quarta-feira, 27 de março de 2013

Nem a natureza ficou insensível

No Sepulcro vazio, o anjo avisa às santas mulheres que Cristo Ressuscitou.
Obra de Fra Angélico (1387 - 1455)

·        Pe. David Francisquini (*)
Enquanto ainda não desponta para nós, o sol, que nunca deixa de iluminar a Terra, se vela em outros confins. As trevas da noite que cobrem a pessoa adorável de Nosso Senhor Jesus Cristo e de seus discípulos estão prestes a se dissipar. A Páscoa se aproxima.

Ao contemplar e refletir sobre tão sublime mistério da Ressurreição, podemos imaginar a noite escura que de repente passa a brilhar com toda intensidade, para simbolizar o maior milagre da divindade de Cristo: o Filho de Deus que se encarnou, padeceu e morreu, agora ressuscita, após vencer a morte, o demônio e o pecado.

Com a Ressurreição, um novo dia raia para a humanidade. Inicia-se para os apóstolos e os discípulos o período da evangelização, que redundaria séculos mais tarde na civilização cristã: “Ide por toda parte e pregai o Evangelho. Aquele que crer e for batizado será salvo, o que não crer será condenado. Eis que estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos”.

Os Santos Evangelhos narram que pelo fim da noite de sábado saíra Maria Madalena em companhia de outra Maria para visitar o sepulcro, e eis que se deu um grande terremoto. O Anjo do Senhor desceu do Céu e, chegando ao túmulo, afastou a pedra e sentou-se em cima dela. Seu aspecto era como o de um relâmpago, e sua veste, branca como a neve.

O grande terremoto que se desencadeara com um estrondo à semelhança de canhão homenageava e anunciava o grande Rei que ressurgiu dos mortos. Diante do que presenciavam, os guardas se sentiram aterrados, e o anjo disse às mulheres: “Não vos amedronteis: sei que procurais a Jesus que foi crucificado. Não está aqui, pois ressuscitou como havia dito. Vinde e vede o lugar onde fora deitado o Senhor". (Mat. 28, 1-7).

O Criador de todas as coisas não jaz mais na sepultura. Diante do esplendor do arauto celeste, a natureza estremeceu. E os inimigos de Cristo, que rondavam em torno do Sepulcro, ficaram apavorados, desmaiando uns e fugindo outros.

Segundo São Beda, do princípio do mundo até aquele momento em que Cristo ressuscitou, o dia começava a ser contado na véspera. Isto era para indicar que os homens passaram do dia para a noite, pois, com o pecado original, a luz do paraíso terrestre havia desaparecido.

Com a Ressurreição, o mundo  envolto até então nas trevas do pecado e na sombra da morte  retornou à luz da vida e começou a brilhar com intensidade, pois as trevas do paganismo tinham acabado de ser vencidas pelo grande Redentor.

Desaparece assim o sábado, passando Cristo a iluminar o mundo com o novo dia do Senhor, enquanto a sua Igreja resplandece para substituir a obscurecida sinagoga, isto é, o Antigo Testamento. A aliança de Deus com os homens estava restabelecida.
Quando Jesus Cristo expirou na Cruz, a natureza não ficou insensível nem indiferente, pelo contrário, convulsionou-se. O mesmo se deu no momento de sua gloriosa Ressurreição. Ficou assim assinalado que a natureza divina e humana de Cristo manifestou extraordinário exemplo de grandeza, poder e humildade.

O poder da Ressurreição vence a morte, espanta as trevas e suplanta o poder de satanás. O terremoto indica que os corações dos homens se comovem pela fé na paixão e morte do Salvador e nos incita a fazer penitência pelos nossos pecados, a fim de nos enchermos de um santo e salutar pavor, que é o início da sabedoria.

Ao ressuscitar, Cristo e Senhor Nosso destrói o véu da morte que O envolvia, fazendo com que o Céu e a Terra se voltem a relacionar. O Anjo do Senhor manifesta o brilho da claridade, da clarividência e da felicidade, pois Cristo Salvador ressuscitou dos mortos.

Ao ver o anjo descer do Céu, retirar a grande pedra que estava à entrada da sepultura e sentar-se em cima dela, os inimigos do Salvador estremeceram de pavor e medo. Como será então quando Ele voltar à Terra para julgar os vivos e os mortos? Os elementos da natureza seguramente não ficarão insensíveis...
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(*) Sacerdote da igreja do Imaculado Coração de Maria, Cardoso Moreira - RJ

Um comentário:

josemary cassou olsen disse...

Para mim, estamos vivendo um momento muito importante da humanidade.
As vezes penso,estar vivendo no tempo em que os pretensos queriam chegar ao céu,pois as vezes também falamos a mesma lingua e não nos entendemos; não escutam. Sinto que estamos em pleno momento de separar o joio do trigo.