Hoje existem mais libaneses e descendentes no Brasil (cerca de sete milhões) do que no próprio Líbano (com quatro milhões de habitantes).

Em consequência de tantas perseguições — acentuadas após a época das cruzadas, durante a qual os maronitas libaneses combateram bravamente ao lado dos francos, servindo-lhes muitas vezes como guias —, procuraram habitar lugares isolados e de difícil acesso no famoso Monte Líbano. Lá se situa o belo Vale de Qadisha (ou Vale Santo) [foto no alto]. “É ali que os chefes da Igreja maronita viveram, durante mais de dois séculos, continuando a manter, à sombra do seu claustro, a chama da fé e a lembrança dos francos, seus irmãos do Ocidente”, — afirmou Mons. Dib, bispo maronita do Cairo.
Este vale abre-se como uma larga fenda, de mil metros de profundidade, onde corre o Rio Kadicha (“rio santo”). Sobre as paredes verticais estão alojadas 800 grutas, dificilmente acessíveis, onde viviam piedosos eremitas.

Essa história nos move a uma reflexão: Os maronitas, descendentes dos fenícios — que na Antiguidade reinavam sobre os mares — após se converterem ao cristianismo desfrutaram poucos momentos de paz. E pior, são perseguidos pelo modo de vida que adotam, pela ortodoxia que seguem, pela fidelidade a Sé de Pedro. Contudo, a providência Divina não os abandona. São obrigados a deixar seu mítico litoral e naquelas belas montanhas encontram um vale, onde praticamente isolados do mundo, como que aguardam placidamente o dia de sua libertação. Vale santo, solidão oriental, cedros milenares, rios cobertos de espuma, uma espécie de Terra Prometida, onde guardam o tesouro mais importante: uma fé inabalável e uma fidelidade integral à Religião católica.
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(*) Heitor Abdalla Buchaul é colaborar da ABIM