unidos” é outra, como se pode deduzir da notícia publicada na Folha de São Paulo ( 29/9/2011), sob o título “Cuba autoriza comercialização de carros”. Diz o vespertino que, com a edição digital da Gazeta Oficial (www.gacetaoficial.cu) de 28 de setembro último, o pobre “endinheirado” cubano poderá – após um espera de meio século (!) – realizar o que qualquer pessoa nos países não comunista pode: a livre comercialização de um simples veículo.
Segundo a reportagem da Folha,  a lei estabelece que “quem comprar ou vender carros na ilha deverá pagar um imposto de 4% sobre o valor do veículo. Os consumidores ainda deverão apresentar uma declaração de que o dinheiro usado para a compra foi obtido de forma legal. Até agora, apenas carros fabricados antes da revolução de 1959 — em sua maioria, americanos — podiam ser comercializados em Cuba.  Com a mudança, não haverá restrição de ano ou modelo para a compra, e será permitido que cada cidadão adquira mais de um carro.”
Triste situação a de nossos infortunados irmãos cubanos. Se não há nada para invejar do paraíso cubano, devemos sim recear a ditadura anunciada pelos dirigentes de esquerda no Brasil. Num passado não muito distante houve grupos armados que justificaram seus atos de terrorismo e formação de guerrilha arguindo não suportar viver em regime ditatorial. Porém, o que hoje não querem confessar – e estão ocupando atualmente as mais altas esferas políticas e sociais – é que a derrubada daquele regime tinha como meta o estabelecimento de um regime nos moldes cubanos e houvera logrado realizar não fosse a atuação de forças vivas anticomunistas.
Ocupou o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira um lugar de inegável destaque no panorama nacional e internacional como líder e orientador, intrépido na trincheira polêmica, paladino da luta anticomunista. Nossas homenagens pela passagem do décimo sexto ano de seu falecimento ocorrido em 3 de outubro de 1995. Maior homenagem, seguramente, é seguir defendendo os ideais por ele proclamado com tanta galhardia.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Até que a morte os separe

Padre David Francisquini (*) 
Ao criar o homem, Deus disse: “É bom que não viva só; façamos para ele uma companheira”. Estava constituído pelo Criador o primeiro casal, e assegurada, a partir desse núcleo social, a propagação da espécie humana. Vivendo em sociedade, os homens educariam retamente sua prole, preparariam os caminhos para a salvação, e gozariam por fim da eterna bem-aventurança na pátria celeste.
Com efeito, este primeiro casal simbolizava a família monogâmica e indissolúvel criada por Deus, a qual se tornaria o fundamento indispensável e nobilíssimo da sociedade na qual os homens deveriam viver. E o próprio Cristo Nosso Senhor recordou aos judeus que, com a sua vinda, as coisas voltariam a ser como no início.

Se Moisés, à época, deu permissão ao libelo de repúdio dos homens às suas mulheres, foi em razão da dureza daqueles corações, pois “não separe o homem aquilo que Deus uniu”. Na verdade, a convivência entre um homem e uma mulher pelo matrimônio indissolúvel exige de ambos um completo domínio, pois o casamento é para sempre, ou seja, até que a morte os separe.

Bodas de Caná - Tintoretto (1518-1594)
Tendo Jesus Cristo elevado tal união à dignidade de sacramento, os cônjuges devem se comprometer a conviver juntos. Eles são assistidos com as graças necessárias para permanecerem fiéis uns aos outros e cumprir os deveres de seu próprio estado, educando dignamente sua prole para a vida presente e futura. Sendo o casamento de instituição divina e santificado pelo próprio Jesus Cristo nas bodas de Caná, ele representa precioso instrumento de santificação para a maior parte dos homens.

Com tais atributos, o matrimônio deve ser edificado sobre a rocha inabalável da fé, dos bons costumes, da prática de nossa santa religião, da frequência constante e persistente dos sacramentos — sobretudo da confissão e da comunhão —, e da devoção a Sagrada Família, modelo de virtudes para todos os membros da família.

Caso contrário, o casamento desmoronará no primeiro obstáculo que sobrevier ao casal, como vem acontecendo de maneira crescente em nossa sociedade neopagã, na qual ele passou a ser construído sobre a areia movediça do sentimentalismo romântico, uma paixão desordenada que priva a pessoa da visão clara e objetiva das coisas.

