terça-feira, 1 de outubro de 2013

A verdadeira santidade é a força de alma e não moleza sentimental

Fotografia de Santa Teresinha, em julho de 1896 [foto feita pela Irmã Genoveva]

Plinio Corrêa de Oliveira 

A santificação implica o maior dos heroísmos, pois supõe não só a resolução firme e séria de, se preciso for, sacrificar a vida para conservar a fidelidade a Jesus Cristo, mas ainda de viver na Terra uma existência prolongada, se tal aprouver a Deus, renunciando a todo momento ao que se tem de mais caro, para se apegar tão-somente à vontade divina.

Certa iconografia, infelizmente muito em uso, apresenta os Santos sob aspecto bem diverso: criaturas moles, sentimentais, sem personalidade nem força de caráter, incapazes de ideias sérias, sólidas, coerentes, almas levadas apenas por suas emoções, e, pois, totalmente inadequadas para as grandes lutas que a vida terrena traz sempre consigo.
Imagem com fisionomia deformada de Santa Teresinha,
contrasta com a verdadeira fisionomia da foto abaixo
A figura de Santa Teresinha do Menino Jesus foi especialmente deformada pela má iconografia [foto acima]. Rosas, sorrisos, sentimentalismo inconsistente, vida suave, despreocupada, ossos de açúcar-candi e sangue de mel, eis a ideia que nos dão da grande, da incomparável santinha.

Como tudo isso difere do espírito vasto e profundo como o firmamento, rutilante e ardente como o sol, e entretanto tão humilde, tão filial, com que se toma contato quando se lê a Histoire d’une Âme [ou Manuscritos Autobiográficos]. [foto abaixo]
Autêntica fisionomia de Santa Teresinha, alguns meses antes de seu falecimento
[foto feita em junho de 1897]
Estas duas fotografias apresentam por assim dizer duas “Teresinhas” diversas e até opostas uma à outra. A primeira nada tem de heroico, é a Teresinha insignificante, superficial, almiscarada, da iconografia romântica e sentimental. A segunda é a Teresinha autêntica, fotografada em 7 de junho de 1897, pouco antes de sua morte, que ocorreu em 30 de setembro do mesmo ano. A fisionomia está marcada pela paz profunda das grandes e irrevogáveis renúncias. Os traços têm uma nitidez, uma força, uma harmonia que só as almas de uma lógica de ferro possuem. O olhar fala de dores tremendas, experimentadas no que a alma tem de mais recôndito, mas ao mesmo tempo deixa ver o fogo, o alento de um coração heroico, resolvido a ir adiante custe o que custar.

Contemplando esta fisionomia forte e profunda, como só a graça de Deus pode tornar a alma humana, pensa-se em outra Face: a do Santo Sudário de Turim, que nenhum homem poderia imaginar, e talvez nenhum ouse descrever. Entre a Face do Senhor Morto, que é de uma paz, uma força, uma profundidade e uma dor que as palavras humanas não conseguem exprimir, e a face de Santa Teresinha, há uma semelhança imponderável, mas imensamente real.

E o que há de estranhável em que a Santa Face tenha impresso algo de Si no rosto e na alma daquela que em religião se chamou precisamente Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face?
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Plinio Corrêa de Oliveira, Catolicismo, excertos de Ambientes, Costumes, Civilizações, Nº 30, junho/1953.

Um comentário:

Luiza Jardim - Análise Quântica disse...

Só um detalhe, Teresa de Lisieux morreu em 1897 e não em 1997.