Em próximo artigo, pretendo falar sobre o papel de São José, modelo exímio de todas as virtudes que os pais devem admirar e assimilar em suas vidas no governo familiar. Enquanto as mães poderão encontrar na humilde Virgem de Nazaré, Mãe de Deus e Mãe das mães, o exemplo das mais sublimes virtudes para enaltecer o seu lar com dignidade e heroísmo de uma verdadeira mãe cristã.
______________
(*) Sacerdote da igreja do Imaculado Coração de Maria, Cardoso Moreira - RJ

sábado, 24 de setembro de 2011

CANSAÇO


Leo Daniele (*)

O suspense cansa.

Imaginemos um carro à beira do precipício. Um verdadeiro abismo com todas as suas características, inclusive o convite gritante para a ação da força da gravidade. O vazio sobe no nosso peito, nos incomoda, o impacto do episódio nos impressiona. E se …? O motorista do carro, entretanto, está despreocupado. Os passageiros também. Mas a tragédia é para dentro de segundos.

Digamos que a cena seja a ilustração com a qual abrimos todos os dias nosso computador (que mau gosto, não?). Ao cabo de um ano, a ilustração só impressiona visitantes. Para nós, apenas causa bocejos. Ficou rotineira.

Hoje, como numa dança macabra, a tragédia se repete sem parar numa escala mundial. São desastres atrás de desastres. Filhos matam seus pais, mães assassinam seus filhos (nem estou falando do aborto). Professoras escandalizam seus alunos. A moralidade se precipita, como o carro do início deste artigo. Os homossexuais pretendem “casar-se”. O mais alto edifício de mundo é derrubado por terroristas (lembra-se?). Terroristas massacram 20 ou 50. Em alguma parte do globo, a cada 5 minutos acontece o martírio de um católico, segundo li neste mesmo site.

E as pessoas que deveriam dar brados de alerta, ter lágrimas de pranto, soltar clamores de indignação, bocejam.

Contribuem para o cansaço geral, limitando-se a dizer de vez em quanto: “É lamentável…” E ficam por aí. Eu também fico por aqui. A opinião pública assiste, cansada.

“Quais as causas dessa ingenuidade obstinadamente cega, que penetrou em tantos, grandes ou pequenos, cultos ou ignorantes, moços ou velhos?”, perguntava, nas páginas da Folha de S. Paulo, Dr. Plinio Corrêa de Oliveira em 1968 (28 de agosto).

O fenômeno é o mesmo. Ele responde: “É o cansaço, o terrível cansaço de ser lógico, sério, coerente e arguto”. Sim, estaremos cansados, o excesso de informações na internet, imprensa, rádio, TV, continuando a produzir esta estafa.

Mas convém ter presente que o autor afirma, no mesmo artigo: “Pode-se dizer que em muitas guerras ou tensões internacionais, ganhou quem, até o fim, não se deixou penetrar por esse amolecimento fatal”.

Sejamos um destes. Sacudamos o torpor. O momento presente no-lo pede. Nossa Senhora nos ajudará.
____________ 

(*)  Léo Daniele é colaborar da ABIM

sábado, 17 de setembro de 2011

Tradição conduz novamente o Colégio de São Bento (RJ) ao topo do Enem

Nilo Fujimoto (*) 

Não é novidade. O primeiro no ranking do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pela quarta vez em 6 anos do ENEM é o Colégio de São Bento, no Rio de Janeiro*.

Com 153 anos de existência, sempre sob a mesma orientação de princípios no ensino, a instituição vem mantendo a tradição admitindo apenas meninos em seus cursos. Certamente por entender que a desigualdade deve ser respeitada, meninos e meninas têm capacidades, interesses e aptidões diferentes.

Essa distinção possibilita a criação de um ambiente em que os homens podem desenvolver suas qualidades como confirma o ex-aluno Henrique Rondinelli, agora destacado aluno do curso de Direto da UFRJ: “Tínhamos mais liberdade para brincadeiras de garotos, o que fazia com que a gente se sentisse muito bem, inclusive com professores e funcionários. Acho que se entrar menina, esse encanto se quebra.”

A disciplina e a cobrança do cumprimento do regulamento interno é um dos elementos indispensáveis para a formação vitoriosa: nove aulas por dia, das 7h30 às 17h30 de segunda a sexta, e provas em todos os sábados. Somando-se a matérias comuns a todas as escolas, o Colégio de São Bento oferece aulas de conteúdo cultural, como história da arte, apreciação musical, cultura clássica e até mesmo teologia.

Pois, então, é o respeito às desigualdades entre os sexos – suas aptidões, qualidades e dinamismos –, a observação do equilíbrio na aplicação da disciplina e das cobranças e o primoroso conteúdo de matérias – inclusive religioso – que constituem os elementos para a boa educação e sucesso da instituição. (*) Cfr.: G1, 12/9/2011, “Colégio de São Bento, no Rio, volta ao topo do ranking do Enem no país”
__________ 
(*)  Nilo Fujimoto é colaborar da ABIM

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Stalinismo: fossa comum com os restos de 495 pessoas


Hélio Dias Viana (*) 

Quando será estabelecida uma Nurenberg para julgar os casos das vítimas do comunismo? – Eis uma nova e estarrecedora descoberta.

Stalinismo: fossa comum com os restos de 495 pessoas
Giovanni Bensi, “Avvenire”, 17 julho de 2010 MOSCOU 

Os ossos descobertos na periferia de Vladivostok, no Pacífico sul, pertencem a centenas de vítimas do terror staliniano, mortos pela NKVD, a polícia política “precursora” da KGB. As autoridades locais o confirmaram com base nos resultados reunidos pelos especialistas de medicina legal.

A macabra descoberta ocorreu no corrente mês, mas sua confirmação só chegou agora: trata-se de esqueletos de nada menos 495 pessoas, a maioria com sinais de disparo na nuca, e de umas 3,5 toneladas de outros ossos, trazidos à luz numa fossa comum por operários empenhados em trabalhos na estrada.

O prefeito de Vladivostok emitiu um comunicado, no qual afirma que “a hipótese de que os restos pertencem a vítimas da repressão está confirmada”. As vítimas, segunda conclusão da perícia, foram mortas presumivelmente durante o “grande terror” dos anos 30 do século passado, quando milhões de cidadãos soviéticos foram fuzilados ou eliminados nos campos de trabalhos forçados siberanianos do Gulag, do qual Vladivostok era um centro de desova. Agora os restos serão sepultados num memorial.
__________ 
(*)  Hélio Dias Viana é colaborar da ABIM

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Fará a Turquia justiça aos cristãos?


Heitor Abdalla Buchaul (*)

Em discurso após a nova vitória do AKP (Partido pela Justiça e Desenvolvimento) nas eleições legislativas de 12 de junho, o primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan (foto) prometeu trabalhar por todos os cidadãos do país, de todas as religiões e estilos de vida. O governo Erdogan aprovou um decreto-lei para restituir às minorias cristã e judaica as propriedades confiscadas desde 1936. Mas o que realmente está por trás dessa iniciativa?

Devemos salientar, antes de tudo, que os católicos latinos não estão abrangidos pelo decreto-lei acima citado.

A Federação Armênia pela Justiça e Democracia comenta a decisão do governo Turco: “Não nos enganemos: se a Turquia quer devolver os bens outrora pertencentes às minorias, não é por um desejo brusco de Justiça, mas por uma injunção da Corte Europeia de Direitos Humanos e a pedido do Congresso americano [...]. Continuam em vigor as leis promulgadas por Ataturk [presidente turco que criou a Turquia moderna] logo depois do genocídio armênio, impedindo os refugiados armênios oriundos da Turquia de retornarem às suas cidades ou aldeias natais“. 

A lei de 20 de abril de 1922 prevê o confisco na Cilícia de todos os bens pertencentes às pessoas que deixaram a região.
A lei de 25 de abril de 1923 estende o confisco a todos os armênios, quaisquer que fossem os motivos ou a data de sua saída do país.
A lei de setembro de 1923 proíbe em seu artigo 2o. o retorno dos armênios à Cilícia e a todas as províncias do oriente (Armênia Ocidental).
A lei de 23 de maio de 1927 exclui da nacionalidade turca todos aqueles que durante a guerra de independência não tomaram parte ou ficaram no estrangeiro entre 24 de julho de 1923 (Tratado de Lausanne) e a data da promulgação desta lei.

Se tais leis criminosas juntarmos as obrigações da Turquia em relação às minorias cristãs, frequentemente não respeitadas, fica claro que o gesto de Erdogan não é mais que uma gota d’água num oceano de reparações devidas ao povo armênio. Das 2000 igrejas da Comunidade Armênia até 1915, restam menos de 40 em atividade.
Algumas vítimas do Genocídio Armênio
(1915-1916)

O presidente da ANCA (Comitê Nacional Armênio da América) declara: “Menos de 1% das igrejas e das propriedades da Igreja confiscadas durante o genocídio armênio e as dezenas que se seguiram serão restituídas [...]. A ANCA vai garantir junto às instituições americanas que o governo turco se reconcilie efetivamente com seu passado brutal, respeitando a liberdade das comunidades cristãs sobreviventes e restituindo o fruto de seus crimes”. 

Podemos concluir que com essas medidas o governo turco quis demonstrar que é “moderno”, “democrático” e está em condições de entrar na União Européia. Mas um passado não muito distante mostra o contrário: em 1998, o mesmo Erdogan recebeu uma condenação por incitação ao ódio, quando em um discurso seu mencionou o seguinte trecho de um poema turco: “Os minaretes serão nossas baionetas, as cúpulas nossos capacetes, as mesquitas são os nossos quartéis, os crentes os nossos soldados". 

Será possível uma mudança tão radical? O futuro dirá.
_______________
(*) Heitor Abdalla Buchaul é colaborar da ABIM

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Fazem falta verdadeiras elites



Leo Daniele (*)

Poucas coisas existem simples como a desigualdade. Poucas complicadas, torcidas e equivocadas, como o igualitarismo.

Neste mundo sem dogmas e sem religião, o igualitarismo é uma espécie de “dogma”. Para os igualitários, as desigualdades são como as doenças: não se consegue evitá-las completamente, mas é preciso afastá-las o quanto for possível.

Verdadeiro ou falso? Falso! Como se lê no livro Nobreza e Elites Tradicionais análogas, de Plinio Corrêa de Oliveira (ao lado foto da capa) . E inclusive a sabedoria imemorial de todos os povos rejeita essa concepção igualitária.

A falta de espaço impede uma explanação metódica e completa sobre o tema das desigualdades, como a faria o ilustre autor, considerado “o teólogo das desigualdades sociais”. Ouçamos, entretanto, em breves sentenças o eco da sabedoria dos povos e dos milênios, sobre esse asssunto.

  • O velho Eurípedes afirmava que a igualdade não tem outra existência que a de seu nome.
  • Plutarco observava que a distância de animal a animal de espécies diversas não é tão grande quanto a que vai de homem a homem.
  • Constatam os árabes que até os cinco dedos da mão não são iguais.
  • Os alemães, de seu lado, recomendam a quem procura a igualdade, que vá ao cemitério.
  • Dizem os indianos: “Entre os homens, uns são jóias, outros pedregulhos”.
  • Com espírito, acrescentam os turcos: “Os cisnes pertencem à mesma família que os patos, só que eles são cisnes”.
  • Os gregos sentenciam: “Se o sol não existisse, seria noite apesar da presença de todas as estrelas”.
  • Vauvenargues remata: “A natureza nada fez de igual; sua lei soberana é a submissão e a dependência”.

E cada leitor pode acrescentar suas observações, pois até duas gotas de água da chuva que caem numa vidraça são desiguais. Se isso é assim, é porque Deus quis que assim fosse. Vamos, então, para as alturas! “Sede perfeitos, como vosso Pai celeste é perfeito”, ensinava Nosso Senhor Jesus Cristo.

O que concluir? Deus é o autor de todas as desigualdades e, respeitada a igualdade fundamental proveniente do fato de todos os homens terem a mesma natureza e os mesmos direitos fundamentais, devemos amar as desigualdades acidentais entre eles, se queremos amar a Deus.

Bem… se isto for visto assim por muitos, será natural a formação de numerosas elites. Sim, de verdadeiras elites. De elites tradicionais. De elites autênticas. De cuja ausência, hoje tanto se ressente a sociedade brasileira.
____________ 
(*)  Léo Daniele é colaborar da ABIM

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Rússia e China aliam-se contra escudo americano

A Rússia, quatro repúblicas da ex-URSS e a China assinaram acordo em Astana, capital do Cazaquistão, contra o projeto defensivo americano de antimísseis, que deveria ser instalado na Europa. Na ocasião, o presidente russo, Dmitri Medvedev [na foto com Hu Jintao], ameaçou ressuscitar a corrida armamentista como ocorreu durante a Guerra Fria. Na verdade, a Rússia teme que o escudo antimíssil americano, oficialmente voltado contra a ameaça iraniana, neutralize os foguetes atômicos russos e impossibilite Moscou de lançar uma cartada decisiva contra o Ocidente num futuro — mas não tão improvável — conflito. E Pequim apressou-se a apoiar o Kremlin, como na trágica época de Stalin, Brejenev e Mao Tsé-tung.
___________
Agência Boa Imprensa

“Cérebro de pipoca” — Internet estimula distúrbio mental

Segundo Gilberto Dimenstein, do Conselho editorial da “Folha de S. Paulo”, “começa a se disseminar entre psicólogos americanos a expressão ‘cérebro de pipoca’ para designar um distúrbio estimulado pela internet”. Um psicólogo da famosa Universidade de Stanford, um dos berços da revolução digital, constatou que muitos jovens que usam excessivamente a Internet se tornaram incapazes de interpretar o significado de expressões faciais de homens e mulheres, revelando uma espécie de analfabetismo emocional e dificuldades graves de relacionamento. É como se as pessoas tivessem dentro da cabeça a agitação do milho explodindo no óleo quente, resumiu Dimenstein.
___________
Agência Boa Imprensa

Crescente interesse pela cidade dos cruzados

Em Acre — cidade da Galiléia (Palestina) de 50 mil habitantes — a prefeitura vai abrir ao público um bairro inteiro da Idade Média, tempo em que a cidade era a porta de entrada dos cruzados que iam libertar ou proteger Jerusalém. Muitos turistas vêm sendo atraídos pelas construções medievais já conhecidas, como a fortaleza dos cavaleiros hospitalários, com salões e pilares suntuosos, calabouços e um túnel que comunica a fortaleza com a cidadela dos templários. A prefeitura de Acre julga muito vantajoso atrair mais visitantes interessados pelo passado medieval das cruzadas.
___________
Agência Boa Imprensa

sábado, 13 de agosto de 2011

Netas de Deus (final)


Pe. David Francisquini

Ninguém de nós duvida da promessa feita por Nosso Senhor, de que permaneceria com a Igreja até a consumação dos séculos e que as portas do inferno não prevaleceriam contra Ela. Com efeito, a assistência do Espírito Santo se difunde em todos os campos da vida da Igreja, que é o próprio Corpo Místico de Cristo.

Como nos ensina Plinio Corrêa de Oliveira, “em suas instituições, em sua universalidade, em sua insuperável catolicidade, a Igreja é um verdadeiro espelho no qual se reflete nosso Divino Salvador”.


Também na sua exterioridade — na arquitetura, na escultura, na pintura, na música, etc. — a Igreja deve refletir as perfeições de seu divino Fundador, impregnando com elas as almas dos fiéis. É por isso que as boas obras de arte são uma expressão da Verdade, do Bem e do Belo, cujo absoluto é Deus, e que as obras de arte extravagantes são o contrário disso...

Assunção de Nossa Senhora
aos Céus (do pintor espanhol
Joan de Joanes, séc. XVI)
São ainda expressões de Deus — ou suas “netas”, porque “filhas” dos homens — o som do órgão ou do canto gregoriano, a pintura sacra retratando passagens bíblicas, tudo em harmonia perfeita para nos fazer crescer no amor do Criador e nos preparar para a vida eterna, quando contemplaremos Deus face a face.

Portanto, negar as imagens é negar essa ação e a própria atuação do Espírito Santo. Ele conduz a Igreja a cumprir sua missão aqui na Terra. Ademais, elas servem também para assinalar a diferença entre a verdadeira Igreja de Jesus Cristo e as seitas protestantes. Não se trata de idolatria, mas de expressão visível do ensinamento do Divino Espírito Santo.

Romper com isso corresponde romper com a Igreja, uma, santa, católica, apostólica, romana. Por isso, São João Damasceno [pintura abaixo], polemista de renome e de grande cultura teológica, afirma que no Antigo Testamento Deus nunca fora representado em imagens, porque era incorpóreo e sem rosto.

Contudo — continua o santo oriental —, tendo Deus se encarnado e habitado entre nós, não só podemos, mas devemos representar aquilo que é visível em Deus. Fazendo-o não veneramos a matéria, mas o Criador da matéria. Na verdade, Ele se fez matéria por nossa causa e se dignou habitar na matéria e realizar nossa salvação através da matéria.

São palavras de São João Damasceno: “Não cessarei de venerar a matéria através da qual chegou a minha salvação. Não a venero de modo algum como Deus! Como poderia ser Deus aquilo que recebeu a existência a partir do não-ser? [...] Mas venero e respeito também a matéria que me propiciou a salvação, enquanto plena de energias e de graças santas”. (São João Damasceno, Contra imaginum calumniatores, I, 16, Ed. Kotter, pp. 89-90).

Não é por acaso matéria o madeiro da Cruz três vezes santa? E a tinta e o livro santíssimo dos Evangelhos não são igualmente matéria? E o altar da salvação que nos dispensa o pão de vida não é matéria? Não é verdade que a carne e o sangue do Nosso Senhor Jesus Cristo são da mesma forma matérias?

Portanto, não ofenda a matéria. Ela não é desprezível, porque nada do que Deus fez é desprezível.